Filme 'Uma família feliz' retrata as violências escondidas dentro de um núcleo familiar
PublishNews, Beatriz Sardinha, 03/04/2024
Suspense estrelado por Grazi Massafera e Reinaldo Gianecchini trata da vida de uma família ‘margarina' a partir do livro de Raphael Montes

Suspense escrito por Raphael Montes chega aos cinemas nesta quinta (04) © Divulgação
Suspense escrito por Raphael Montes chega aos cinemas nesta quinta (04) © Divulgação
Uma família feliz é uma adaptação da obra homônima escrita por Raphael Montes e dirigido por José Eduardo Belmonte. A estreia do filme nos cinemas ocorre nesta quinta-feira (4) e tem como protagonistas Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini em um suspense que retrata uma série de pequenas violências reproduzidas de forma "escondida" no ambiente doméstico. A história original e o roteiro do longa são do escritor Raphael Montes, autor de Bom dia, Verônica, Uma mulher no escuro, Dias perfeitos e Suicidas, publicados pela Companhia das Letras, que estreia no filme como diretor-assistente. O argumento também deu origem ao livro homônimo, lançado recentemente pela Companhia das Letras e que figura na lista de mais vendidos do PublishNews.

O filme estrelado por Grazi Massafera e Reinaldo Gianecchini trata da vida de uma família "margarina" de classe média, que tem a vida cercada por um condomínio. Essa família, aparentemente feliz e funcional, começa a ter suas estruturas abaladas após o nascimento do terceiro filho do casal. O marido de Eva (Massafera), Vicente (Gianecchini), tivera duas filhas gêmeas em um outro relacionamento, que terminou de forma trágica por conta de um acidente. Eva passa por um período de depressão pós-parto, com problemas de sono. A situação na casa se agrava quando os pais notam que as crianças apresentam machucados na pele, e a relação de confiança entre Vicente e Eva é testada.

O filme apresenta um "terror psicológico" e utiliza o som — às vezes de forma estridente — para colocar o espectador em um lugar de incômodo com o conflito da família. O autor Raphael Montes, figura já conhecida por histórias do gênero, tem no filme sua estreia por trás das câmeras.

Raphael Montes © Divulgação
Raphael Montes © Divulgação

Em coletiva de imprensa sobre o filme, o autor comentou sua pretensão de, futuramente, estrear na direção de longas no cinema. Segundo o autor, a primeira vez que ele e José Eduardo Belmonte conversaram sobre a história foi ainda em 2015. Desde aquela época, o diretor já idealizava a atriz Grazi Massafera no papel principal.

O autor reafirma que a discussão de um "mundo das aparências" é um tema de seu interesse, recorrente em suas obras. Ele também cita o exemplo de Bom dia, Verônica, que também traz vilões "bem-vistos" pela sociedade, por conta de suas profissões de prestígio e poder dentro de suas comunidades.

As cenas inicial e final do longa são especialmente impactantes. O roteirista afirma que "tinha vontade de fazer um filme que precisasse ver de novo. Aqui em Uma família feliz existe isso, depois de ver a cena inicial, já se cria uma ideia do que está por vir, e essa ideia é desconstruída e, quando o espectador revê o filme, é outra percepção". O próprio Montes é um dos "easter eggs", ou seja, elementos “surpresa" presentes no filme; o roteirista faz uma rápida aparição em uma das cenas do longa.

"A Eva foi acontecendo. Eu gosto de quando o personagem vai sendo criado no set. E acho que toda mulher vai se relacionar com ela. Ela passa por muitas questões. Todas nós passamos por um puerpério quimicamente muito intenso. Nem nós entendemos", comentou Massafera. Quando perguntada sobre a trajetória de sua personagem, Grazi comenta que há, no cotidiano, uma tentativa de normalizar as dificuldades do processo do puerpério: "A Eva começa a se questionar se ela estaria fazendo aquilo com as crianças, e também se ela queria ser mãe. E se o seu parceiro tá ali, mas também com frases violentas. É uma questão social e estrutural", comenta.

Capa de 'Uma família feliz' (Companhia das Letras) © Divulgação
Capa de 'Uma família feliz' (Companhia das Letras) © Divulgação

Há diferenças entre o filme e o livro. Montes compartilhou na coletiva que no livro há espaço — e tempo, escasso dentro de um set de filmagens — para trabalhar outras questões. Um dos apontamentos dele é a discussão de racismo dentro do trabalho doméstico, que está no livro e ficou de fora do longa. O autor comenta que, no livro, quis tornar Eva ainda mais central na história, ao colocá-la como narradora em primeira pessoa. Dessa forma, segundo ele, seria possível para o leitor entrar na cabeça da personagem.

A produção do filme é da Barry Company, em coprodução com a Globo Filmes e Telecine, e distribuição da Pandora Filmes.

Confira o trailer do filme Uma família feliz:


[03/04/2024 09:30:00]