
A Festa deste ano – como era esperado – chamou atenção pelo caráter político, especialmente com a presença de Marina Silva e Ilan Pappe no final de semana, mas as mesas literárias também repercutiram bem. Rosa Montero, Sandro Veronesi e Neige Sinno viram repercussões positivas de suas falas na imprensa e entre o público, e a presença da poesia também foi destacada nos espaços principais da edição. Segundo apuração do PublishNews, o anúncio de Leminski como homenageado desta edição, feito em março, não teve impacto significativo nas vendas dos seus livros entre o anúncio e a realização da Festa – em Paraty, porém, o autor ficou no pódio dos autores mais vendidos com suas diferentes edições à venda.
Segundo a cobertura da Folha, "o evento assumiu posição, fazendo de si próprio uma declaração de princípios". Para O Globo, nesta edição "renovou-se a tradição de transformar escritores em pop stars". O Estadão avaliou que esta Flip trouxe uma sensação de recuperação após as mudanças no calendário causadas pela pandemia.
Em 2026, a Festa vai continuar neste período mais tradicional, e, diferente do que ocorreu ano passado, a organização ainda não confirmou se a curadoria deve continuar com a editora Ana Lima Cecilio. Mesmo com a aprovação em 2024 de um plano plurianual de captação na Lei de Incentivo à Cultura, o diretor artístico da Associação Casa Azul, Mauro Munhoz, disse que houve dificuldades de captação neste ano. Foram aprovados na Lei Rouanet R$ 15 milhões, e a Flip captou R$ 9 milhões – com outros R$ 2,8 milhões de outras captações, o custo da Festa este ano ficou em R$ 11,8 milhões.

Veja a Lista de Mais Vendidos da Livraria da Flip 2025 (atualizada com os dados do domingo, dia 3):
- Educação da tristeza (Biblioteca Azul), Valter Hugo Mae
- O filho de mil homens (Biblioteca Azul), Valter Hugo Mae
- O perigo de estar lúcida (Todavia), Rosa Montero
- Triste tigre (Amarcord), Neige Sinno
- A louca da casa (Todavia), Rosa Montero
- O colibri (Autêntica Contemporânea), Sandro Veronesi
- Brevíssima história do conflito Israel-Palestina (Elefante), Ilan Pappé
- Toda poesia: Paulo Leminski (Companhia das Letras), Paulo Leminski
- A ridícula ideia de nunca mais te ver (Todavia), Rosa Montero
- Latim em pó: um passeio pela formação do nosso português (Companhia das Letras), Caetano W. Galindo
- A maior prisão do mundo: uma história dos territórios ocupados por Israel na Palestina (Elefante), Ilan Pappé
- De pé, tá pago (Ercolano), Gauz
- Jacarandá (Editora 34), Gaël Faye
- Cadelas de aluguel (DBA), Dahlia de la Cerda
- Cometerra (Moinhos), Dolores Reyes
- Batida só (Todavia), Giovana Madalosso
- Análise (Zahar), Vera Iaconelli
- Noite devorada (Círculo de Poemas), Mar Becker
- Na ponta da língua (Companhia das Letras), Caetano W. Galindo
- O quarto do bebê (Bazar do Tempo), Anabela Mota Ribeiro
Casa PublishNews
A Casa PublishNews recebeu mais de 100 convidados em 28 painéis para falar sobre assuntos como formação de leitores, políticas públicas do livro, tecnologia na indústria editorial, livros mais vendidos, feiras e eventos literários, ESG, literatura, podcasts e neurociências – entre outros temas.
Nomes importantes do mercado editorial como Marifé Boix-García, Bruno Zolotar, Daniela Kfuri, André Palme, Marcelo Gioia, Daniel Lameira, Júlio Cruz, Rodrigo Meinberg, Flavio Moura, Haroldo Ceravolo Sereza, Ricardo Costa, Mariana Figueiredo e Rita Palmeira participaram da programação. Figuras envolvidas com as políticas públicas, como Fabiano Piúba, Jeferson Assumção e Dani Balbi também marcaram presença. Diversos autores e autoras, como Alice Ruiz, Monique Malcher, Fabrício Corsaletti, Lilia Guerra, Tiago Rogero, Aline Midlej, Leandro Teles, Daniel Kondo, Estevão Ribeiro – e outros – participaram dos painéis ao longo dos quatro dias.
Uma das novidades deste ano é que os nomes dos finalistas do Prêmio Jovens Talentos da Indústria do Livro 2025 foram anunciados no dia 30 de julho, durante a programação da Casa, com a presença de Marifé Boix-Garcia, vice-presidente da Feira de Frankfurt para a América Latina e Sul da Europa. Foram 39 inscrições e os cinco selecionados são: Amanda Ramalho, Claudia Machado, Gianni Gianni, Tatiany Leite e Vinícius Barreto. Clique aqui para ler mais.
A Casa PublishNews é parceira oficial da Flip. O PublishNews também é parceiro de mídia da Flip.
A Casa PublishNews 2025 teve patrocínio Master de CBL, MVB e Transpo Express. Patrocínio: Abrelivros, Alta Books, Antroposófica, Bookwire, Disal, Gráfica Viena, Labrador, Skeelo, S2 Consultoria e UmLivro; apoio: Edições Sesc e SNEL; oferecimento de Happy Hours: MVB, Disal, CBL e Skeelo.
A 23ª Flip
A 23ª Flip começou na quarta-feira (30) com o músico e poeta Arnaldo Antunes fazendo uma homenagem a Leminski, contando histórias e lendo trechos de suas obras. “Leminski era, de certa forma, um elo entre a cultura e a contracultura. Ou, como ele expressa no título de um de seus livros, Caprichos & relaxos, era ao mesmo tempo erudito e popular, fácil e difícil, caprichado e relaxado. Leminski de certa forma era a peça do quebra-cabeça que faz esse encaixe”, comentou o artista diante de um Auditório lotado.
Na margem esquerda do Rio Perequê-açu, a Praça Aberta promoveu um encontro entre mais de 140 autores, coletivos editoriais e editoras independentes com coletivos locais de Paraty e da Costa Verde.

A mesa “Palavras: vida e obra” foi uma apresentação performática realizada pelo ator e escritor Gregorio Duvivier. Um passeio bem-humorado e poético pelas palavras da nossa língua, a mesa tratou de seus usos, histórias e possibilidades. “Por mais que os linguistas digam o contrário, os poetas sabem muito bem: as palavras e as coisas têm uma relação simbiótica. O nome está intimamente ligado à coisa”, comentou entre as palavras no retroprojetor. “Os apaixonados estão cansados de saber: amar alguém é amar um nome”, completou.
O conflito entre Israel e Palestina foi analisado na mesa “Breve história do longo conflito” por Ilan Pappe, historiador israelense antissionista, referência nos estudos sobre a região. “Não acreditava que confrontar a história oficial de seu país poderia ser considerado um ato de traição”, comentou o intelectual sobre sua trajetória como pesquisador da história de Israel e Palestina. Diante de um auditório cheio e atento, explicou com profundidade e clareza como “o sionismo tornou-se um caso clássico de colonialismo de assentamento. A diferença entre os colonialistas e os colonialistas de assentamento é que os colonialistas querem explorar a população nativa, mas os colonialistas de assentamento querem se livrar da população local, eliminando-a”.
Marina Silva reuniu milhares de pessoas na mesa mais vista desta edição, tanto na transmissão no YouTube da Flip quanto nos auditórios da Festa em Paraty. A ambientalista e atual ministra do Meio Ambiente falou contra políticas de devastação. “Somos seres que estamos aqui porque somos sustentados por muitas coisas. A gente é sustentado uns pelos outros, pelas condições dentro dessa casa comum que nos dá a possibilidade de existir e de termos a nossa vida junto com as outras formas de vida e de existência”, lembrou.

Rosa Montero, por sua vez, voltou à Flip mais de duas décadas depois de sua primeira participação no Programa Principal, dessa vez na mesa “A ridícula ideia de estar lúcida”. Com uma obra vasta e variada, a escritora espanhola falou diante de um público animado e atento sobre sua escrita e sobre os cruzamentos entre literatura, loucura e imaginação. “Os romancistas somos pessoas, no geral, que não amadurecemos totalmente”, disse com um bom humor entusiasmado. “Um romance é um delírio controlado”, acrescentou, comentando o estranho pacto criado pela ficção.
23ª Flip em números
- Público em Paraty nos dias da Festa: 34 mil (dados preliminares da Prefeitura)
- Taxa de ocupação das pousadas: 98% (dados preliminares da Prefeitura)
- Público total do Programa Educativo: 8.728 pessoas
Redes sociais
- Contas alcançadas no Instagram nos dias da Festa: 4 milhões
- Post mais visto (abraço de Marina Silva com Alessandra Sampaio): 15 mil likes
Leis de incentivo
- Aprovado na Lei Rouanet: R$ 15 milhões
- Captado via Lei Rouanet até o momento: R$ 9 milhões
- Outras captações até o momento: R$ 2,8 milhões
- Custo da 23ª Flip: R$ 11,8 milhões
Parcerias
- Casas Parceiras: 35
- Pousadas parceiras: 48
- Editoras parceiras (Programa Principal): 11
- Editoras parceiras (Educativo): 12
- Pé de Livros: 12 parceiros
- Embaixadas, consulados e institutos: 9
Praça Aberta
- Editoras independentes: 16
- Autores Independentes: 10
- Coletivos Editoriais: 5
- Parceiros: 4 (IBC, Izipizi, Secretaria do Paraná, Flirede)
- Sessão de autores independentes (1h gratuita): estimativa de 140 autores
- Participantes do Ocupa Paraty: 20
Conexões
A 23ª Flip contou com o apoio de instituições culturais e entidades representantes de países estrangeiros na composição das mesas do Programa Principal:
- A participação dos autores Gaël Faye, GauZ’ e Neige Sinno teve apoio da Temporada França-Brasil 2025, do Instituto Guimarães Rosa, do Ministério das Relações Exteriores, da République Française, do Institut Français e da Villa Gillet;
- O Istituto Italiano di Cultura Rio de Janeiro apoiou a participação do autor Sandro Veronesi;
- A Embaixada da Suécia no Brasil e o Swedish Institute apoiaram a autora Liv Strömquist;
- O Consulado Geral do Reino dos Países Baixos no Rio de Janeiro e a Nederlands Letterenfonds – Dutch Foundation for Literature apoiaram a escritora Astrid Roemer;
- A Embaixada da Espanha no Brasil e o Instituto Cervantes do Rio de Janeiro apoiaram a participação de Rosa Montero;
- A Embaixada de Portugal no Brasil e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua apoiaram o autor Ricardo Araújo Pereira;
- O ICL – Instituto Conhecimento Liberta apoiou a participação do escritor Ilan Pappe.
A Flip é um projeto realizado pelo Ministério da Cultura e Governo Federal e pela Associação Casa Azul, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com patrocínio Jequitibá do Nubank, patrocínio Figueira da Vale, patrocínio Guapuruvu do Itaú Unibanco e da Motiva, por meio de seu Instituto, patrocínio Cedro do Sesc, da Maqmóveis e de O Globo, patrocínio Araribá da Globo Livros, e apoio institucional da Prefeitura de Paraty, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, e do Museu do Território.
As editoras parceiras neste ano foram Peirópolis, Companhia das Letras, Companhia das Letrinhas, Brinque-Book, Pequena Zahar, Principis, Passarinho, Pallas, Boitempo, Cintra, Estrela Cultural, Oh! (Veneta), Todavia e Carambaia. Os Pés de Livro tiveram apoio de Educação SM, Fundação SM, Maralto, FTD, Instituto Ziraldo, Salamandra, Moderna, Biblioteca Comunitária Colibri, Associação Viva e Deixe Viver e Embaixada da Suécia.