
Cerca de um mês após o lançamento de Memórias de água (Telaranha) no Brasil, a escritora Rafaela Tavares Kawasaki retornou ao Japão para visitar familiares, estudar tópicos para um novo projeto e distribuir, pessoalmente, o livro que foi parcialmente construído pelas lembranças de infância da autora no país. O título é o primeiro livro de poemas de Kawasaki, publicado em fevereiro deste ano e lançado no Museu Paranaense (MUPA), em Curitiba.

Uma parada importante na viagem foi no Consulado Geral do Brasil em Tóquio. Kawasaki entrou em contato com o consulado para fazer uma entrega de exemplares para o órgão e para a comunidade brasileira. “A recepção foi ótima”, afirma a escritora, que foi recebida por representantes de um setor que atende e apoia brasileiros no Japão em questões que envolvem burocracia, educação e vulnerabilidade.
Os exemplares de Memórias de água ficarão disponíveis em uma biblioteca do consulado. Lá, os livros poderão ser lidos por visitantes, por estudantes de escolas que solicitarem empréstimos e por brasileiros detidos em presídios japoneses. De acordo com os responsáveis pelo setor, essas pessoas detidas pedem livros de poesia e romance para ler com certa frequência enquanto cumprem pena.
“Fiquei muito tocada por pensar que o livro, que fala justamente de memória, identidade e lembranças da experiência de migração possa ser lido nessas três situações”, conta a escritora.
Outra entrega de exemplares foi feita na cidade de Oizumi, para a biblioteca do prédio do Restart Community, um espaço multifuncional com o objetivo de preservar a memória da imigração brasileira no Japão.
A biblioteca é denominada de "Memória Viva", por ter em seu acervo periódicos, revistas e obras escritas em português, espanhol e japonês, que, de alguma forma, colaboram com o registro dos 35 anos de imigragação de brasileiros no Japão.
“Penso que Memórias de água é inspirado nas lembranças de infância vividas na terra do sol nascente. A obra, além de bela, serve de estímulo para que outros jovens transnacionais escrevam e registrem a diáspora dos quase cinco milhões de brasileiros que vivem no exterior”, afirma Miguel Kamiunten, professor, co-fundador do Movimento Brasileiros Emigrados (MBE) e um dos líderes do movimento Restart Community, que recebeu os livros da escritora em Oizumi.
A província de Gunma, onde fica Oizumi, é considerada o berço da comunidade brasileira no Japão. “Ao sabermos que Rafaela passou parte da sua infância na região, ficamos muito felizes e orgulhosos pelo seu talento e dedicação”, pontua Kamiunten.
Kawasaki também aproveitou a viagem para entregar os livros pessoalmente a pessoas próximas, como o pai, os tios e alguns amigos.
A distribuição dos livros pela autora acontece no ano em que é celebrado um marco histórico nas relações entre o Brasil e o Japão: o 130º aniversário da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação pelos dois países.