Três Perguntas do PN para Thais Bergmann, autora de 'E foi assim que tudo mudou'
PublishNews, Guilherme Sobota, 15/09/2023
Escritora viu seu livro ser o mais vendido do Boulevard Literário da Bienal do Livro Rio 2023, superando Colleen Hoover e Turma da Mônica no espaço

Formada em escrita criativa e influenciadora literária na web, a escritora catarinense Thais Bergmann se dedicou a conversar com os leitores no estande da Astral Cultural dentro do Boulevard Literário da última Bienal do Livro Rio. O resultado: seu livro foi o mais vendido do espaço, superando por ali as vendas de nomes como Colleen Hoover, Matt Haig e até da Turma da Mônica.

E foi assim que tudo mudou (Astral Cultural), sua oitava publicação, mas a primeira por uma editora tradicional, trata de um assunto sensível: a personagem principal tem fotos íntimas vazadas na internet por um ex-namorado. Segundo a editora, o livro é também uma "mensagem de apoio da autora Thais Bergmann aos que já viveram um pesadelo como este".

Thais Bergmann respondeu a três perguntas do PublishNews:

– Como você avalia que o seu trabalho na internet como influenciadora afeta os resultados de vendas dos seus livros?

Eu acredito que meu trabalho como influenciadora afeta diretamente as vendas dos meus livros. Era mais fácil de acompanhar os resultados nos meus e-books independentes, já que tinha acesso direto e quase imediato ao número de vendas. Era possível ver um aumento de vendas sempre que algum vídeo meu performava bem – mas sei que isso também se deve ao fato de os e-books terem um valor mais acessível. Agora, com o livro físico, fica um pouco mais complicado de quantificar, mas ainda assim consigo ver a diferença que minha presença na internet causa não só no número de vendas. Isso ficou muito claro na Bienal do Livro Rio, por exemplo, quando várias meninas me falaram que já tinham visto meu livro no Instagram ou no TikTok e que estavam pensando em comprá-lo por causa disso.

– Você acredita que há temas especiais em alta neste momento na literatura voltada para jovens leitores no Brasil? O livro por exemplo trata de imagens nas redes sociais e outros tipos de exploração, certo?

Eu tenho um pouco de dificuldade de me manter atenta ao que está “em alta”, principalmente porque demora um certo tempo entre o processo de escrever e o livro de fato ser publicado, então os temas em alta provavelmente não serão os mesmos. No meu caso, sempre procuro temas que considero pertinentes para serem discutidos e que tem relevância na vida dos jovens. Hoje, acho que é praticamente impossível escrever sobre e para adolescentes sem abordar redes sociais e os efeitos – tanto positivos quanto negativos – que elas têm. Eu decidi tratar sobre vazamento de fotos íntimas em E foi assim que tudo mudou porque é algo que, infelizmente, se faz muito presente na vida das adolescentes e, com os jovens tendo acesso a internet cada vez mais cedo, acredito que ainda vá ser uma discussão relevante por muito tempo.

– O que a experiência de lançar por uma editora tradicional afetou na sua carreira, na sua avaliação?

Apesar de fazer pouco tempo desde a publicação de E foi assim que tudo mudou, já consigo ver diversas mudanças que a publicação tradicional trouxe para a minha carreira. A maior de todas é, com toda a certeza, a possibilidade de chegar a novos leitores que eu jamais alcançaria sozinha. Ainda é surreal ver meu livro em livrarias de todo o Brasil, e é muito gratificante pensar que ele está conquistando um espaço próprio, sem estar, necessariamente, atrelado aos conteúdos que eu crio na internet. Além desse alcance, também já é possível notar a diferença de como o próprio mercado me enxerga. Muitas oportunidades surgiram desde que anunciei a publicação com a editora e acredito que muitas outras virão em um futuro próximo. Com certeza, a publicação tradicional abre muitas portas que eu jamais conseguiria abrir no mercado independente.

[15/09/2023 09:30:00]