O fim de semana foi de comemoração para editoras que decidiram entrar como expositores da 20ª Bienal Internacional do Livro Rio que encerrou a sua programação neste domingo (12).
“As vendas da Bienal 2021 foram muito surpreendentes! Nos impressionou o apetite dos visitantes”, comentou Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), um dos realizadores do evento.
A Sextante, editora da qual Marcos é sócio, contabilizou crescimento de 30% em relação a 2019, ano de realização da última edição da Bienal. Em média, as pessoas que passaram pelo caixa do estande da editora compraram cinco livros. “As verbas das secretarias municipal e estadual de educação ajudaram muito o resultado”, analisou Pereira.
O Grupo Editorial Record também comemorou o que chamou de “melhor bienal da história do grupo”, que completou 79 anos neste domingo. Na comparação com 2019, a editora registrou aumento de 90% nas vendas computadas até o sábado.
A Editora Vozes teve aumento de 30% de vendas em relação à 2019. Na Globo Livros houve um crescimento de 20% no primeiro fim de semana do evento comparado a Bienal anterior. Na Sextante até esta sexta-feira (10), o aumento tinha sido de 30% em relação ao evento de 2019; e na Intrínseca, de 15%.
O otimismo dos editores encontra respaldo nos números apontados pelos organizadores. Pesquisa realizada com os frequentadores aponta que 99% deles compraram pelo menos um livro na sua passagem pela Bienal.
O número de participantes foi menor do que em edições anteriores, por conta das medidas de segurança. Se em 2019, 600 mil pessoas passaram pelo Riocentro, agora, foram 250 mil. No entanto, na média, cada visitante comprou mais livros do que em 2019. Naquele ano, os organizadores falavam de uma média de 6,4 livros por visitante. Esse índice chegou a oito em 2021.
Outro dado importante é que 34,5% dos visitantes estiveram no evento pela primeira vez e 50,8% deles tinham entre 18 e 25 anos.
Muito desse sucesso, como avaliou Marcos Pereira, veio do aporte das secretarias estadual e municipal de Educação. A 20ª Edição da Bienal recebeu quase 70 mil estudantes das redes pública municipal e estadual.
Cada aluno da Rede Municipal recebeu um cartão com R$ 20 em crédito para a compra de livros. Os 47.591 servidores da Rede também foram presenteados com um cartão para compras de livros no valor de R$ 200, adquiridos no evento ou na loja on-line.
Além disso, escolas e creches receberam cartões para a compra de livros para compor seus respectivos acervos. Ao todo, a Secretaria Municipal de Educação injetou R$ 12 milhões na Bienal.
Já a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) levou cerca de 20 mil estudantes da rede estadual e 5 mil docentes de 631 unidades escolares para participar do festival. A parceria tem o objetivo de ampliar as iniciativas de apoio e estímulo à leitura. As escolas receberam um kit com o Cartão Bienal, usado para a aquisição de livros. Os docentes foram contemplados com R$ 160, e os estudantes ganharam um voucher no valor de R$ 80 à disposição para adquirir livros.
Outro fator que pode ter impactado no resultado positivo das editoras foi a diminuição da oferta. Em 2019, a Bienal teve 196 expositores. Em 2021, esse número caiu para 85.
Programação
Neste ano, a Bienal foi além, ultrapassando os limites do centro de exposições. A sua edição híbrida permitiu a participação de pessoas que não estivessem no Riocentro. Os organizadores contabilizam 750 mil acessos pela sua plataforma.
Ao todo, o festival recebeu mais de 180 convidados, entre autores nacionais e internacionais. Lázaro Ramos, Conceição Evaristo, Fabio Porchat, Thalita Rebouças, Ailton Krenak, Julia Quinn, Matt Ruff, Casey McQuinston, Míriam Leitão, Itamar Vieira Junior, Junji Ito, Mariana Enriquez, Gabriela Prioli, Muniz Sodré, Priscilla Alcantara, Bráulio Bessa foram alguns dos nomes.
Entre as mesas mais badaladas da edição, estavam a com o músico Lulu Santos, a Os Novos Rumos da Literatura LGBTQIAP+, com autores da cena jovem debatendo a literatura queer, e Ficção e Realidade no crime, com Raphael Montes e Ivan Mizanzuki.
Vacinação na Bienal
A Bienal exigiu comprovante de vacinação para entrar no espaço de exposição. Por dia, 50 pessoas, em média, tiveram que voltar pra casa por não terem apresentado o comprovante de vacinação.
Para aqueles que ainda não tinham tomado a segunda dose, a Bienal instalou um posto de vacinação no local. Ali mais de 300 pessoas atualizaram sua carteirinha e puderam entrar no Riocentro.
Durante a Bienal, o SNEL recebeu convidados no Gávea Golf Club para celebrar os seus 80 anos. A festa também foi uma despedida de Marcos da Veiga Pereira da presidência da agremiação e serviu ainda para apresentar aos associados a nova diretoria que toma posse em janeiro.
Em seu discurso, Dante Cid, eleito para triênio 2022/2024, resumiu o seu plano de atuação: “promover o livro”. “Tudo o mais deriva daí: liberdade de expressão, direitos autorais, imunidade tributária e, especialmente, a difusão do saber e da cultura”, completou.
Na festa, foi apresentado um vídeo institucional dos 80 anos do SNEL, reunindo depoimentos de ex-presidentes como Sônia Machado Jardim (2008-2014) e Paulo Rocco (1999-2008).
Marcos foi o convidado do Sabatina PublishNews de setembro. Nele, o atual presidente fez um balanço dos sete anos que esteve à frente do SNEL. A entrevista aparece logo abaixo. Dante, o presidente que toma posse em janeiro, é o convidado do primeiro episódio do Podcast do PublishNews que vai ao ar em janeiro.
E o PN esteve na cobertura do primeiro fim de semana da Bienal e rendeu um registro em vídeo, que pode ser assistido abaixo:
