“João Barrento foi reconhecido pelo júri como autor de uma obra relevante e singular em que avultam o ensaio e a tradução literária. Em particular, as suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da idade média à época contemporânea, e em todos os gêneros literários, formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso patrimônio cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da literatura mundial”, diz a justificativa apresentada pelo júri.
João foi professor de literatura e tradução da Universidade Nova de Lisboa e já traduziu para o português obras de Goethe, Kafka e Robert Musil.
Por aqui, ele assina a tradução de obras como Fausto (2023), Rua de mão única — Infância berlinense: 1900 (2013), Ideia da prosa (2012) e vários outros títulos publicados na coleção Filô, coordenada por Gilson Iannini, e que pertence à editora Autêntica.
Logo após o anúncio, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, parabenizou Barrento: “É uma alegria ver nomes valorosos da Literatura recebendo reconhecimento por seu trabalho. João Barrento tem uma importante contribuição na formação do público, para além das traduções, é autor de ensaios e crônicas atemporais riquíssimas”.
O júri foi composto por seis membros: os professores portugueses Abel Barros Baptista e Isabel Cristina Mateus; o escritor Deonísio da Silvia e o professor Cléber Ranieri Ribas de Almeida, ambos brasileiros; e os dois representantes das demais nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): a professora Inocência Mata, de São Tomé e Príncipe, e o ensaísta e crítico de arte Dionísio Bahule, de Moçambique.
O autor premiado, além de ter o conjunto de sua obra reconhecida, recebe uma láurea no valor de € 100 mil. Metade deste valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional.
“João Barrento é dos nomes mais representativos da literatura portuguesa. Sua trajetória de professor, pesquisador, prosador e tradutor constitui uma das mais sólidas bases humanísticas do nosso tempo. Particularmente, preso a perspectiva de seus estudos alemães. Ótimo tradutor, excelente ensaísta - de que cito especialmente a sua biografia do poeta alemão Hölderling. Merecido prêmio. Reconhecimento e aplauso”, afirmou o presidente da FBN, Marco Lucchesi.
Nos últimos anos, os vencedores do Camões foram Silviano Santiago (2022), Paulina Chiziane (2021), Vítor Aguiar e Silva (2020) e Chico Buarque (2019).