Feira de Frankfurt: empresas brasileiras compartilham experiências positivas
PublishNews, Guilherme Sobota, 20/10/2025
Estande brasileiro, organizado pelo Brazilian Publishers (CBL e Apex-Brasil) com apoio do CreativeSP, recebeu diferentes tipos de iniciativas editoriais e atraiu visitantes do mundo inteiro

Caipirinha hour: evento de networking produzido pelo Brazilian Publishers e CreativeSP; Igor Miranda, publisher da Pinard, em Frankfurt | © PublishNews
Caipirinha hour: evento de networking produzido pelo Brazilian Publishers e CreativeSP; Igor Miranda, publisher da Pinard, em Frankfurt | © PublishNews
FRANKFURT – A Feira do Livro de Frankfurt terminou neste domingo (19) registrando um crescimento tanto nas visitas profissionais quanto na abertura ao público – empresas brasileiras também relatam resultados positivos da experiência europeia neste ano. O estande brasileiro, organizado pelo Brazilian Publishers (CBL e Apex-Brasil), com apoio do CreativeSP, recebeu diferentes tipos de iniciativas editorais e atraiu visitantes do mundo todo.

De acordo com Lucas Sizervinsk, consultor da InvestSP (Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, ligada ao governo do estado), a ideia da missão é levar empresas de diferentes maturidades e segmentos, diversificando as possibilidades de investimento estrangeiro no estado. “As ações do CreativeSP – programa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado e da InvestSP – têm como objetivo impulsionar a economia criativa do estado de São Paulo para o mundo. E a Feira do Livro de Frankfurt faz parte dessa estratégia. Apoiamos empresas de diversas maturidades, editoras de diferentes segmentos, pois entendemos que as portas para a internacionalização devem se abrir para todos”, explica.

Uma das empresas apoiadas pelo CreativeSP nesta edição foi o Grupo Editorial Aleph. De acordo com a publisher Luara França, a Aleph está em um “momento super empolgante, de consolidação e expansão”. Além dos livros de cultura pop e ficção científica (clássica e contemporânea), os selo Goya (não-ficção e autoconhecimento) e Glida (infantil) também registram novos desenvolvimentos. “A presença em Frankfurt é crucial porque ela coloca o nosso catálogo sob os holofotes do mundo. Tendo um catálogo tão diverso, é importante aproveitar o momento da Feira para conversar e explicar aos agentes nossos planos e projetos”, explica.

Para ela, Frankfurt é uma maratona, mas vale cada minuto. “O melhor de tudo é o networking que a gente consegue fazer. A Feira não é só para folhear catálogos e descobrir a próxima tendência (embora isso seja maravilhoso), é, principalmente, para olhar nos olhos dos agentes literários, editores dos EUA, da Europa, do Japão, da Coreia, de Taiwan... A gente estreita laços, entende o que eles estão buscando, conversa, descobre coisas em comum. Volto com a certeza de que as conexões que formamos e fortalecemos aqui são o nosso maior ganho”, comenta.

A Pinard é outra editora paulistana que está em expansão. Depois de começar em 2020 lançando três livros no ano, em 2026 a editora vai chegar perto de 20 livros por ano. “A vinda para a Feira foi essencial para darmos esse passo das aquisições. Apesar de eu ter algumas coisas em mente antes de chegar, o encontro pessoal permitiu que os agentes me mostrassem coisas e vice-versa, isso foi bem importante”, diz o publisher da editora, Igor Miranda.

Ele conta que tinha dois objetivos antes de chegar, e durante a visita consolidou mais um. O primeiro era estabelecer relacionamento pessoal com os agentes literários, principalmente com as agências das quais ele já comprava direitos, como de Barcelona. O segundo ponto era a compra de fato dos direitos, e ele relata que conseguiu avançar com vários deles. “O terceiro eu acho que veio com toda a questão da InvestSP: o relacionamento com o mercado editorial brasileiro. A gente tinha bastante gente diferente no grupo do estande. Tive boas conversas, isso foi bem importante.”

Para a empresa produtora de audiodramas e audiolivros Primavox, a visita à Feira foi uma oportunidade de verificar as últimas tendências do mercado de áudio – maduro na Europa e nos EUA, ainda em desenvolvimento no Brasil. Após 12 anos trabalhando no mercado editorial, o fundador e CEO Vítor Loscalzo esteve pela primeira vez em Frankfurt neste ano – sua empresa já está em atividades, produzindo material original e também para outras editoras, há três anos. “Explorar modelos de negócio, produção e distribuição foi uma das minhas principais atividades aqui. Consegui conversar com Ama Dodson, embaixadora de áudio da Feira, que trabalha em Gana, bem como com representantes da Yoto (empresa britânica que produz um mini player para produtos de áudio) e da Audio Publishers Association (APA, associação dos EUA)”, conta. “Já estava no radar uma visita a Frankfurt, mas o edital da InvestSP foi determinante para tomar a decisão. É visível a diferença entre vir sozinho e vir acompanhado por outras pessoas do mercado.”

Para Luara França, da Aleph, o mercado internacional esteve este ano mais atento às narrativas de nicho e com uma tentativa de sair do já conhecido. “O interesse por títulos que fogem do eixo tradicional (Europa-EUA), incluindo o Brasil, parece ter crescido. A questão da sustentabilidade e das novas tecnologias (como IA no processo editorial) também estava super em pauta, mais presente do que antes”, compartilha. Ela ainda não pode anunciar negócios fechados na Feira, mas informa que teve reuniões “muito produtivas” com agentes do Japão e da Coreia, que demonstraram interesse em estreitar laços e conversas.

Um dos nomes fechados pela Pinard, especializada em literatura latino-americana, é o do salvadorenho Horacio Castellanos Moya, que vai chegar com um livro inédito no Brasil ano que vem. Para Igor Miranda, o apoio do programa do governo foi fundamental. “Além da questão financeira, claro, para uma editora independente como a gente, é um dinheiro que faz muita diferença, mas também vir com essa infraestrutura do estande, poder ter os livros ali, um lugar de encontro onde alguns editores de fora vinham e podiam falar com a gente, isso foi bem importante. No grupo brasileiro mesmo, tive acesso a especialista em venda para governo, falei também com pessoas que já estão acostumadas a fazer venda de direito internacional. Tudo isso com certeza expandiu os horizontes da minha experiência pela primeira vez em Frankfurt”, comenta. Ele conta que já está com a viagem para a Feira do Livro de Buenos Aires planejada em abril, e mira voltar a Frankfurt e ir a Guadalara. “Com essa aceleração da Pinard, também aumenta nosso apetite por títulos, o que faz que seja mais importante ainda que a gente esteja nos lugares, conversando com os editores e tudo mais.”

Além das empresas citadas acima, também fizeram parte da missão do CreativeSP Bennu Editora, Companhia Editora Nacional, Lume Livros, Editora Rua do Sabão, TAG Experiências Literárias, Taverna do Rei e Ubu Editora.

Ações do governo do Estado para o livro

Quem também esteve presente na Feira foi a diretora de Difusão, Livro e Leitura, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas de São Paulo, Jenipher Queiroz. “A Feira do Livro de Frankfurt é uma oportunidade para estimular novos negócios, desde trazer novos títulos que possam vender bem no nosso mercado, até exportar títulos para serem traduzidos lá fora”, diz. “Tudo isso impacta positivamente o setor.”

Dentro do eixo literário, entre as principais ações da Diretoria, está a coordenação do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas (SisEB), gerenciado pela SP Leituras, além das diretrizes de gestão da Biblioteca de São Paulo (BSP), da Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL) e da plataforma digital BibliON. A divisão também é responsável pelo Prêmio São Paulo de Literatura e apoia a elaboração dos editais do setor.

“Com a recente reestruturação da Secretaria, a Diretoria consolidou a organização interna do departamento, o que permitirá acompanhar de forma mais próxima tanto a execução dos Contratos de Gestão quanto às tendências, necessidades e estudos das áreas a eles vinculadas”, explica a diretora. “O foco daqui para frente é fortalecer esse monitoramento, ampliando a integração com os gestores parceiros e garantindo que as ações estejam alinhadas às políticas públicas culturais do Estado.”

*O jornalista viajou com o apoio do CreativeSP, programa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e da InvestSP, agência de promoção de investimentos vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

[20/10/2025 11:51:30]