
O festival terá dez dias de programação cultural gratuita, com mesas de bate-papo, shows, leituras, lançamentos e feira de livros, contação de histórias e oficinas. O evento é uma iniciativa da Associação Amigos da Biblioteca.

Freire lançou no final de 2024 o romance Escalavra (Record), que utiliza a prosa poética para contar a história da relação de um pai e um filho.
Marcelino Freire respondeu a três perguntas do PN.
— Quais são as diferenças principais de trabalhar como autor e como um curador de conteúdo? As prioridades são muito distintas?
O movimento é outro. Esse, ao vivo e presencial, no corre de fazer um festival, uma festa acontecer. Gosto de ser um autor atuante, não me sentir parado, estacionado. Sem contar que como curador de um evento eu me atualizo em relação a autorias, ao que querem os leitores e leitoras. Conheço a comunidade local, ouço o que ela deseja, fico em contato com artistas da região. Saio da cadeira de escrita e vou para a esquina da rua, onde a literatura deve estar, onde a verdadeira palavra circula.
— Na sua visão, qual a importância e o papel da poética na literatura contemporânea?
O mundo está perdendo exatamente a poesia. Em recente discurso de pose do Trump, não se ouvia a palavra "literatura", ou a palavra "coletividade", ou a palavra "beleza". Ele só falava de automóvel, indústria, perseguição, ataque, guerra às minorias. Hoje em dia é constante a perseguição aos(às) artistas. Daí a importância da literatura, dos encontros celebrando às artes. No meu recente livro Escalavra, eu escrevo lá: a próxima revolução também será poética. E a nossa literatura contemporânea está repleta de poesia.
— Como você avalia a ocorrência de grandes eventos culturais em cidades diferentes das grandes capitais do país?
Quanto mais literatura, melhor. Quanto mais festas festejando a poesia, melhor. É preciso interferir na geografia das coisas, na paisagem das cidades. Para cada show de banda sertaneja, para cada festejo em torno do agronegócio, uma festa literária. Para cada Cláudia Leitte uma Adélia Prado. Mais Conceições e Itamares pelas praças de nosso país.