Apanhadão da semana: Ayelet Gundar-Goshen está no Brasil
PublishNews, Redação, 07/10/2022
A autora israelense participa de festival literário em São Paulo e deve falar de seu novo livro, 'Outro lugar', sobre que mãe que desconfia que seu filho cometeu um assassinato motivado por racismo

Ayelet Gundar-Goshen | © Divulgação
Ayelet Gundar-Goshen | © Divulgação
Na semana do Prêmio Nobel de Literatura e da eleição de Ruy Castro para a Academia Brasileira de Letras, outras notícias sobre mercado editorial podem ser garimpadas nos principais jornais do país. No Estadão, vale destacar a entrevista com Ayelet Gundar-Goshen [foto], autora israelense que lança o romance Outro lugar (Todavia), sobre uma mãe que desconfia que seu filho pode ter matado um colega de escola. O thriller psicológico mostra uma família israelense que mora na Califórnia. O filho adolescente Adam, garoto retraído com muitos problemas de comunicação com os pais, vai a uma festa da qual ele não queria participar e um garoto negro é assassinado. Ayelet, que é psicóloga, já publicou no Brasil Uma noite, Markovitch e Despertar os leões, também pela Todavia. Ela está em São Paulo como convidada do primeiro Festival Literário do Museu Judaico. A autora participa de uma mesa neste sábado (08), às 18h.

O Estadão publicou também reportagem original do New York Times sobre a reunião de entrevistas com o autor Cormac McCarthy que eram dadas como perdidas. Aos 89 anos, ele é um dos gigantes da literatura americana e voltou a ser assunto midiático ao lançar dois novos títulos este ano. O Journal Cormac McCarthy, publicação dedicado a seu trabalho, resgatou dez entrevistas que o autor deu entre 1968 e 1980 para pequenos jornais no Kentucky e no T|ennessee, região onde morava. São entrevistas descontraídas, nas quais ele fala sobre seus hábitos de leitura e de como, junto com sua esposa, reconstruiu com as próprias mãos um antigo celeiro.

O Valor trouxe entrevista com Otávio Marques da Costa, o publisher da Companhia das Letras que está à frente da maioria dos selos adultos da editora. Além de coordenar a produção de todos os lançamentos de sua alçada, Otávio também faz as vezes de editor de inúmeras obras, sobretudo as de não ficção. “Entre tudo o que faço, trabalhar nos textos é o que me dá mais satisfação. É quase uma meditação, que me isola do mundo para intervir, com muito cuidado, nos textos dos nossos autores”, conta o publisher.

O Globo relatou que um empresário comprou sete manuscritos de Jorge Luis Borges (1899-1986) por cerca de meio milhão de dólares e prometeu doá-los para que fiquem na Argentina. O conjunto de textos inclui alguns dos contos mais famosos do escritor, como A forma da espada, Três versões de Judas, As ruínas circulares, El Zahir e A casa de Asterion. Além dos sete manuscritos, o empresário, escritor e milionário Alejandro Roemmers comprou no pacote uma carta escrita por Borges. Os textos pertenciam à coleção do poeta e crítico literário Horácio Jorge Becco. Os originais estão agora guardados no cofre de um cartório em Buenos Aires, enquanto Roemmers estuda qual instituição argentina ficará com o material.

Também no Globo está a notícia que fãs de Game of thrones começam a articular um boicote ao novo livro de George R.R. Martin. No próximo dia 25 chega às livrarias nos EUA e na Europa The rise of the dragon: an illustrated history of the Targaryen dinasty ,volume one. Obra de referência que Martin sobre seu próprio trabalho, tem como coautores o casal Linda Antonsson e Elio M. Garcia Jr. E esses colaboradores, que já trabalharam com o autor do compêndio O mundo de gelo e fogo, em 2014, provocam toda a polêmica. Leitores da obra de Martin descobriram textos no blog do casal, alguns de dez anos atrás, com declarações consideradas racistas. Linda fez vários posts reclamando de escalação de atores negros em vários filmes.

A Folha publicou resenha de A morte de Vivek Oji (Todavia), de Akwaeke Emezi, que narra as agruras de jovem não binário na Nigéria. É um romance poderoso, um drama familiar no qual ecoam influências de Toni Morrison e Gabriel García Márquez. O personagem Vivek se comporta como um homem diante da família e de outra forma quando está com os amigos. Sua morte ocorre com sua feminilidade à mostra numa das suas raras saídas às ruas de Ngwa. É um livro complexo, muito além de uma história de transfobia.

Outro lançamento relevante também ganhou crítica na Folha. É Herança e testamento, da norueguesa Vigdis Horth, que registra uma guerra de narrativas em torno de abuso sexual. A autora nega ser autoficcional como seu conterrâneo Karl Ove Knausgard, mas afirma beber da realidade. Este é seu primeiro livro traduzido no Brasil, em lançamento da HarperCollins. A protagonista da história é abusada sexualmente pelo próprio pai e carrega o peso de repetir inúmeras vezes a própria história, sem ser ouvida pela mãe ou pelas irmãs. Está na relação entre elas o ponto-chave do livro.

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[07/10/2022 09:00:00]