Em 2013, a Academia Sueca a premiou justamente com esta simples e direta justificativa: "mestre do conto contemporâneo". No Brasil, alguns de seus livros foram publicados mais recentemente pela Biblioteca Azul (selo da Globo Livros), como O progresso do amor (2017, com tradução de Pedro Sette-Câmara), Falsos segredos (2015, Celina Portocarrero), e Amiga de juventude (2014, tradução Elton Mesquita), entre outros.
Antes, alguns títulos também foram lançados pela Companhia das Letras: Vida querida (2013, com tradução de Caetano Galindo); O amor de uma boa mulher (2013, com tradução de Jorio Dauster); e Felicidade demais (2010, com tradução de Alexandre Barbosa de Souza). A editora publicou uma nota lamentando a morte. "A autora deixa como legado obras atemporais que, ao explorar temas como memória, identidade, família e os pequenos dramas da vida cotidiana, revelam uma perspicácia e uma sensibilidade singulares", diz o comunicado.
Alice Munro nasceu em Wingham, Canadá, em 1931. Seu pai era fazendeiro de animais e sua mãe professora. Munro começou a escrever ainda adolescente, e estudou na University of Western Ontario, onde trabalhou como bibliotecária, e mais tarde abriu com o marido uma livraria, em Victoria. Desde o fim dos anos 1960, ela se dedicou à escrita.
Essa dedicação foi quase que exclusivamente voltada ao conto – e o contexto da sua infância, uma pequena cidade canadense, também serviu de ambiente para muitas de suas histórias. Segundo o comitê do Nobel, elas frequentemente acomodavam uma complexidade épica em poucas páginas. Os temas subjacentes ao seu trabalho são, entre outros, questões de relacionamentos e conflitos morais. A relação entre memória e realidade é outro assunto recorrente de seus contos, utilizada como ferramenta de tensão. "Com meios sutis, ela é capaz de demonstrar o impacto que eventos aparentemente triviais podem ter na vida de uma pessoa", disse o comitê quando da sua premiação.
Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, em 2013, Munro afirmou que vinha "escrevendo histórias pessoais por toda a minha vida. Espero que sejam uma boa leitura. Espero que comovam as pessoas. Quando gosto de uma história, é porque ela faz alguma coisa... como um golpe no peito".
Entre os diversos prêmios literários recebidos ao longo de sua carreira – incluindo o Man Booker Prize, em 2009 – destaca-se o Nobel de Literatura, em 2013, o primeiro para uma pessoa canadense na história.
A Granta liberou o acesso a alguns contos de Munro publicados na revista (em inglês):
We are saddened to hear of Alice Munro’s death. In memory of her life and work, four of her stories have been unlocked from behind the paywall and are free for all to read.
— Granta (@GrantaMag) May 14, 2024