Apanhadão: A queda do Orçamento Federal da Cultura e a lentidão na Lei Rouanet
PublishNews, Redação, 08/09/2021
E mais: Com acervo sob risco, Funarte também enfrenta corte de mais de R$ 100 milhões no orçamento em uma década; efeito do TikTok na venda de livros vai além das obras para o público juvenil; a nova editora Paris de Histórias

A coluna Painel das Letras observou que o efeito do TikTok na explosão de vendas de livros tem ido além das obras voltadas ao público juvenil. A Rocco, por exemplo, viu a obra 48 leis do poder, um volume de autoajuda lançado por aqui em 1998, sumir das prateleiras na semana passada — a editora atribui a procura a um vídeo visto mais de três milhões de vezes na conta Estante da Julis, sobre como o livro foi banido em prisões nos EUA. Depois da onda inesperada, a Rocco correu para relançar uma versão em capa dura da obra de Robert Greene, que acabou esgotada de um dia para o outro, e prepara uma nova edição de bolso. No podcast do PublishNews dessa semana, também abordamos como o app do momento tem influenciado as editoras na escolha das obras e ainda no relacionamento com os leitores.

A coluna também adiantou que uma nova editora chega em breve à praça. A Paris de Histórias, fundada pela historiadora Natália Bravo, buscará suprir lacunas de tradução da literatura francófona no mercado brasileiro. O pontapé inicial será com La Couleur de l’Aube, ou A cor do amanhecer, da haitiana Yanick Lahens, vencedora do prêmio Femina e inédita no Brasil.

O Globo deu destaque para a queda no orçamento federal da Cultura, que em dez anos caiu pela metade. Em 2011, o extinto Ministério da Cultura tinha à disposição R$ 3,33 bilhões. Neste ano, o valor autorizado é de R$ 1,77 bilhão e deve ser ainda menor no ano que vem. Os dados são do Siga Brasil, plataforma de informações orçamentárias mantida pelo Senado Federal, em levantamento feito pel'O Globo. No governo de Jair Bolsonaro, a Cultura perdeu status de ministério e se tornou uma secretaria especial dentro da pasta do Turismo. Além da queda no orçamento autorizado, o uso dos recursos também diminuiu. O total empenhado — ou seja, que o governo se comprometeu a gastar através de contratos — caiu 44,7% entre 2011 e 2020. E ainda: no ano passado, 30% da verba disponível não foi utilizada, já em 2021, faltando quatro meses para acabar o ano, apenas 36,5% tinha sido empenhado.

O jornal informou também que com acervo sob risco, a Funarte enfrenta corte de mais de R$ 100 milhões no orçamento em uma década. A maior preocupação dos servidores da Fundação atualmente diz respeito ao acervo do órgão. A coleção de mais de um milhão de relíquias da arte brasileira está abrigada num edifício no centro do Rio, interditado no mês passado em função de graves problemas estruturais. A diretoria do órgão já afirmou que os itens serão retirados do local, mas servidores temem perdas com a transferência feita às pressas.

Na Folha, destaque para a lentidão na Lei Rouanet que atinge pico sob o governo Bolsonaro, mesmo com mais dinheiro. Segundo o jornal, por um lado, há uma lentidão na transformação de propostas em projetos, o primeiro passo para que uma peça de teatro ou um show, por exemplo, possam buscar dinheiro público para chegar aos palcos. Superada essa etapa, a paralisia tem atingido também uma fase posterior, quando o projeto precisa ser analisado por um parecerista um técnico da mesma área cultural do que está sendo proposto que avalia a qualidade do material enviado e sua adequação financeira. Pareceristas dizem ficar meses sem receber projetos para análise e, de repente, recebem dezenas de uma só vez.

A coluna Normalitas, na Folha, fez um passeio pelo maior sebo da Espanha, a livraria El Siglo. O espaço possui em torno de 150 mil livros, revistas e documentos distribuídos em 800 metros quadrados.

A Painel das Letras noticiou que Jacó Guinsburg, editor lendário, terá livro inédito e debates em seu centenário. Fundador da editora Perspectiva, que morreu aos 97 anos em 2018, terá intenso programa de homenagens. E no prelo das editoras: a Carambaia lança em breve uma seleção de 17 contos de Machado de Assis pensada por Luiz Ruffato e intitulada O escrivão Coimbra. Será uma antologia organizada, diz o escritor paulista, a partir de seu gosto pessoal, mas baseada no que considera a substância da literatura, “a perfeita adequação entre o quê e o como”. A editora trará ainda A família Medeiros, segundo romance de Júlia Lopes de Almeida.

A colunista Mônica Bergamo adiantou que a HarperCollins lança em novembro o livro E se eu parasse de comprar? — O ano em que fiquei fora da moda!, de Joanna Moura, criadora do blog Um ano sem Zara.

Lauro Jardim divulgou que o ex-mordomo de Roberto Carlos, Nicholas Mariano, autor de O Rei e eu – o primeiro livro censurado pelo cantor em 1979 – está preparando uma nova obra. Em Esse cara fui eu, Mariano pretende contar a história de sua própria vida, sua carreira no meio artístico e, claro, passagens que teve com o Rei. Segundo o autor, o esqueleto do novo texto foi todo feito por ele, mas agora precisa da ajuda de profissionais para estruturar o trabalho. Mariano não revela a editora responsável pelo projeto e quando será finalizado.

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[08/09/2021 09:50:00]