Painéis em Sharjah falam sobre as tendências ‘glocais’ e a importância da acessibilidade no mercado editorial
PublishNews, Talita Facchini, 04/11/2024
​Conferência de Editores de Sharjah recebeu Chantal Restivo-Alessi, da HarperCollins e John Ingram, da Ingram Group para compartilharem suas visões sobre o mercado global

Dois painéis no primeiro dia da Publishers Conference em Sharjah forneceram ideias e uma visão geral do mercado editorial. Chantal Restivo-Alessi, Diretora Digital e CEO de Língua Estrangeira da HarperCollins, abriu a programação em uma conversa com Porter Anderson, editor-chefe do Publishing Perspectives.

O bate-papo focou nas tendências globais – ou “glocais”, como Chantal prefere chamar. A profissional explicou que muitos países compartilham interesses de gêneros literários semelhantes, levando a uma tendência que ela chama de "glocal", que destaca também as adaptações locais de gêneros populares. “Vejo espaço para as culturas e autores locais, é um caminho mais fácil para se relacionar com as gerações mais novas”, disse.

A habilidade de atrair as novas gerações para a leitura também foi um dos tópicos da conversa. “Eles não querem esperar, o que faz com que nós, editores, tenhamos que ser ainda mais rápidos na publicação”.

Para Restivo-Alessi, cada país tem que entender com qual gênero seu povo mais se identifica e assim achar maneiras de atrair os jovens. "Os livros se tornaram indiscutivelmente muito mais acessíveis, permitindo que a gente se conecte e se envolva com um público mais amplo”, disse se referindo às redes sociais e aos booktokers, em especial.

Ainda sobre esse tema, Chantal frisou que as editoras devem estar presentes e levar seus livros para todos os ambientes. Para ela, a sociedade também está se cansando das telas e o mercado tem que tirar vantagem dessa oportunidade. “As pessoas estão tentando achar um momento de paz e os livros são perfeitos para isso. O que temos que fazer é achar o balanço entre tecnologia e criatividade e tirar vantagem disso, sempre pensando que os dois se complementam”.

Sobre a inteligência artificial, Chantal acredita que há oportunidades de melhora na indústria quando usada nos processos editoriais, jamais na criatividade e criação de conteúdo.

John Ingram

O segundo painel do dia recebeu John Ingram, presidente da Ingram Content Group e da Lightning Source, em conversa com Ed Nawotka, editor sênior do Publishers Weekly.

O tema central da conversa foi a acessibilidade e sua importância na publicação, especialmente para obras de menor escala. Ele explicou ainda como os serviços da Ingram – empresa de distribuição e serviços para o mercado editorial, conhecida por fornecer uma infraestrutura completa para ajudar editoras a alcançar um público mais amplo – permitem que autores e editores sejam incluídos em seu extenso banco de dados, que agora conta com mais de 13 milhões de unidades em seu catálogo global de impressão sob demanda.

John também falou sobre a importância da impressão sob demanda e como ela permite que os editores invistam em marketing, em vez de estoque. “Com esse modelo é possível ter um uso mais eficiente dos recursos, que muitas vezes são limitados”, disse.

O profissional falou também sobre o projeto Media Scout, banco de dados que facilita o acesso a direitos autorais de livros. O produto é principalmente voltado para produtores de conteúdo audiovisual que procuram adaptar livros para filmes e séries.

E sobre a inteligência artificial, John disse que a Ingram vê a IA como uma ferramenta para melhorar a produtividade em várias áreas, desde o marketing até a automação de processos, com foco em aumentar a eficiência de seus parceiros. “Ameaças também são oportunidades, você só precisa ter os dados para saber como transformá-la em oportunidade. Tenham isso em mente”.

[04/11/2024 08:00:00]