Apanhadão: Os embates entre livrarias e editoras por descontos
PublishNews, Redação, 13/06/2022
Globo e a Folha comentam coletânea do autor modernista na qual professora da USP realça o erótico em sua obra; Valor publica reportagem sobre a briga entre editoras e livrarias por descontos para os compradores de livros

Mário de Andrade | © Divulgação SESC-SP
Mário de Andrade | © Divulgação SESC-SP
Em suas edições do final de semana, o Globo e a Folha destacaram a antologia Mário de Andrade: seleta erótica (Ubu), organizada por Eliane Robert Moraes, que oferece aos leitores um viés que, apesar de presente em toda a obra do escritor, até hoje havia escapado às maiores sistematizações de sua obra. A professora de literatura brasileira da USP foca o aspecto formal da produção do autor, fazendo com que “a matéria lúbrica seja muitas vezes apresentada de forma enigmática, exigindo um razoável esforço de decifração por parte do leitor”. O erotismo se descortina em textos que, antes, eram lidos sem perceber uma “pornografia organizada”.

O Valor publicou extensa matéria que pretende explicar a briga entre livrarias e editoras por descontos. Ouvindo vários players do mercado, o texto enumera as discussões sobre descontos, formação de leitores e divisão de riscos. Há muitas pontes de colaboração entre editoras e livrarias, mas alguma tensão nasce na venda direta das editoras ao público, o que para alguns significa que elas passam de parceiras a concorrentes das lojas.

O Valor trouxe também crítica de O involuntário ato de respirar (Dublinense), de JJ Bola, autor congolês que mora em Londres, assim como seu personagem, Michael Kabongo. Professor numa escola de periferia, Michael vive uma crise profunda de desconexão com a própria vida. Decide então ir para os EUA com todas as suas economias, pouco mais de US$ 9 mil, e viajar pelo país enquanto o dinheiro durar. Depois disso, pretende se matar. O livro tem uma clara influência de escritores existencialistas, como Jean-Paul Sartre e Albert Camus.

O escritor israelense David Grossman, um dos principais representantes da literatura de seu país, diz que Israel evita encarar os traumas dos palestinos. Entrevistado pela Folha e pelo Estadão, ele é autor de A vida brinca muito comigo (Companhia das Letras), que fala justamente sobre o trauma geracional. Traduzido em mais de 30 idiomas, o livro mostra como essas questões passam de geração em geração. Grossman diz que o Holocausto segue como uma ferida aberta na identidade israelense.

A Folha entrevistou Muhammad Taysir que organizou Gaza, Terra da poesia (Tabla), uma antologia para provar que existe produção poética na região, mesmo que seus autores não formem um coletivo literário. “Há uma geração de bons poetas, talvez forjados pela vida dura. Não são apenas vozes soltas. No conjunto, eles estão falando sobre as mesmas coisas”, diz Taysir. A antologia chegou à editora Tabla pelas mãos da professora da USP e tradutora Safa Jubran. O livro saiu em Beirute no fim de 2021, e o português é a primeira língua que tem tradução do volume.

Tags: Apanhadão
[13/06/2022 08:00:00]