Em capítulos curtos e buscando situações limites e tragicômicas, Minhocão faz da arquitetura do seu elevado de concreto a geografia dos que habitam os dois lados da “cicatriz” urbana, com suas vidas recônditas e alquebradas, dentro e fora dos seus apartamentos, com vistas para "o vazio e o nada" da metrópole. O escritor Diógenes Moura é um observador e perscrutador da região em que mora em São Paulo, o bairro Campos Elíseos e seus entornos, desde 1989, vindo de Salvador, a cidade que primeiro o recebeu com sua família pernambucana.
Na metrópole, o autor construiu sua literatura, demarcada por personagens que lidam com seus "abismos, abandonos e loucuras, tendo no retrovisor suas vidas atordoadas e/ou desfeitas em seus lugares de origem, restando à cidade de São Paulo a missão de perpetuar ou encurtar suas existências", de acordo com a editora.
Em seu novo livro, Diógenes aproveita a experiência de ter frequentado por sete anos o Elevado Presidente João Goulart com uma caderneta, um lápis e um olhar atento não somente para o que acontecia em seus caminhos de concreto, mas, principalmente, para os habitantes dos apartamentos que margeiam os dois lados do viaduto.