Três Perguntas do PN para: Cristiane Mateus
PublishNews, Redação, 08/02/2022
Cristiane Mateus, quem comanda a recém-criada Maralto, responde a três perguntas do PN e revela planos e estratégias da nova editora

No final de 2021, o mercado foi apresentado à Maralto, editora que já nasceu grande, com 150 títulos no catálogo herdado da Positivo, editora vendida ao Grupo Arco Educação. No time de autores da nova editora estão nomes de peso como Luiz Ruffato, Adriana Lisboa, Luiz Henrique Pellanda, Mariana Ianelli, Odilon Moraes, Ruy Espinheira Filho, Marilda Castanha, Carlos Dala Stella, Jacques Fux, João Anzanello Carrascoza, Nelson Cruz e Raquel Matsushita. Nesta semana, as "Três perguntas do PN" foram para Cristiane Mateus, que está à frente da casa editorial. Na conversa, ela fala sobre planos de como vai ampliar esse catálogo e adianta novos livros de Mariana Ianelli e edições inéditas de coletânea de contos de Murilo Rubião. Além disso, fala das estratégias comerciais da nova editora e também do papel da indústria no fomento a novos leitores. Confira abaixo a entrevista.

PublishNews - A Maralto já nasce grande, com 150 obras no catálogo, incluindo livros de autores de peso como Luiz Ruffato, Adriana Lisboa, Luiz Henrique Pellanda, Mariana Ianelli, Odilon Moraes, Ruy Espinheira Filho, Marilda Castanha, Carlos Dala Stella, Jacques Fux, João Anzanello Carrascoza, Nelson Cruz e Raquel Matsushita. Como você pensa a construção desse catálogo a partir de agora?

Cristiane Mateus - Neste momento, a construção e a ampliação do catálogo da Editora Maralto passam por trazer novos autores, principalmente de livros para adultos e jovens. Teremos muitas novidades, em breve.

A diversidade de gêneros, já presente nos títulos para crianças e adolescentes, permanece como um dos critérios para a escolha de títulos destinados aos leitores mais experientes. Sempre que possível, também gostamos muito de publicar obras de um mesmo escritor para crianças e adultos.

Mariana Ianelli fez sua estreia com a gente na literatura infantil e agora estamos editando um novo livro seu para um outro tipo de leitor, mais maduro. É uma maneira de dizer que acreditamos em uma literatura de qualidade e inventiva para adultos e crianças.

Livros com uma linguagem pobre para crianças definitivamente não nos interessam.

Também vamos dar prosseguimento à publicação de importantes contos e ensaios, mas com uma edição especial e ilustrada. Hoje já temos no catálogo contos de Murilo Rubião em edições inéditas muito premiadas e que atingiram um público mais jovem para esse importante escritor mineiro.

Agora apostaremos em contistas e ensaístas de outras nacionalidades, como Katherine Mansfield e Virginia Woolf. Mas a estratégia editorial é a mesma, ou seja, ampliar o leque de leitores de importantes escritores com uma nova edição que dialogue com a artes visuais.

PN - Vamos encontrar os livros da Maralto nas livrarias brasileiras? Se sim, qual a estratégia para fazer esses títulos chegarem até elas?

CM - Vamos, sim. Embora nosso foco seja a venda direta para escolas, com o Programa de Formação Leitora Maralto, entendemos que fomentar seriamente a leitura no país passa por fortalecer todos os atores dessa importante cadeia do livro: editoras, autores, professores, pais, mediadores de leitura, livrarias, bibliotecas públicas e escolares, etc.

As livrarias, tanto as grandes redes quanto as pequenas que criam curadorias excepcionais, são peças-chave na formação do leitor. Neste momento, temos uma equipe do comercial da Maralto desenhando o modelo de consignação e venda para livrarias, mas já posso adiantar que daremos o mesmo tratamento para pequenas e grandes redes. O desconto será o mesmo para todos.

Já temos algumas livrarias prioritárias, indicadas pelos próprios escritores e ilustradores do nosso catálogo. Começaremos por elas e a operação será mediada por distribuidores, como já acontece com outras editoras.

Enfim, estamos criando um modelo único, com uma venda gigante para as escolas (alguns títulos nossos têm tiragem anual de 40 mil exemplares), mas nossos livros também poderão ser encontrados em outros importantes canais de vendas, como as livrarias. Elas também são importantes vitrines de divulgação para o selo.

Além disso, não queremos perder excelentes autores porque não colocaremos seus livros em outros canais de venda. Um bom escritor e um bom livro são o começo de tudo.

PN - No comunicado sobre o lançamento da editora, você faz uma defesa à formação de leitores. Na sua opinião, qual o papel da indústria editorial nesse fomento?

CM - Sim, nosso foco é a formação leitora. Queremos ser um agente importante de fomento da leitura no país. Por isso a qualidade dos livros que produzimos é tão importante. E por isso também não somos apenas uma empresa que publica livros.

O negócio é fundamental, claro. Passamos mais de um ano estruturando o modelo de negócio da Maralto e o Programa de Formação Leitora, mas só vamos deslanchar nesse propósito se soubermos equilibrar lados que parecem tão opostos, e de certa maneira, são.

Se a produção de livros for tratada apenas como negócio, perde sua essência; mas, se for tratada só como missão, vocação, aumenta muito o risco de não se sustentar ao longo do tempo. É esse equilíbrio que estamos buscando desde o início.

[08/02/2022 06:30:00]