Quadrinista brasileira acusa criadores de série da Netflix de plágio
PublishNews, Redação, 21/11/2022
Mary Cagnin acusou de plágio os criadores da série '1899', nova produção da plataforma de streaming com destaque global

Imagens usadas por Mary Cagnin para comparar os trabalhos
Imagens usadas por Mary Cagnin para comparar os trabalhos
A ilustradora e quadrinista brasileira Mary Cagnin acusou de plágio os criadores da série 1899, nova produção da Netflix com destaque global. Seu post no Twitter apontando as semelhanças entre o seu quadrinho Black Silence, publicado em 2017, já tinha cerca de 300 mil curtidas e compartilhamentos na manhã desta segunda-feira (21). Os autores da série – os roteiristas alemães Jantje Friese e Baran bo Odar – também se manifestaram e negaram qualquer possibilidade de plágio.

Após apontar similaridades entre o quadrinho e a série, Cagnin explicou sua principal suspeita: “Em 2017 fui convidada pela embaixada brasileira a participar da Feira do Livro de Gotemburgo, uma feira internacional muito famosa e influente na Europa. Participei de painéis e distribuí o quadrinho Black Silence para inúmeros editores e pessoas do ramo. Não é difícil de imaginar o meu trabalho chegando neles. Eu não só entreguei o quadrinho físico como disponibilizei a versão traduzida para o inglês”, escreveu nas redes sociais.

Em seguida, explicou que deve procurar orientação sobre o caso. “Inúmeras pessoas no inbox do Insta comentando sobre as similaridades. Vou ver os procedimentos que devo tomar. Se é que é que há algo que possa ser feito”, disse. O quadrinho está disponível para leitura no site oficial da autora.

Nesta segunda, a criadora de 1899, Jantje Friese (a mesma de Dark), usou também as redes sociais para se pronunciar. “Não postei nada em anos porque francamente acho que redes sociais se tornaram tóxicas. As últimas 24 horas provaram isso novamente. O contexto: uma artista brasileira alegou que roubamos do seu romance gráfico. Para ficar claro: nós não roubamos! Até ontem não estávamos sequer cientes da existência desse livro. Ao longo de dois anos, colocamos dor, suor e exaustão na criação de 1899. É uma ideia original, não baseada em nenhum material. Mesmo assim, fomos bombardeados com mensagens – algumas delas feias e dolorosas. Alguém levanta um alarme falso e todo mundo cai nessa, nem mesmo checando se as alegações fazem sentido. Claro, se isso for um esquema para vender mais quadrinhos: jogou bem”.

De acordo com Cagnin – vencedora, em março, do Troféu Angelo Agostini, como melhor roteirista do ano –, são muitos os elementos que estavam no seu quadrinho e que estão na série. “Está tudo lá: A pirâmide negra. As mortes dentro do navio/nave. A tripulação multinacional. As coisas aparentemente estranhas e sem explicação. Os símbolos nos olhos e quando eles aparecem. As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas”, escreveu.

Série com produção original da Netflix, 1899 estreou na quinta-feira, dia 17 de novembro, e segundo a plataforma, conta “a viagem de um grupo de imigrantes a caminho do novo continente se transforma em um pesadelo quando encontram outro navio à deriva. Dos mesmos criadores de Dark”.

Nas redes sociais, fãs e colegas se manifestaram com sugestões, inclusive de advogados, demonstrações de apoio à artista brasileira, mas também apontando semelhanças entre as duas obras e outras, antigas, como o filme The Void (2016) e jogo de videogames Control (2019).

O PublishNews entrou em contato com a Netflix, que ainda não se pronunciou sobre o caso. Assim que houver um posicionamento, esta nota será atualizada.

[21/11/2022 09:00:00]