Mas o que atrai tantas pessoas, muitas delas pela primeira vez, a um evento tão lotado, onde o principal protagonista é o livro? Talvez seja a expectativa de encontrar, abraçar e fotografar o autor favorito, ou a satisfação de descobrir um novo livro que marcará sua vida. A Bienal é um espaço de encontros, de experiências que conectam leitores e autores de maneira única, fomentando o prazer pela leitura desde cedo. É um fenômeno que transcende barreiras sociais, ideológicas e religiosas, unindo famílias e indivíduos de todas as idades e crenças em torno dessa paixão comum.
Os visitantes não medem esforços, não se importam com o tempo de espera. Afinal, ao final da fila, sempre há uma recompensa: um autógrafo, uma conversa rápida ou o simples gesto de sair com aquele livro tão desejado, já pensando na próxima parada, na próxima livraria ou editora.
No entanto, fica o questionamento: como fazer com que esse mesmo público, que ama as Bienais, passe a frequentar as livrarias da mesma forma? Como transformar a experiência mágica do grande evento em algo acessível no cotidiano? Talvez a chave esteja em recriar, nas livrarias, esse sentimento de encontro e descoberta, oferecendo não só livros, mas experiências que aproximem o leitor do universo literário. Programações culturais, conversas com autores e espaços acolhedores podem ser o caminho para transformar a ida à livraria em uma experiência tão prazerosa quanto a visita à Bienal.
A Bienal é, sem dúvida, um fenômeno sociológico e econômico que merece ser estudado. Ela prova, ano após ano, que, em tempos de distrações rápidas e efêmeras, o livro ainda é capaz de despertar emoções profundas e de reunir uma diversidade de leitores dispostos a celebrar essa paixão comum.
*Vitor Tavares é sócio diretor da Livraria Loyola e Drummond Livraria.