Feira de Frankfurt dá início à sua 73ª edição e questiona: Como queremos viver?
PublishNews, Talita Facchini, 19/10/2021
Durante a press conference, na manhã desta terça, Juergen Boos afirmou que a feira 'volta aos negócios, mas não (ainda), ao normal'. Já cerimônia de abertura contou com a presença da prefeita de Frankfurt e da governadora do Canadá.

Nesta terça-feira (19), a Feira do Livro de Frankfurt deu inicio à sua 73ª edição. A agenda começou logo cedo com a já tradicional Press Conference. Em seu discurso, Karin Schmidt-Friderichs, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, focou no mote dessa edição: como queremos viver nossas vidas? E ressaltou a importância dos livros, principalmente durante a pandemia. “O livro passou por um dos maiores testes da sua história. Editoras, livrarias e distribuidoras têm trabalhado muito para ficar perto de seus clientes e garantir que os livros cheguem às pessoas, apesar desses tempos difíceis”, disse compartilhando números que mostram que o mercado conseguiu se manter. Assim como no ano passado, Karin também falou sobre a censura, a importância de se ouvir a todos e ter empatia.

Já Juergen Boos, presidente da feira, começou seu discurso falando dos desafios de construir a edição desse ano com um time reduzido. Segundo ele, a 73ª edição da feira coloca em foco uma indústria que se mostrou resiliente, mas ressaltou: “De volta aos negócios, no entanto, não quer dizer que as coisas estão ‘de volta ao normal’”.

Boos frisou também o importante apoio do programa de financiamento do governo alemão, Neustart Kultur, e o intermédio de Monika Grütters, Comissária Alemã para a Cultura e a Mídia. “Isso nos permitiu dar aos nossos expositores segurança no planejamento. Além disso, grande parte do financiamento foi ou será usado para implementar nosso plano de higiene e segurança, para desenvolver e melhorar as ofertas digitais sustentáveis e para possibilitar a participação de expositores e visitantes”, explicou.

Por fim, Wolfgang Bergmann, diretor da emissora de televisão ARTE Germany, apresentou os detalhes de um documentário que será exibido no dia 23 e que acompanhou diversos artistas, autores e pensadores em um barco, à medida que eles compartilham suas ideias e opiniões. Os autores Dmitry Glukhovsky e Mithu Sanyal estiveram presentes na Press Conference para falar sobre o projeto.

A importância de se ouvir opiniões diferentes ganhou destaque por conta da presença de editores de extrema direita na feira, o que levou à desistência de uma das autoras convidadas. Quanto a isso, Boos deixou claro que a liberdade de expressão e publicação é um dos maiores valores para o mundo editorial e que deve ser respeitado.

Cerimônia de abertura

Horas depois, a cerimônia de abertura – transmitida mais uma vez para o público que não pode estar presente no evento – aconteceu em formato de entrevista, sendo apresentada pela jornalista Mona Ameziane. Os primeiros a subirem ao palco foram novamente Juergen e Karin, que frisou mais uma vez, o quão resiliente a indústria do livro se mostrou. "Depois de 18 meses de incríveis altos e baixos, nossa indústria vai bem. Nós mostramos uma enorme flexibilidade, agilidade e criatividade nesses últimos tempos", disse.

Os desafios enfrentados pela indústria do livro, a importância de saber conviver com opiniões diferentes e a luta de diversos países pela liberdade de expressão fizeram parte da fala de Juergen e, segundo ele, os temas também estarão presentes na programação da feira. "Os livros sempre nos dão respostas. Queremos refletir isso no nosso programa", disse.

A cerimônia contou também com a participação da prefeita de Frankfurt, Nargess Eskandari-Grünberg, que fez questão de frisar a importância da feira e da democracia. "Frankfurt é a cidade da democracia e ela precisa ser defendida, assim como a diversidade e a liberdade de expressão", defendeu.

Já Monika Grütters, comissária Alemã para a Cultura e a Mídia - e a quem Juergen agradeceu na Press Conference pelo comprometimento com o evento – falou sobre a importância dos livros e agradeceu a cada um dos envolvidos nesse mercado, em especial, os tradutores. "Espero que essa feira possa, mais uma vez, ser palco para que muitos possam contar e mostrar suas histórias", finalizou.

Pavilhão do Canadá | © Frankfurt Buchmesse
Pavilhão do Canadá | © Frankfurt Buchmesse
Também citando a importância dos tradutores, Mary May Simon, primeira governadora indígena do Canadá, agradeceu pela oportunidade do país de poder compartilhar sua cultura com o mundo. "Nós somos uma nação multicultural, isso é parte da nossa identidade. Esse espírito desperta na literatura canadense, que apresenta uma parte de nossa cultura. Essa é a nossa pluralidade singular e queremos compartilhá-la", disse. Este ano, pela primeira vez na história da Feira, o Canadá apresentará uma experiência virtual para complementar o seu pavilhão físico. Para conferir, clique aqui.

Com apresentações presenciais da cantora soprano Deantha Edmunds e ainda uma performance da artista e autora, Vivek Shraya a cerimônia também tinha em sua programação as participações virtuais das autoras canadenses Margaret Atwood e Joséphine Bacon. Com alguns problemas técnicos, Atwood fez um discurso - sobreposto pela tradução alemã - que focou no poder da literatura e Bacon não conseguiu participar.

[19/10/2021 14:00:00]