
O carioca Lima Barreto (1881-1922) foi um expoente da literatura pré-modernista no Brasil. Além de livros completos, ele deixou boa parte de suas obras inacabadas ou impressas em jornais e revistas populares no início do século XX. Na verdade, o reconhecimento de sua obra só foi devidamente estabelecido após sua morte, embora Monteiro Lobato tenha elogiado muito o seu trabalho em 1916.
Negro, neto de uma escrava e filho que perdeu a mãe aos seis anos, começou a publicar colaborações em revistas e periódicos a partir de 1907. Chegou a editar algumas revistas e, em 1911, publicou nas páginas do Jornal do Commercio, em capítulos, Triste fim de Policarpo Quaresma. Em 1915, já passando por um longo processo de depressão e crises de alcoolismo, que renderam suas primeiras internações no ano anterior, ele pagou do próprio bolso a edição do romance em livro.
Em 1918, recebeu aposentadoria por problemas de saúde, quando se intensificaram os períodos de internação em clínicas médicas e psiquiátricas. O filme, baseado na peça homônima de Luís Alberto de Abreu, recria os três últimos dias que o autor passou no Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, em 1919, atravessando uma longa crise de alucinações.
O ator Luís Miranda interpreta o escritor, que discute muito com seu companheiro de quarto/cela, mas também tem conversas imaginárias com personagens de Policarpo Quaresma e com uma versão que ele cria de si mesmo quando tinha 30 anos, época em que escreveu seu mais famoso romance.
O filme ganhou prêmios de melhor roteiro e direção de arte no Festival de Cinema de Pernambuco, no ano passado. Luís Miranda é muito elogiado pelo trabalho, assim como Sidney Santiago Kuanza, que interpreta a versão mais jovem do escritor.
Lima Barreto teve quase 20 livros editados, mas apenas seis enquanto estava vivo. Entre as obras póstumas publicadas, seus títulos mais importantes são Clara dos Anjos (1948) e Cemitério dos vivos (1956).






