
Desde as experiências com dispositivos até os filtros de redes sociais, a relação entre a inteligência artificial (IA) e a produção de arte, criatividade e acesso a bens culturais tem sido um tema constante e controverso. Essa jornada histórica leva a questionamentos sobre os limites éticos que cercam a interseção entre IA e criatividade, uma discussão que abrange as noções de autoria, fruição estética e produção de conhecimento.
À medida que sistemas de inteligência artificial tem ficado mais complexos, a IA tornou-se capaz de analisar grandes volumes de dados culturais, como músicas, obras de arte e textos, e alimentar sua própria base de dados. Os algoritmos de aprendizado de máquina podem agora imitar estilos e técnicas de artistas, gerando criações que surpreendentemente se assemelham a obras humanas. Isso levanta questões fundamentais sobre a autoria, já que a criação é realizada por uma máquina que se baseia em dados coletados de uma variedade de fontes.
A fruição estética também é afetada pela presença da IA na criação artística. Por um lado, isso pode ampliar o acesso a bens culturais, tornando-os mais relevantes e acessíveis. Por outro lado, pode criar "bolhas culturais" que limitam a diversidade de perspectivas e experiências. A IA pode ajudar a identificar tendências culturais e insights inesperados ao analisar grandes volumes de obras de arte, música e literatura. No entanto, isso levanta preocupações sobre a influência da IA na formação da cultura e na percepção da história.
Por meio deste seminário propomos a reflexão de alguns aspectos da relação entre inteligência artificial e processos criativos como o impacto da IA e tecnologias imersivas no acesso à cultura de pessoas com deficiência, o atual estágio de (co)criação, bem como suas possibilidades e consequências. Também se discutirá a forma como a inteligência artificial colabora no reforço a preconceitos e estereótipos e de que modo impacta na difusão da produção cultural de negros, mulheres, pessoas LGBTTQIAP+ e outros. Por fim, será debatido o modo como as IAs estão direcionando e realizando uma mediação invisível de desejos, gostos e consumo de bens culturais da população.