'Bolo' é o primeiro clube de assinatura para escritores
PublishNews, Thales de Menezes, 14/09/2022
A plataforma de autopublicação Clube de Autores oferece box mensal com material de orientação e aprendizado para quem está trilhando a carreira de escritor

Ricardo Almeida | © Divulgação
Ricardo Almeida | © Divulgação
Maior plataforma de autopublicação da América Latina, agora começando a operar também em Portugal, o Clube de Autores está lançando o Bolo, primeiro clube de assinaturas voltado para escritores. Ele oferece o envio mensal de um box com material para orientar o autor, iniciante ou não, visando aprimorar o desenvolvimento de sua carreira como escritor profissional.

Ricardo Almeida, CEO do Clube de Autores, falou com o PublishNews sobre essa empreitada inédita. O PN fez uma varredura virtual em busca de algo parecido e só encontrou inciativas pequenas, dentro de ambiente acadêmico, nenhuma com a proposta popular e abrangente do Bolo.

Já está no ar o bolo.clubedeautores.com.br, com duas opções de assinatura: mensal, a R$ 129,90 por mês, e trimestral, por R$ 359,70. Almeida dá a seguir detalhes do projeto.

PublishNews – Como nasceu a ideia do Bolo?

Ricardo Almeida Desde o comecinho do Clube de Autores, lá em 2009, a gente sempre foi torpedeado por dúvidas dos escritores. Como fazer para trabalhar o livro dele, como fazer para o livro ficar um produto bem-acabado, como fazer para divulgar, até técnicas e macetes para a construção de personagem, todo tipo de dúvida. Existem muitos cursos por aí, que variam de um dia a um mês, com preços que vão de R$ 100 a R$ 8 mil! Pensamos então em uma forma de dar orientação constante para os autores.

PN – Você pode resumir a proposta do Bolo?

RA – Ficou muito claro para a gente que não existe aquela fórmula mágica. Você não vai colocar seu livro dentro de um cano e uma semana depois sai um best-seller do outro lado. A gente deve trabalhar muito menos o livro e muito mais o autor. O sucesso do livro está intimamente ligado ao sucesso do autor ou à capacidade do autor de reverberar. Construir uma carreira literária não é um negócio que tem início, meio e fim, não é uma carreira fácil, como nenhuma carreira artística é fácil. É um aprendizado constante. Você pode passar 20 anos no mercado editorial e ele vai mudando. Portanto as técnicas tanto de construção de personagem quanto de divulgação também mudam. A construção de uma Ana Karenina foi absolutamente diferente da construção do Harry Potter, cada um responde a sua época.

A gente chama o clube de Bolo porque o que a gente quer, ironicamente, talvez paradoxalmente, é entregar uma espécie de receita de bolo para algo onde não existe uma receita. A ideia é basicamente entregar todos os ingredientes aos autores para que eles façam por suas próprias escolhas. É o primeiro clube de assinatura focado em escritor. Tem todo mês um tema diferente que a gente vai a abordar.

O tema do primeiro mês é “Bem-vindo à selva”. Esse vai ser o primeiro box para todos, independente de quando a pessoa ingressar no Clube, uma introdução à carreira literária. Dentro do material de cada mês tem impressos, e-books, itens colecionáveis, e na medida em que o assinante avança ele vai destrancando também aulas on-line, para que ele possa ir aprimorando os conhecimentos que a gente vai enviar mês a mês.

PN – É necessário acompanhar o material dos boxes seguindo a cronologia dos lançamentos?

RA – As aulas são interconectadas, porém eles não sequenciais, são independentes. O segundo box é sobre construção de personagem, uma imersão no tema, e o primeiro box não é essencial para que o assinante aproveite o segundo, o terceiro ou qualquer outro. Vamos falar de como trabalhar o texto, mas também de divulgação, chegar até a sutilezas como escolher o formato que o autor vai trabalhar. Obviamente a gente sempre recomenda a trabalhar em absolutamente todos os formatos. Se você vai trabalhar com impresso então precisa saber como escolhe o papel ideal. É importante considerar as experiências de leitura e deixar sua história disponível para todos os diferentes momentos. Quando seu leitor está correndo ou dirigindo o carro, o audiobook é fabuloso para isso. No ônibus ou no metrô, celular, Kindle ou iPad também são ótimas ferramentas. E quando ele quer simplesmente ter uma imersão mais absoluta na literatura, no sofá ou na cama, o livro impresso acaba respondendo melhor do que todos esses outros formatos. Vamos falar disso no Clube, até mesmo sobre fazer pequenas adaptações no texto de um formato para outro.

PN – Vocês criaram uma equipe para o Bolo?

RA – A gente trouxe para o projeto o crítico Juliano Loureiro, que tem um blog chamado Bingo, um dos mais acessados sobre literatura. Tem um foco muito grande em literatura independente. Ele está fazendo uma curadoria conosco para escolher os temas e criar os boxes. Podemos usar no conteúdo trabalhos de autores independentes contemporâneos brasileiros.

PN – Se uma pessoa descobrir o clube daqui a alguns meses e decidir participar, ela vai ter acesso aos boxes anteriores?

RA – Sim, estamos montando um banco para que todos os boxes permanecem acessíveis. Se o quiser adquirir um box anterior à entrada dele no clube ele vai ter essa opção de compra avulsa. Quem assinar nos próximos três meses receberá os três primeiros.

PN – Qual a expectativa de vocês quanto ao alcance que o clube pode conseguir?

RA – Não tínhamos ideia de quantos escritores iriam participar quando lançamos o Clube de Autores. Foi uma ótima surpresa. Hoje, 13 anos depois, temos cerca de 50 mil autores, por volta de 77 mil títulos. Obviamente, o novo clube é um modelo bem menor. Nosso objetivo é chegar ao final do ano com alguma coisa na casa dos 400 assinantes.

[14/09/2022 11:00:00]