
Segundo o site agregador NicerOdds, esse é o quadro atual entre as principais casas de aposta na Europa (o número ao lado do nome se refere a quantas vezes a aposta poderia render):
- Can Xue: 5.00
- Jon Fosse: 6.00
- Gerald Murnane: 8.00
- László Krasznahorkai: 9.80
- Anne Carson: 10.00
- Ngugi Wa Thiong'o: 12.00
- Mircea Cartarescu: 12.00
- Lyudmila Ulitskaya: 12.00
- Thomas Pynchon: 12.00
- Raul Zurita: 15.00
- Yan Lianke: 15.00
- Haruki Murakami: 15.00
- Salman Rushdie: 15.00
- Pierre Michon: 15.00
- César Aira: 15.00
- Michel Houellebecq: 15.00
A partir daqui, todo este texto é composto por suposições (fica o aviso amigável para o leitor). As listas têm nomes que aparecem sempre e que nunca vão ganhar: Thomas Pynchon, Haruki Murakami e Michel Houellebecq. Outros também aparecem sempre e tem muita gente torcendo para que ganhem, como Ngugi Wa Thiong'o, Adonis e Maryse Condé – não seria surpresa se um deles levasse algum dia.
Entre os latinoamericanos, aparecem Raul Zurita (poeta chileno inédito no Brasil, mas muito reconhecido no mundo hispânico), Elena Poniatowska (escritora mexicana de 91 anos, vencedora do Prêmio Cervantes em 2013), e também César Aira – embora muitos escritores brasileiros admirem o colega argentino e sua literatura compulsivamente inventiva, no Twitter argentino houve um crítico que sugeriu que Aira poderia ganhar o Nobel de Medicina, já que seus livros encontraram a cura para a insônia.
Entre os nomes de língua portuguesa, aparecem os mesmos dois de sempre: Mia Couto, e, um pouco atrás, Antônio Lobo Antunes. Para o bem e para o mal, é altamente improvável que algum dos dois seja algum dia agraciado. Nenhum brasileiro é cogitado neste ano.
É também improvável (poderia se dizer impossível) que a Academia premie outro músico, por isso Paul McCartney, Paul Simon, Patti Smith e até Lana del Rey podem tirar o cavalinho da chuva.
Seria um prazer ver Anne Carson levar, mas o fato de Annie Ernaux ter levado no ano passado impede uma pessoa com o mesmo nome repetir o feito neste ano. O idioma francês também é um inimigo, pelo menos na escolha deste ano, de Scholastique Mukasonga, escritora de Ruanda prestigiadíssima por onde passa, inclusive com uma visita marcante ao Brasil, onde tem seus livros publicados pela Nós.
A disputa deve ficar mesmo entre Can Xue e Jon Fosse. O último nascido na China a levar o Prêmio foi Mo Yan, em 2012, e a Noruega já teve três laureados: Bjørnstjerne Martinus Bjørnson (1903), Knut Hamsun (1920), Sigrid Undset (1928) – portanto, há quase 100 anos. Em tempos de conflito na Europa, não é impossível que os suecos queiram fazer uma política da boa vizinhança e premiem mesmo Jon Fosse.
Neste mês de outubro, a Companhia das Letras colocou nas prateleiras das livrarias o romance É a Ales, traduzido por Guilherme da Silva Braga. Segundo a editora, o livro é "um romance hipnótico e inesquecível de um dos grandes nomes da ficção literária norueguesa. Livro vencedor do Norwegian Critic's Prize e finalista do International Booker Prize". Adicionar o Nobel a essa lista seria, certamente, um impulso na comunicação do livro.