Autores contemporâneos premiados: onde eles estão hoje em dia?
PublishNews, Beatriz Sgrignelli, 16/02/2023
Escritores e escritores da literatura brasileira contemporânea colecionam prêmios literários; relembre alguns deles e saiba de suas obras mais recentes

Os prêmios literários são conhecidos por consagrar grandes autores com troféus, publicações e outras bonificações, mas a ideia das distinções vai além: quando um nome é chamado ao palco – ou anunciado nas redes sociais – para receber as homenagens, ele é colocado sob o holofote da indústria do livro.

Assim, autores apontados por prêmios normalmente crescem na carreira e ficam cada vez mais em evidência – ao ganhar um Jabuti, ou mesmo um prêmio menos conhecido, é comum que o autor vire referência também para as livrarias, vendendo mais livros.

O PublishNews reuniu uma lista de ganhadores de alguns dos principais prêmios de literatura de língua portuguesa, desde 2003, para compilar como e onde eles estão, quais suas conquistas pós prêmios e qual a importância de permanecer ligado nos anúncios de novos nomes no cenário editorial.

  • Ana Miranda

A autora foi ganhadora do Jabuti e do Prêmio da Academia Brasileira de Letras, ambos em 2003, com o livro Dias e dias, publicado pela Companhia das Letras. Depois desse prêmio, deu uma pausa em suas publicações, só voltando a lançar um novo livro em 2009, com um infantil intitulado Yuxin, alma, da mesma editora. Em 2016, volta aos finalistas do Jabuti com biografia Xica da Silva: a Cinderela negra (Record), que ficou em segundo lugar na premiação. Atualmente, Ana Miranda vive no Ceará, inspirada pelas paisagens de sua infância, jangadas, rendeiras, coqueiros, e o mar.

  • Bernardo Carvalho

Em 2003, Bernardo Carvalho e o seu Nove noites entraram de vez no radar da indústria do livro quando o Prêmio Oceanos (conhecido até 2014 como Prêmio Portugal Telecom de Literatura) os colocou em primeiro lugar. Batendo na trave em 2003 com o terceiro lugar no Prêmio Jabuti, Bernardo Carvalho se consagrou no ano seguinte, levando o prêmio com seu livro Mongólia (Companhia das Letras). Em 2008, ficou com a segunda colocação do Jabuti com outro de seus livros, O Sol se põe em São Paulo. Em 2014, de volta às prateleiras, recebeu novamente o Jabuti por Reprodução, mais um título lançado pela Companhia das Letras. Nos dias atuais ainda escreve livros pela mesma editora, sendo seu lançamento mais recente O último gozo do mundo, publicado em 2021.

  • Maria Valéria Rezende

Além de escritora, é formada é literatura e Pedagogia. Ganhou o Prêmio Jabuti em 2009 com o livro infantil No risco do caracol (Autêntica), em 2013 com Ouro dentro da cabeça (Autêntica) e em 2015 se consagrou com um dos prêmios principais, Romance Literário com a obra Quarenta dias (Alfaguara). Em janeiro de 2017, a escritora recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura pelo livro Outros Cantos (Alfaguara). Atualmente, a autora toca também um dos seus projetos de vida, o Mulherio das Letras, um coletivo literário feminista que reúne cerca de sete mil escritoras, editoras, ilustradoras, pesquisadoras e livreiras, entre outras mulheres ligadas à cadeia criativa e produtiva do livro, no Brasil e no exterior, a fim de dar visibilidade, questionar e ampliar a participação de mulheres no cenário literário.

  • Milton Hatoum

Seu principal livro, Dois irmãos (Companhia das Letras), ganhou o Jabuti em 2001 e estreou nas telas com uma adaptação de série para a Globo. Em 2006, mais um no primeiro lugar: Cinzas do norte, também pela Companhia. Seus livros já venderam mais de 200 mil exemplares no Brasil e foram traduzidos em oito países, como a Itália, os Estados Unidos, a França e a Espanha. Atualmente, continua ativo nas redes sociais, mas sem novas publicações de livros desde Pontos de fuga (2019).

  • Carol Bensimon

Escritora e tradutora, Carol já escreveu para a revista Piauí e os jornais Zero Hora, O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. Foi uma das finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Autor estreante, e ganhou o Prêmio Jabuti em 2018, com o livro O clube dos jardineiros de fumaça (Companhia das Letras). A autora vive na Califórnia, esteve presente na Flip 2022 e seu último trabalho foi com o livro Diorama (Companhia das Letras).

  • Cristóvão Tezza

Cristovão Tezza não era nenhum iniciante quando publicou O filho eterno (Record), em 2007. Ele já havia levado prêmios da Biblioteca Nacional, da Academia Brasileira de Letras e Bravo!, bem como um terceiro lugar no Jabuti com sua obra O fotógrafo (Rocco). Mas com o retorno à Record com o livro sobre a relação entre um pai e seu filho com síndrome de Down, ele amealhou praticamente todos os prêmios dos anos seguintes: Zaffari & Bourbon 2009, Portugal Telecom 2008, São Paulo de Literatura 2008, Jabuti 2008, Bravo! 2008 e APCA 2007, além de prêmios internacionais. Mais recentemente, em nova mudança, está publicando suas obras pela Todavia. O livro mais recente é Beatriz e o poeta (2022).

  • Daniel Galera

O escritor e tradutor já ficou duas vezes com o terceiro lugar no Jabuti, mas foi no Prêmio São Paulo de Literatura de 2013 que o escritor porto alegrense conquistou a categoria Melhor Livro do Ano, com a obra Barba ensopada de sangue (Companhia das Letras). O autor ainda se dedica à escrita e à tradução. Seu livro autoral mais recente é O deus das avencas (2021).

  • Edney Silvestre

Jornalista consagrado, teve o seu livro de estreia contemplado com o primeiro lugar do Jabuti 2010. Se eu fechar os olhos agora (Record) foi também recorde de vendas no Brasil e internacionalmente. Ele também levou para a casa o Prêmio São Paulo de Literatura daquele ano com essa mesma obra, na categoria Melhor Livro de Autor Estreante. Depois, em 2013, lançou Vidas provisórias (Intrínseca), que ganhou nova edição pela Globo Livros com capítulos extras em 2021. É jornalista e já trabalhou na rede Globo, onde apresentou de 2002 a 2017 o programa Globo News Literatura.

  • Silviano Santiago

O poeta, contista e romancista brasileiro foi reconhecido pelo grande público depois de ganhar o Prêmio Jabuti em 1982 com o livro Em liberdade (republicado recentemente pela Companhia das Letras). Entretanto, os profissionais e estudantes de literatura já sabiam do potencial e da grandeza de Santiago na escrita. Depois desse prêmio, entre outras diversas conquistas e distinções, Silviano foi agraciado com o Prêmio Camões em 2022, o maior da língua portuguesa.

  • Maria Fernanda Elias Maglio

A carreira de Defensora Pública não impediu Maria Fernanda de escrever livros. Em 2017, publicou seu primeiro livro, intitulado Enfim, imperatriz (Editora Patuá), com o qual foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura e ganhou o Jabuti na categoria Contos na edição de 2018. Atualmente mora em São Paulo e continua escrevendo, permeando entre poesia e romance, como com os livros 179. Resistência (Patuá) e Você me espera para morrer?, em formato digital.

  • Julián Fuks

Filho de pais argentinos, o autor já ganhou o Prêmio Jabuti em 2016, com A resistência (Companhia das Letras) e levou também o 10ª Prêmio Jose Saramago de Literatura. No Oceanos, ficou em segundo lugar, atrás apenas de José Luís Peixoto com Galveias. Em 2022, Julián lançou o livro Lembremos do futuro, pela Companhia das Letras, uma coletânea de trinta crônicas publicadas originalmente no site Ecoa, do portal UOL.

  • Tiago Ferro

Tiago emplacou um romance nos mais lidos logo no primeiro lançamento. Seu romance de estreia, O pai da menina morta (Todavia), é inspirado em seu próprio. O livro ganhou reconhecimento em 2019 com Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Autor Estreante e o Prêmio Jabuti de Melhor Romance do mesmo ano. Foi publicado também em Portugal, Colômbia e Argentina. Atualmente, além de escritor e editor, é um dos fundadores da e-galáxia e da revista Peixe-Elétrico e escreve ensaios sobre cultura para Piauí, Cult e Suplemento Pernambuco e diversos outros veículos.

  • Marina Colasanti

Jornalista, escritora e tradutora, Colasanti também colecionou prêmios na literatura. Com seis Jabutis na gaveta, a autora levou, entre outros, o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional em 2009. Um dos seus principais livros é o famoso Breve história de um pequeno amor (FTD Educação), que junta a literatura infantil com uma prosa poética. A autora coleciona mais de 70 obras publicadas para os mais diversos públicos, entre poesia, contos, crônicas e traduções. Muito ativa em suas redes, com 85 anos recém completos, Marina segue publicando crônicas em seu site, oferecendo clubes de leitura e participando de eventos nacionais e internacionais de literatura.

  • Rafael Gallo

O autor brasileiro coleciona prêmios, mesmo tendo apenas 41 anos de idade. Ele ganhou o Prêmio José Saramago em 2022, com Dor fantasma, o Prêmio São Paulo de Literatura em 2015, com Rebentar, e o Prêmio Sesc de Literatura em 2012 com Réveillon e outros dias. O nome de Gallo promete estar em cena nos próximos anos no mercado editorial. Dor fantasma será publicado pelo selo Biblioteca Azul, em março de 2023.

[16/02/2023 09:00:00]