
Nas 29 Casas Parceiras deste ano, o movimento também foi relevante, embora com algumas mudanças, a principal delas a ausência da Flipei: a Festa Pirata das Editoras Independentes decidiu fazer seu evento em São Paulo em 2024. A Casa PublishNews se manteve como espaço de encontro entre leitores e o mercado editorial na Rua do Comércio, uma das principais do Centro Histórico, com 79 participantes, 27 mesas/painéis (contando debates, entrevistas, bate-papos e sessões de autógrafos, além de pocket show e lançamentos de livros) e quatro happy hours.
No início desta edição, a Flip celebrou a aprovação de um plano plurianual no âmbito da Lei de Incentivo à Cultura, medida que traz maior seguridade para que o evento aconteça ano após ano. Segundo a organização, o custo desta edição foi de R$ 10 milhões (5 milhões já captados, com 4,4 de projeção futura).
O que se ouviu nas conversas entre as ruas de pedras da cidade é que a programação principal voltou a buscar um protagonismo depois de anos em que a agenda paralela cresceu de maneira relevante. A homenagem a João do Rio e a presença de escritores internacionais conhecidos e com boa circulação de obras no Brasil, como Édouard Louis, Mohamed Mbougar Sarr e Atef Abu Saif, devolveram à tenda principal um caráter atrativo, e a preocupação da curadoria em trazer assuntos quentes do momento – como uma mesa extra sobre a situação das queimadas no país – acabou gerando matérias interessantes nos grandes jornais e comentários entusiasmados na própria cidade durante os dias do evento. Autores como Felipe Neto e Txai Suruí também se destacaram na programação.

Casa PublishNews
Além dos mais de 27 painéis – que reuniram profissionais do mercado, autores e leitores – a Casa PublishNews contou esse ano com 17 patrocinadores e apoiadores, fundamentais para o sucesso da empreitada.
Da curadoria de eventos literários à produção de audiolivros, passando por lançamentos, pocket show, debates sobre temas urgentes do setor do livro, políticas públicas de leitura, reunião de CEOs de grandes empresas, discussões sobre democracia no mercado editorial e conversas sobre a edição do livro em si, a Casa se consolida como ponto de encontro e de elaborações sobre o fazer editorial, contribuindo para a contínua profissionalização da área e aperfeiçoamento de relações entre os diferentes agentes.
Já nesta segunda-feira (14) e nas próximas semanas, o Podcast do PublishNews vai trazer algumas das mesas para um público mais amplo.
Neste ano, a Casa PublishNews teve como patrocinadores CBL, Elo Editora e MVB (as três, patrocinadoras Master), Abrelivros, Alta Books, Bookwire, Carreira Literária, DBA, Drummond Livraria, Editora da Ponte, Labrador, Maralto, NESPE, Radar de Licitações e UmLivro. E apoio da Gráfica Viena e do Sesc. (Tem interesse em anunciar ou patrocinar o PN? Escreva para comercial@publishnews.com.br).

“Aproveito para fazer um efusivo agradecimento aos nossos patrocinadores e apoiadores, sem os quais seria financeiramente inviável manter a Casa e o próprio PublishNews, e à nossa aguerrida equipe, que colocou de pé o que planejamos. As casas parceiras enriquecem a Flip, e ficamos felizes de termos contribuído nesse sentido.”
Independentes
Uma reclamação relevante partiu das editoras independentes. As pequenas empresas pagaram cerca de R$ 3 mil para montar suas bancas na área dedicada a elas, que ficou numa área prejudicada no mapa da arquitetura geral da Flip – no fim do Areal, do lado oposto da ponte sobre o Rio Perequê-Açu. No plano inicial, as editoras ficariam logo após a ponte, mas a montagem na cidade as empurrou para o fim de um corredor que começava com um auditório e passava por uma área com comerciantes locais.

Cecilia conta que os produtores da Flip foram muito solícitos durante o evento e ajudaram como puderam para amenizar a situação. "Mas até o momento não recebemos resposta para o email que enviamos para a organização da Flip solicitando melhorias na sinalização e que fosse avaliada uma compensação pelo investimento realizado. Acreditamos que, se forem pensados alguns ajustes, a Praça Aberta tem um grande potencial para o festival", afirma.
Apesar do problema, a participação nesta edição da Flip foi positiva para a editora. "Os livros que levamos, tanto do catálogo da Lote 42 como do acervo da nossa livraria Banca Tatuí, renderam boas trocas. Temos publicações com formatos inusitados que acabam não aparecendo em outros espaços do festival e isso chamou a atenção do público".
Repercussão
O PublishNews consultou alguns editores e frequentadores da Flip sobre a edição de 2024. Algumas respostas serão incluídas ao longo do dia.
"A Câmara Brasileira do Livro parabeniza a Festa Literária Internacional de Paraty por mais uma edição que movimentou a cidade com uma rica programação. Além de reunir grandes nomes da literatura, a programação oficial e as parceiras destacaram exposições de arte, lançamentos de editoras independentes, oficinas e outras iniciativas culturais que enriqueceram a experiência", comenta o vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro, Luciano Monteiro.
"Quero destacar ainda a Casa Publishnews, cuja participação, também foi apoiada pela CBL, e que contou com mesas de debates lotadas desde o primeiro dia. As conversas abordaram literatura e livros, reunindo representantes do mercado editorial para discutir questões urgentes do setor. Estamos orgulhosos de ter participado dessa celebração plural e inspiradora", complementa Monteiro.
"A Flip foi realizada em um período climático mais favorável do que em 2023. Embora tenha chovido em um dos dias e o calor presente, foi bem menos quente e chuvoso", diz o editor Daniel Pinsky, da Labrador e da Contexto. "No entanto a proximidade com as datas da Feira de Frankfurt fez com que menos profissionais do mercado editorial comparecessem. Não tenho números exatos, mas também tive a impressão de um público geral menor. Apesar desses pontos negativos, foi mais uma excelente Flip para a Labrador. Tivemos seis autores em mesas na Casa Publishnews, cinco em mesas em outras casas, eu participei de uma, além de um sarau com dezessete autores e um café da manhã com nossos convidados. Ao todo contamos com cerca de vinte e seis autores presentes, fizemos bons contatos e reforçamos a marca. A Flip tem tudo a ver com a Labrador e participar da maior festa literária do Brasil, em um lugar icônico como Paraty, é sempre um prazer".
Para Maíra Nassif, editora da Relicário, mais uma vez a experiência na Flip foi positiva. "Desde 2017 temos autores na programação oficial e, mesmo que nesta edição tenha sido diferente, marcamos presença na Casa Paratodos pelo sexto ano, onde ajudamos a compor uma programação paralela de muita qualidade. Já bastante conhecida pelo público que frequenta a Flip, e bem localizada no Centro Histórico, a casa composta pelos colegas da editora Nós, Dublinense, Tabla, Revista Cult, Ercolano, Quelônio e Seiva recebeu centenas de pessoas e trouxe ótimos resultados para todos nós.”
Entidades estrangeiras
A 22ª Flip contou com o apoio de entidades representantes de países estrangeiros na composição de algumas mesas do Programa Principal.
A participação da escritora Ana Margarida de Carvalho foi apoiada pelo Instituto Camões. A autora participou da mesa 8, “A paz e o gesto”, às 10h da sexta-feira, dia 11, em uma conversa sobre a vida da mulher narrada por ela mesma, mediada por Adriana Ferreira Silva. Da mesma mesa participou Lisa Ginzburg, autora de Cara paz (Nós, 2023), com apoio do Istituto Italiano di Cultura.
O Consulado Francês apoiou a participação de Édouard Louis, que integrou a mesa 18, “anatomia do futuro”, com mediação de Paulo Roberto Pires. No sábado, dia 12, às 19h30, o autor falou sobre sua obra autoficcional, pela qual passam temas como desigualdade, preconceito e uma formulação contínua de si e de nós.
Números da Flip 2024
- Taxa de ocupação das pousadas: 95% (fonte: Secretaria de Turismo)
- Estimativa de pessoas em Paraty: 27-30 mil (fonte: Polícia Militar e Prefeitura)
- Números do Youtube: 53.206 (2024) x 25 mil no Youtube 2023 x 18 mil no YouTube 2022 600 mil contas impactadas no Instagram
Leis de incentivo
- Aprovado na Lei Rouanet: R$ 15 milhões
- Captado via Lei Rouanet até o momento: R$ 5 milhões
- Outras captações até o momento: R$ 4,4 milhões (projeção)
- Custo da 22ª Flip: R$ 10 milhões
Parceiros
Entre espaços, pousadas, editoras, embaixadas e iniciativas da praça aberta, 285 parceiros que este ano estavam especialmente animados com programação própria.
- Número de espaços parceiros: 29
- Pousadas parceiras: 32
- Editoras parceiras: 29, sendo: 8 Artístico, 18 Educativo e 3 Pés de Livro
- Editoras com selo Livraria Flip: 21
- Embaixadas e consulados: 3
Praça aberta:
- Editoras independentes: 29
- Autores/as independentes: 120
- Ocupa Paraty: 22
Educativo
- Público total: 5.500 pessoas
“Vimos um Educativo mais consolidado, com uma programação que acompanhou o processo da formação que fazemos com os educadores durante o ano e que contribui para escolher autores e obras que interessem a eles, às crianças e suas famílias”, diz Belita Cermelli, Diretora de Cultura e Educação da Flip. “Foi muito bonito ver a tenda lotada todos os dias com a cidade ali representada tanto pelos convidados quanto pelo público, e ver a programação de volta à Ilha das Cobras com a Casa Flipeira, que inauguramos neste ano”, completa.
A Flip é um projeto realizado pelo Ministério da Cultura e Governo Federal, com concepção da Associação Casa Azul, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com patrocínio master do Instituto Cultural Vale; patrocínio ouro do Itaú Unibanco, CCR e Suzano; patrocínio prata da Maqmóveis, Sesc, Eletronuclear e O Globo; patrocínio bronze do Sebrae e Globo Livros. Apoio institucional: Iphan, Secretaria Municipal de Cultura de Paraty, Museu do Território, Secretaria de Turismo do Estado do Rio de Janeiro.