Os dois livros trafegam pelo cenário físico e social da cidade, marcada por desigualdades e idealizações, em registros ora mais e ora menos subjetivos.
Disritmia traz, segundo a editora "um mosaico de personagens faveladas". Intruso no Ciep, conto publicado na edição de novembro da revista Piauí, mostra a invasão de policiais a uma escola durante uma operação. Neste e em outros contos, Lincoln compartilha olhares de sua própria infância para abordar a vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante da violência, muitas vezes do próprio Estado. As histórias do autor, que é também jornalista, foram em boa parte inspiradas na sua própria criação no morro do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, uma das favelas mais populosas da cidade.
Para o escritor Rodrigo Santos, que assina a quarta capa, Disritmia não tem a pretensão de traduzir o universo da periferia como se ela fosse desconectada do restante da cidade. Em vez disso, compartilha e agrega um olhar de dentro. “Está tudo aí, toda a riqueza de um território potente em seus sonhos e cheio de vida, para bugar a cabeça de quem só vê ali ausência e morte”, analisa.
Já As despedidas é um livro híbrido, na fronteira entre contos e novela. Nele, uma personagem revela, em narrativas não lineares, cinco histórias de quando ela foi embora de um mundo – ou de quando um mundo foi embora dela. A orelha é assinada pela escritora Aline Bei, que considera As despedidas um livro sobre "deixar cidades, pessoas, medos, sonhos e seguir em frente, ainda que doa". A “ficção em cinco atos”, como Bacelar classifica a obra, faz referência a paisagens reais e imaginárias do Rio na maioria das histórias, que acompanham uma mulher da infância à maturidade.
Escrever Rios: A cidade e seus ritmos
Livraria Ponta de Lança (Rua Aureliano Coutinho, 26, Santa Cecília, São Paulo – SP)
Sábado, 28/1, 16h