Além da abertura, premiações e painéis, a Conferência de Editores de Sharjah iniciou mais uma edição com suas bem-sucedidas mesas redondas interativas.
Ao todo, 30 mesas lideradas por especialistas em diversas áreas do mercado tomaram conta do pavilhão construído especialmente para o evento e focaram em diversos temas como áudio, inteligência artificial, marketing, acessibilidade e sustentabilidade.
Outros temas como gêneros literários, foco geográfico (China, Índia, Espanha, América Latina, Turquia e EUA), pirataria, distribuição global, como melhorar vendas na Amazon, se aproximar da imprensa internacional, como organizar eventos com autores e maneiras de lidar, inovar e atrair diversas audiências, também foram discutidos. Além disso, algumas mesas também focaram no mercado africano e francês.
O destaque vai para as mesas relacionadas à inteligência artificial. Se na última edição do evento as mesas abordaram os aspectos gerais da IA, no sentido de desmistificar o assunto para os editores, dessa vez a IA foi debatida em diversos sentidos: licenciamento, eficiência na publicação, marketing e tradução, e de maneira mais detalhada.
O formato das mesas redondas com pequenos grupos – implementado em edições anteriores por Emma House – promove oportunidades de networking e desenvolvimento profissional, permitindo que os participantes compartilhem conhecimento e troquem ideias.
O PublishNews passou por algumas mesas e reuniu pontos de interesse abordados em cada uma:
Publicação de áudio em vários formatos – comandada por Søren Brinch, consultor independente e que recentemente fez parceria com a Politiken para lançar a editora Stream.
- Triângulo de ouro no storytelling: Para Søren, a criação de um audiolivro precisa ter o conteúdo certo, o narrador certo e o cliente certo. “Esse conjunto é essencial para manter a atenção do público em uma plataforma de audiolivros”.
- Escolha do narrador: Muitos querem apenas uma voz popular, mas ele defende um casting cuidadoso para garantir que a voz corresponda ao estilo da narrativa.
- Uso de inteligência artificial (IA): Embora a IA esteja cada vez mais usada, ele não é grande fã de vozes artificiais e as vê como uma opção secundária.
- Riscos de várias vozes: Múltiplas vozes podem distrair o ouvinte. Em alguns casos, ele prefere uma única voz que interprete diferentes personagens, pois há menos risco de uma narração desagradar e fazer o público "abandonar" o audiolivro.
- Drama x narrativa: Brinch não é fã de transformar audiolivros em "dramas completos" com muitos efeitos e vozes intensas, pois isso pode não representar a essência de um livro da melhor maneira.
- Popularidade do true crime: Histórias reais, especialmente de crime, atraem muito público e são mais acessíveis, pois não têm a "barreira" de imersão que a ficção exige.
- Importância da identidade do autor: O mercado literário dinamarquês, por exemplo, subestima gêneros populares como o crime, privilegiando obras literárias mais nichadas e prestigiadas.
- Søren também vê as séries como uma grande "chave": é a oportunidade de realizar uma produção que prenda o leitor por muito tempo e é um bom negócio a longo prazo.
- Brooke mostrou como a IA pode ajudar com a questão dos metadados. Ela apresentou a plataforma BookDNA, que reúne tudo o que a IA precisa saber para ajudar o editor a performar melhor o seu livro.
- Essa ferramenta ajuda a achar diferentes audiências pro livro. Ela vê a obra e analisa aonde o anúncio vai performar melhor. Ela aprende também sozinha a eficácia dos anúncios, e se ajusta ao feedback de desempenho.
- Canais de anúncio: Atualmente, os anúncios são veiculados em Google, Facebook e Instagram, com planos para Amazon, LinkedIn, Pinterest, TikTok e YouTube.
- Identificação de receita ideal: A ferramenta busca identificar a "receita ideal" de anúncios para maximizar vendas de um livro específico.
- Segmentação do público-alvo: O sistema aprende a identificar rapidamente o público-alvo, as melhores palavras-chave e os tipos criativos mais eficazes.
- Gerenciamento do orçamento: O orçamento de mídia é alocado de forma eficiente, evitando desperdícios ao focar nas estratégias mais eficazes.
- Desativação de canais ineficazes: Se um canal (como Google) não for eficaz, ele é automaticamente desligado para otimizar o orçamento e os esforços de marketing.
Modelos de negócios e distribuição de áudio – comandada por Nathan Hull, chefe de estratégia da Beat Technology, empresa que oferece soluções digitais para editoras e livrarias
- A mesa tocou no ponto do preço como um dos fatores-chave do mercado de audiolivros
- A IA também foi abordada justamente na questão da diminuição de custos. Se os audiolivros de IA forem significativamente mais baratos, isso pode influenciar a decisão do consumidor e potencialmente aumentar o mercado.
- Modelos de negócio: Para Nathan, é fundamental pensar sobre o tema sob dois ângulos: o consumidor e a monetização para editores. O modelo mais comum é o de assinatura.
- “Eu acredito firmemente que os editores devem olhar para o que é apropriado em um determinado mercado. Quando a Penguin, por exemplo, removeu todos os seus livros de todos os serviços de assinatura, eles literalmente desligaram a torneira do dinheiro para a Escandinávia. Foi a decisão deles. Mas é uma escolha que deve ser pensada com cuidado”.
- A Penguin Random House não permite que seus livros sejam vendidos em todos os ambientes, mas aceita que estejam disponíveis em prateleiras premium, limitando a distribuição.
- Hibridização de modelos: As plataformas de mercado estão adotando modelos híbridos, combinando diferentes abordagens como crédito, assinatura e à la carte.
- Estratégias de marketing: É crucial ser inteligente e estratégico ao comercializar livros, garantindo que os consumidores encontrem facilmente os títulos anunciados ao preço correto.
- Keith apresentou diversas plataformas de IA que podem ajudar no dia a dia de uma editora
- Ele explicou que a IA pode ser usada para facilitar diversos processos, de construir contratos a analisar as vendas
- Prompt Engineering, ChatGPT, Perplexity.ai (sugerida para autores em processo de pesquisa), Placeholder, Midjourney e Boords foram algumas das ferramentas citadas
Conteúdo de áudio de marketing – George Poutos, co-fundador e diretor da JukeBooks, plataforma de assinatura de audiolivros líder na Grécia
- A JukeBooks foi fundada em agosto de 2022
- Tem parcerias com as 30 maiores editoras na Grécia.
- Adicionam 20 títulos todo mês
- Firmaram parceria com a Beat Techonogy por causa da experiência no áudio então não precisaram criar do zero
- Tiveram que pesquisar e entender como apresentar a plataforma e para os gregos
- Focaram em falar da versatilidade do audiolivro, podendo ser ouvido em todo lugar, toda hora, em todo momento
Os próximos dias da Conferência serão dedicados à compra e venda de direitos. A abertura oficial da Feira Internacional do Livro de Sharjah será no dia 6 de novembro.