Adriana Vieira Lomar é vencedora do 7º Prêmio Kindle de Literatura
PublishNews, Guilherme Sobota, 28/02/2023
“O prêmio talvez signifique mais leitores num país de não-leitores. Estou muito feliz, ainda não acredito”, disse a autora de 'Ébano sobre os canaviais' logo após a premiação

A escritora Adriana Vieira Lomar e o Prêmio Kindle de Literatura | © Erick Haddad / Amazon
A escritora Adriana Vieira Lomar e o Prêmio Kindle de Literatura | © Erick Haddad / Amazon
A escritora Adriana Vieira Lomar é a vencedora do 7º Prêmio Kindle de Literatura, com o livro Ébano sobre os canaviais. O livro foi autopublicado na plataforma KDP, da Amazon, e foi anunciado como vencedor do prêmio na noite desta segunda-feira (27), em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

“O prêmio talvez signifique mais leitores num país de não-leitores. Estou muito feliz, ainda não acredito”, disse a autora logo após a premiação. Ela conta que cresceu ouvindo histórias sobre uma trisavó, negra e alforriada, mas que nunca soube seu nome, mesmo depois de uma pesquisa por documentos e até cemitérios. O livro foi escrito então como uma forma de homenagem. No discurso de aceitação do prêmio, a autora leu um trecho da obra, dedicada justamente à sua ancestralidade.

A autora receberá R$ 50 mil, que inclui um prêmio em dinheiro de R$ 40 mil e um adiantamento de direitos autorais de R$ 10 mil pelo contrato de publicação da versão impressa do livro pelo Grupo Editorial Record, parceiro do Prêmio, no selo José Olympio. Adriana também é autora de Aldeia dos mortos (romance, Ed. Patuá, 2020) e Ambiguidades (contos, Ed. Penalux, 2021).

O livro

Segundo a Amazon, em Ébano sobre os canaviais Adriana Vieira Lomar remonta ao final do século XIX, quando José foge da peste em Portugal, e no Brasil se apaixona por Ébano, alforriada e filha da escravizada Shakina. Apesar de ser livre, a sociedade recrimina a união do casal, e Ébano renuncia à maternidade do filho Zeca. Quase dois séculos depois, Maria Antonieta, uma personagem racista e com complexo de superioridade com relação aos seus antepassados, trilha uma jornada de autoconhecimento após se separar do marido e, assim, descobre sua verdadeira origem e coloca em xeque os seus preconceitos e comportamentos.

"Três histórias em uma. Vidas que se entrelaçam desde o tempo da escravidão e imigrantes portugueses. A difícil vida de negros que são escravizados, a dura realidade de imigrantes portugueses que chegam ao Brasil. Um texto detalhado, rico, uma história muito bem contada, desenhada, envolvente e que faz você sentir todos os dramas e angústias de seus personagens", comentou a jurada Sueli Carneiro sobre o enredo da obra vencedora, em nota.

Já Jeferson Tenório, também membro do júri, analisou a técnica da narrativa empregada pela autora: “o livro carrega uma estrutura narrativa sofisticada e dinâmica, costurando tempos diversos e, desse modo, construindo um panorama do processo escravista no Brasil através da ficção. Traz também aspectos interessantes como a memória e a ancestralidade. Além disso, as personagens apresentam complexidade e profundidade necessárias, como é o caso de José, Ébano e Maria Antonieta. A linguagem é bem construída e apresenta uma aparente simplicidade e lirismo o que deixa o texto fluído e com qualidade linguística”.

A terceira jurada foi a escritora Ana Maria Gonçalves, que esteve presente na cerimônia de premiação na segunda-feira (27). "Muitas vezes a gente se viu diante de frases como 'o romance morreu', mas eu acho que não", comentou a autora, após receber uma homenagem. "Somos imortais, e não somos poucos", disse, referindo-se a escritores e leitores.

O gerente-geral de livros da Amazon, Ricardo Perez, afirmou que o Prêmio chegar à 7ª edição é um reforço do compromisso da empresa com o longo prazo no Brasil. "Essa premiação mostra que a tecnologia não é um obstáculo para fomentar leitura, e pelo contrário, pode ser um estímulo. O KDP é um elo entre autores e leitores", comentou.

Entre outros presentes, estavam Cassiano Elek Machado, coordenador editorial do Grupo Record, Livia Vianna, editora-executiva da José Olympio, os cinco autores finalistas, incluindo a vencedora Adriana Vieira Lomar (Alice Betânia Miranda, Andre L. Braga, Jadna Alana, e Walther Moreira Santos), Marília Marton, secretária de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo; e Fernando Padula Novaes, secretário municipal de Educação de São Paulo, além de outros nomes da comunidade literária.

O Prêmio Kindle de Literatura já premiou os escritores Gisele Mirabai, por Machamba; Mauro Maciel, por O memorial do desterro; Eliana Cardoso, por Dama de paus; Barbara Nonato, por Dias vazios; Marília Arnaud, por O pássaro secreto; e Vanessa Passos, colunista do PublishNews, por A filha primitiva.

[28/02/2023 09:30:00]