Conceição Evaristo será a homenageada da FLUP 2025
PublishNews, Redação, 02/12/2024
Autora será a primeira celebrada em vida pelo festival; segundo organização, a edição de 2024 marcou uma guinada histórica da FLUP, consolidando o festival como um espaço transformador

Conceição Evaristo (à direita) ao lado do escritor Jeferson Tenório (à esquerda) durante a edição deste ano, no Circo Voador (RJ); ela será a homenageada do festival em 2025 | © Hildemar Terceiro / Flup
Conceição Evaristo (à direita) ao lado do escritor Jeferson Tenório (à esquerda) durante a edição deste ano, no Circo Voador (RJ); ela será a homenageada do festival em 2025 | © Hildemar Terceiro / Flup
A Festa Literária das Periferias (FLUP) encerrou a edição 2024 no último dia 17 de novembro, e já anunciou a próxima homenageada: a escritora Conceição Evaristo, referência central da literatura brasileira e internacional, será a personalidade da FLUP 2025, que ocorrerá entre 20 e 29 de novembro do próximo ano. Pela primeira vez, o festival celebra uma autora em vida, reforçando seu compromisso com a valorização e fortalecimento de vozes ativas e transformadoras. Conceição, presente na FLUP em debate com a inglesa Bernardine Evaristo, aceitou emocionada o convite dos organizadores.

Neste ano, a FLUP’24 aconteceu no Circo Voador, espaço tradicional da cena cultural carioca, e foi o epicentro de uma programação que uniu literatura, música, performances e muita reflexão crítica. Ao todo, 32 mil pessoas passaram pelo evento que apresentou mesas literárias com grandes nomes como Bernardine Evaristo, Mame-Fatou Niang, Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Jurema Werneck, Neon Cunha, Nilma Bentes, Oyèrónke Oyěwùmí, Sueli Carneiro, Marie NDiaye, Audrey Pulvar, Bela Gil, Creuza Oliveira, Christiane Taubira, Elisa Lincon, Rokhaya Diallo, Flávia Oliveira e muitas outras mulheres negras. Juntas, elas destacaram temas essenciais sobre literatura negra, ancestralidade, feminismo e transformação social. No Youtube, foram 13.324 visualiações considerando os canais FLUP e Futura na rede social.

A FLUP foi embalada ainda por apresentações de Lia de Itamaracá, Dona Onete, Ilê Aiyê, Fabiana Cozza, Pérolas Negras (Alaíde Costa, Eliana Pittman e Zéze Motta), diversos DJs, rodas de samba diárias, batalhas de vogue e do passinho, slam e poesia. Ao todo, foram 18 shows que conectaram arte e resistência em 7 dias de uma programação elogiada pelo público e pela crítica. Somente em 15/11, dia de aprogramação mais extensa da FLUP’24, um fluxo de 9.300 pessoas foi registrado no Circo Voador.

De acordo com Julio Ludemir, idealizador da FLUP e o curador-geral do evento, “esta edição marcou uma guinada histórica, consolidando o festival como um espaço transformador, essencial no calendário global”. Concomitante ao G20, o encontro dos líderes mundiais, a FLUP atraiu mais de 100 comunicadores para a sua cobertura, sendo observada presencialmente por repórteres de meios internacionais como o diário inglês The Guardian, a rede BBC, Radio France e o francês Le Monde, além de diversos veículos brasileiros.

A edição 2024 do festival prestou homenagem para a intelectual Beatriz Nascimento, celebrando seu legado como uma das figuras mais importantes para os estudos afrodiaspóricos no Brasil. Durante o evento, Conceição Evaristo disse: “escrever é um ato de resistência ancestral”, reafirmando o tom de transformação que permeou toda a programação da FLUP. A curadoria internacional da FLUP ficou a cargo da professora e pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang, especialista em estudos franceses e francófonos, com pesquisas focadas na negritude contemporânea na França. A curadoria nacional foi pensada por Duda Nascimento. A curadoria das rodas de samba foi da escritora e poeta Vanessa Pereira.

Público da FLUP durante o show de Lia de Itamarcá, no Circo Voador | © Hildemar Tercero/Flup’24
Público da FLUP durante o show de Lia de Itamarcá, no Circo Voador | © Hildemar Tercero/Flup’24
Outro marco da FLUP deste ano foi o levantamento realizado em favelas cariocas sobre os hábitos de leitura de moradores do Morro dos Prazeres, do Vigário Geral, da Mangueira, da Babilônia, do Vidigal, da Cidade de Deus, da Maré e da Providência – territórios que já contaram com edições da FLUP. A Pesquisa FLUP de Hábitos Literários é o terceiro levantamento que ampara decisões do festival e reforçou o reconhecimento, pelos moradores de favelas do Rio, de figuras prestigiadas pela edição 2024. Segundo Ludemir, “as pesquisas relacionadas ao livro no Brasil geralmente olham para os números, falam das vendas e da compra do livro. Nessa, olhamos para quem lê”, destacou.

A FLUP é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Shell, tem patrocínio master da Shell, patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Globo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Ford e da Open Society Foundations. O transporte oficial do evento é oferecido pelo Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, nas áreas de atuação do VLT Carioca e da CCR Barcas. Realização: Suave, Associação Na Nave e Ministério da Cultura (Governo Federal).

[02/12/2024 10:00:00]