O romancista norte-americano Cormac McCarthy morreu na sua casa, em Santa Fe (Novo México), nesta terça-feira (13), aos 89 anos. A informação foi confirmada pela Editora Knopf, selo que publicava suas obras nos EUA. No Brasil, seus livros eram publicados pela Alfaguara, do Grupo Companhia das Letras.

Considerado uma das maiores vozes da literatura norte-americana, o autor escreveu livros seminais como Meridiano de sangue, Todos os belos cavalos, A travessia, Onde os velhos não têm vez e A estrada.

McCarthy nasceu em Rhode Island, EUA, em julho de 1933. Recebeu prêmios como o Pulitzer, o National Book Award, o National Book Critics Circle Award e o Faulkner Award. Ano passado, após um hiato de dez anos, publicou o díptico O passageiro e Stella Maris.

Em suas obras, explorava temas como violência, existencialismo, forasteiros e relações familiares de forma eloquente, clássica e memorável.

Neste seu livro mais recente (Stella Maris), o autor mergulha na vida de Alicia, internada no hospital psiquiátrico Stella Maris no início dos anos 1970. Em sessões com seu terapeuta, ela aos poucos narra sua história, num retrato íntimo sobre a perda, a saudade e a loucura. "McCarthy volta com dois golpes em sequência […]. O esperado retorno de uma lenda", escreveu a Esquire na ocasião do lançamento.

Em outubro do ano passado, foi publicada uma reunião de raras entrevistas com McCarthy que eram dadas como perdidas. O Journal Cormac McCarthy (Penn State University Press), publicação dedicada a seu trabalho, resgatou dez entrevistas que o autor deu entre 1968 e 1980 para pequenos jornais no Kentucky e no Tennessee, região onde morava. São entrevistas descontraídas, nas quais ele fala sobre seus hábitos de leitura e de como, junto com sua esposa, reconstruiu com as próprias mãos um antigo celeiro.

Autor recluso, ele não saía em turnês e tampouco dava entrevistas com frequência. Apesar disso, ele também escrevia ocasionalmente para cinema e televisão. Um de seus roteiros inspirou a trilogia Border, e os irmãos Coen adaptaram ao cinema seu romance no filme Onde os fracos não têm vez (2007), que levou o Oscar de melhor filme.

McCarthy escreveu o roteiro de O conselheiro do crime (2013), um thriller policial violento e sinuoso de Ridley Scott sobre um advogado do Texas (Michael Fassbender) envolvido no tráfico de drogas. Segundo o The Washington Post, ele também escreveu duas peças, The Stonemason (1995) e The sunset limited (2006), que foi adaptado em 2011 para filme pela HBO, estrelado por Samuel L. Jackson.

"Cormac McCarthy mudou o curso da literatura", disse o CEO da Penguin Random House, Nihar Malaviya, em um comunicado. "Por 60 anos, ele demonstrou uma incansável dedicação à sua arte, e a explorar as possibilidades infinitas e o poder da palavra escrita".