Um grupo de advogados ligados a credores da Saraiva Livreiros S.A. vai entrar nos próximos dias com uma petição ao juízo da recuperação judicial do grupo para solicitar informações sobre contratos da Saraiva com a KR Capital.
Na Proposta da Administração divulgada para a próxima Assembleia, consta justamente um "novo aumento de capital social da Companhia, mediante a capitalização de créditos, em até R$25.722.161,16", com com emissão de ações preferenciais neste valor.
O procedimento vem sendo adotado pela rede como forma de expansão nos últimos meses. Se o aumento for aprovado na AGE, uma consequência seria a diluição da porcentagem dos atuais acionistas.
A KR é a empresa que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021 e que atualmente trabalha na renegociação das dívidas.
O questionamento de credores e acionistas se dá porque as ações emitidas para a KR não teriam as mesmas condições de mercado das ações que foram emitidas nos últimos meses para eles, que tiveram "deságio de 80% e lockup de três anos para conversão de forma irrevogável e irretratável de seus créditos com a Saraiva".
Em nota enviada ao PublishNews nesta terça-feira (17), a Saraiva afirmou que "as informações solicitadas em juízo sobre a conversão de dívidas fora do período da Recuperação Judicial (RJ) – ou seja, que não integram o escopo da RJ – foram fornecidas ao Administrador Judicial da Saraiva na última segunda-feira, 16/01".
Assembleia
Nesta segunda (16), a Saraiva divulgou a convocação oficial para a Assembleia Geral Extraordinária remarcada para o dia 31 de janeiro de 2023, às 7h, por meio digital.
A AGE havia sido adiada no dia 9 de janeiro após uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O colegiado da CVM acatou um pedido da acionista Alyssa Bruscato, detentora de 15% do capital social com direito a voto na empresa.
Entre os outros itens, também estão na pauta: deliberar sobre o aumento do número de ações que podem ser destinadas à outorga de opções de compra de 42.855 (quarenta e duas mil oitocentas e cinquenta e cinco) para 1.000.000 (um milhão); deliberar sobre a alteração da competência para constituição de procurador; e deliberar sobre a consolidação do Estatuto Social da Companhia.
Outro lado
Desde a semana passada, a Saraiva sustenta que todos os contratos estão de acordo com decisões tomadas em Assembleias, compartilhadas e aprovadas com a CVM e outras instância necessárias e que há transparência nos termos da Lei. O contrato com a KR teria sido aprovado pelo Conselho de Administração da empresa antes de Guedes se tornar CEO.
Veja a nota da Saraiva enviada ao PN nesta terça-feira (17):
"A Livraria Saraiva ressalta que preza pelo mais alto grau de governança e transparência nas informações prestadas aos respectivos órgãos fiscalizadores e de controle.
Nesse sentido, vale esclarecer que todas as informações solicitadas em juízo sobre a conversão de dívidas fora do período da Recuperação Judicial (RJ) – ou seja, que não integram o escopo da RJ – foram fornecidas ao Administrador Judicial da Saraiva na última segunda-feira, 16/01. Os esclarecimentos pertinentes serão prontamente prestados ao Juiz responsável pela RJ, sempre de acordo com os ritos e prazos do judiciário.
A respeito do adiamento da AGE, a companhia informa que ocorrerá no próximo dia 31/01, cumprindo o prazo de 21 dias estabelecido pela CVM, e não gera qualquer risco e/ou ameaça ao cumprimento do atual Plano de Recuperação Judicial da Saraiva."