Fusões, inteligência artificial e crescimento internacional: os insights do CEO Talk na Feira de Frankfurt
PublishNews, Talita Facchini, 24/10/2024
Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, e Richard Sarnoff, da KKR, foram sabatinados no tradicional evento da feira de Frankfurt e falaram ainda sobre expansão internacional, investimentos e as transformações no mercado editorial

© Frankfurt Buchmesse
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Na última semana, a Feira de Frankfurt foi novamente palco do Global 50 CEO Talk, evento tradicional da agenda da feira e que esse ano sabatinou Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, e Richard Sarnoff, presidente de mídia da plataforma de capital de risco da KKR.

A conversa, moderada pelo consultor austríaco Rüdiger Wischenbart, e que contou com perguntas dos veículos Bookdao (RP China), The Bookseller (Reino Unido), dpr - Digital Publishing Report (Alemanha), Livres Hebdo (França) e Publishers Weekly (EUA), forneceu alguns insights e respondeu dúvidas em relação a aquisição da S&S pela KKR.

Fusões e aquisições são sempre um grande tópico a ser discutido justamente por afetar o mercado editorial como um todo. Entre estratégias conjuntas, modelo de negócios, oportunidades e riscos, Karp e Sarnoff alegaram que o foco principal continua sendo o livro. “Desde que me tornei CEO, há cinco anos, meu mantra continua o mesmo: vamos falar sobre livros. E é nisso que Simon & Schuster vai permanecer focada”, disse Jonathan. “O que tem sido realmente bom sobre o envolvimento da KKR é o engajamento deles e o que mudou é que pela primeira vez em um longo tempo, estamos investindo na empresa. A KKR nos permitiu investir novamente na empresa e olhar novamente para o crescimento internacional”, salientou.

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“A indústria editorial de livros sobreviveu à devastação do rádio, da televisão, dos filmes, dos videogames, da internet e das mídias sociais, e ressurgiu de cada uma dessas megatendências, de cada uma dessas mega maneiras de minar tempo, minar atenção, minar olhos, e saiu forte e continua forte. E então, quando olhamos para uma oportunidade de fazer parceria com a gerência de S&S e levar o negócio a um patamar diferente, fizemos isso porque sentimos que poderíamos crescer tanto internamente quanto internacionalmente”, explicou Sarnoff.

Ele disse ainda que espera expandir o negócio na S&S rapidamente. “Não estou dizendo que este negócio vai de repente se tornar um foguete como indústria. Estou apenas dizendo que o crescimento pode ser inflectido em uma base de empresa individual, desde que você tenha a gestão certa, a visão certa e a capacidade de investimento certa, você pode crescer.”

A inteligência artificial também foi tema da conversa. Richard disse que há autores progressistas em relação ao assunto e disse que “quando se trata de voz de IA, a única maneira econômica de publicar um audiolivro em 12 dialetos indianos diferentes seria por meio da inteligência artificial”. O profissional frisou que não está procurando “abrir as comportas da autoria de IA” e que acredita que os próprios leitores irão se importar o suficiente e serão criteriosos na hora de escolher materiais criados por humanos.

A sobre a questão do modelo de assinatura Sarnoff opinou: “A assinatura da perspectiva do consumidor pode levar a um mercado muito maior. A assinatura da perspectiva do autor e do editor tem muitas coisas que a estão sobrecarregando e dificultando. Então, o meio termo é acabar em um lugar onde os modelos de assinatura podem funcionar no nível do consumidor sem afetar a quantidade de dinheiro que um autor e um editor ganham com esse trabalho”.

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Richard também falou sobre a filosofia descentralizada que inspira a S&S, sobre a importância de ter um CEO trabalhando de maneira próxima e a independência que a KKR dá a ele. Para completar, Karp citou o clássico brasileiro de João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas (The devil to pay in the backlands). Ele explicou que houve duas tentativas de tradução da obra nos últimos 40, 50 anos e que o editor da S&S, Tim O’Connell, vem buscando a terceira tradução há 15 anos. “Esse é o tipo de coisa que só acontece se você tem mentes editoriais realmente comprometidas e individualistas que estão trabalhando juntas. E, você sabe, estamos fazendo isso repetidamente”, disse.

Ainda sobre a nova tradução: Alison Entrekin levou mais de 10 anos para produzir a nova versão do clássico modernista. A nova edição se chamará Vastlands: The Crossing e foi arrematada em um leilão por O’Connell.

“A razão pela qual eu queria aparecer aqui era mostrar a todos vocês e dizer em voz alta, bem alto e claro que Simon & Schuster quer ser uma editora internacional. E isso significa publicar livros do mundo todo”, finalizou Karp.

[24/10/2024 11:00:00]