Conselheiros da Saraiva renunciam e manifestam insatisfação com os rumos da empresa
PublishNews, Guilherme Sobota, 19/09/2023
Novos desdobramentos para o futuro companhia devem ser definidos em assembleia nesta sexta-feira (22)

Saraiva passa por crise política e de governança | © Luciana Sousa
Saraiva passa por crise política e de governança | © Luciana Sousa
A crise na Livraria Saraiva ganhou um novo episódio nesta segunda-feira (18): depois da acionista Alyssa Bruscato (então a segunda maior da empresa) ter reduzido sua participação a quase zero, o conselheiro Aaron Bruxel Rabeno, membro independente do Conselho de Administração, renunciou ao cargo. O mesmo ocorreu com a conselheira Francine Nunes de Souza Bruscato Costa, no Conselho Fiscal.

Em uma dura carta enviada a Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração, e obtida pelo PublishNews, o agora ex-conselheiro manifesta grande insatisfação com os rumos da empresa.

"Como é do conhecimento deste Conselho, tenho sido uma voz dissonante há mais de um ano com relação ao pagamento da remuneração da KR Capital", escreve Rabeno. "Em várias oportunidades mencionei minha contrariedade a tais pagamentos e a forma como o mesmo foi negociado e supostamente aprovado. (...) e, por fim, a ata do Conselho de Administração, de dezembro de 2020, que aprovou a primeira contratação da KR capital, com evidências de adulteração".

Em fato relevante divulgado ao mercado na segunda (18), a empresa informou que "oportunamente, adotará as providências necessárias para a indicação de membro substituto, nos termos do seu Estatuto Social e da legislação aplicável".

Em um comunicado nesta terça-feira (19), a empresa ressaltou que a recuperação judicial e o cenário econômico do varejo fizeram a atividade da companhia se reduzir "e, infelizmente, alguns pagamentos, inclusive o de Conselheiros, estão atrasados, o que, provavelmente irá gerar outras renúncias de conselheiros eleitos".

Uma assembleia no dia 23 de agosto aprovou as contas da Saraiva de 2022, e também decidiu pela conversão das ações preferencias em ações ordinárias – isso faria com que a empresa não tivesse mais um controlador definido (hoje, a família Saraiva). Uma nova assembleia geral, marcada para esta sexta-feira (22), vai definir se a decisão será confirmada e quais serão os próximos passos da empresa. Se a decisão for ratificada, "a nova base acionária irá requerer a eleição de novo conselho de administração, ou ainda, se os conselheiros atualmente eleitos terão interesse em se manter no cargo tendo em visto o novo perfil acionário da Companhia".

Outro questionamento do ex-conselheiro diz respeito à aprovação das contas, nesta Assembleia de agosto. "Ocorre, no entanto, que na última Assembleia Geral Ordinária da Companhia, realizada em 23 de agosto de 2023, a lei foi claramente descumprida", alega Rabeno na carta. "Aqueles que deveriam segui-la agiram para impedir que as contas fossem reprovadas e, por conseguinte, que os acionistas pudessem adotar as medidas cabíveis e legais com relação à responsabilização dos administradores que aprovaram a contratação e os pagamentos à KR capital. Se as disposições legais são respeitadas apenas quando é conveniente para os controladores e/ou administradores, é impossível exercer o cargo de conselheiro da forma como a lei determina e no melhor interesse da Companhia", escreveu.

O PublishNews perguntou à Saraiva sobre a aprovação das contas, e mantém o espaço aberto para um posicionamento da empresa.

[19/09/2023 10:20:00]