
Torres é a primeira atriz brasileira a vencer a premiação e representou o país ao subir ao palco, algo que não acontecia desde 1999, quando Central do Brasil venceu como melhor filme em língua estrangeira e teve a mãe da atriz, Fernanda Montenegro, também entre as indicadas como melhor atriz.
Mas além do seu trabalho de atuação, Fernanda Torres é também escritora, cronista e roteirista. Ela iniciou sua carreira nas telas aos 13 anos e escreveu seu primeiro livro aos 40. Até o momento, são três obras publicadas e que o PublishNews lista abaixo.

Publicado em 2013, Fim (Companhia das Letras) é o romance de estreia de Fernanda Torres e traz um grupo de amigos cariocas às voltas com a morte e as próprias frustrações. São cinco amigos que rememoram as passagens marcantes de suas vidas: festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos.
Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos – mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer.
São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações.
Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de Fim. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.
Sete anos

Desde 2007, Fernanda tem mantido assídua relação com a imprensa. Estreou na revista piauí, com No dorso instável de um tigre, um relato bem-humorado sobre o medo do ator ao entrar em cena. O texto fez sucesso na época e rendeu a Fernanda o convite para manter uma coluna quinzenal na Veja Rio, de onde saíram alguns textos presentes na coletânea, como Dercy e A dança da morte.
Pouco depois, voltou a escrever para a piauí. Os perfis de Bráulio Mantovani e Hany Abu-Assad nasceram por encomenda da revista. Em 2010, Fernanda iniciou colaboração com o caderno Poder da Folha de S.Paulo. Sua missão era escrever sobre as eleições para a presidência. Muitos dos textos sobre política incluídos em Sete anos tiveram origem nesse período. Depois das eleições, Fernanda passou a manter uma coluna mensal no caderno de cultura do mesmo jornal. Mas há um texto inédito. É o pungente Despedida, que trata da morte de seu pai.

A glória e seu cortejo de horrores foi publicado em 2017 e entrou para a lista dos mais vendidos do PublishNews. A obra acompanha as desventuras de Mario Cardoso, um ator de meia idade, dos dias de sucesso como astro de telenovela até a total derrocada quando decide encenar uma versão de Rei Lear – e as coisas não saem exatamente como esperava.
Mescla eletrizante de comédia de erros e retrato do artista, o livro atravessa diversas fases da carreira de Mario (e da história recente do Brasil), suas lembranças de juventude no teatro político, a incursão pelo Cinema Novo dos anos 60, a efervescência hippie do Verão do Desbunde, o encontro com o teatro de Tchékhov, a glória como um dos atores mais famosos de uma época em que a televisão dava as cartas no país. Um painel corrosivo de uma geração que viu sua ideia de arte sucumbir ao mercado, à superficialidade do mundo hiperconectado e, sobretudo, à derrocada de suas próprias ilusões.
Mais de Fernanda Torres

Em 2004, seguindo o que se tornou uma tradição de seus romances, A casa dos budas ditosos foi adaptado para o teatro por Domingos Oliveira, num monólogo estrelado por Fernanda Torres, que assina a apresentação desta nova edição. O espetáculo permaneceu por mais de uma década em cartaz, levando as memórias de orgias, voyeurismo e sadismo dessa impagável libertina para mais de 700 mil pessoas em todo o Brasil. A casa dos budas ditosos é um clássico da literatura erótica.

Os livros de formação
Quando participou do programa Roda Viva em janeiro de 2024, Fernanda Torres compartilhou algumas obras que marcaram sua infância e adolescência e autores que continuam inspirando sua vida adulta.




Extra

Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, o diretor Guel Arraes, Lázaro Ramos, Marjorie Estiano, Jeferson Tenório e Fábio Assunção são alguns dos nomes que ajudam a revelar um Selton de coração aberto: a carreira consolidada, suas dores, alegrias e uma história repleta de encontros de alma. As perguntas dos convidados abrem caminho para a intimidade que ele não costuma compartilhar publicamente. Exemplo disso são as passagens sobre a relação do ator com a mãe, Selva, acometida pelo Alzheimer e que faleceu em 2024, e a comunicação mais espiritual mantida pelos dois desde o agravamento da doença. Esse vínculo funciona como a premissa do livro, pois lembrar, hoje, é essencial para manter as memórias da infância no interior de Minas Gerais, ou nos corredores da TV dos anos 1980.