Livros que debatem questões raciais e indígenas ganham o Pulitzer
PublishNews, Redação, 14/06/2021
Entre os ganhadores estão uma biografia de Malcolm X; livro que resgata a história do ataque de supremacistas brancos à cidade de Wilmington e dois que fazem referências diretas às questões indígenas

Na última sexta-feira (11), o Prêmio Pulitzer anunciou os vencedores de suas 22 categorias, a maioria delas dedicada ao jornalismo. A morte de George Floyd e as suas consequências ganharam destaque no tradicional prêmio. Darnella Frazier, autora do filme que registrou o assassinato do homem negro por um policial branco, levou menção honrosa e a cobertura feita pela imprensa americana do fato garantiu o prêmio aos veículos The New York Times, Star Tribune, The Boston Globe, The Atlantic, Reuters, Associated Press e Buzzfeed.

Negros que viviam em Wilmington antes da insurreição de 1898, tema do livro Wilmington's lie, vencedor do Pulitzer de Não Ficção | © Public Broadcasting Station / WikiCommons
Negros que viviam em Wilmington antes da insurreição de 1898, tema do livro Wilmington's lie, vencedor do Pulitzer de Não Ficção | © Public Broadcasting Station / WikiCommons

As questões raciais também estavam presentes nos livros premiados na categoria Literatura. Em Biografia, o vencedor foi The dead are arising: The life of Malcolm X, biografia do líder negro iniciada pelo jornalista Les Payne, morto em 2018, e finalizada por sua filha, Tamara Payne. Em Não Ficção, o ganhador foi Wilmington's lie: The murderous coup of 1898 and the rise of white supremacy, de David Zucchino. O livro resgata uma história de Wilmington, cidade da Carolina do Norte em que, no fim da década de 1880, ex-escravizados conquistaram seu espaço na sociedade. Supremacistas brancos, não aceitando os resultados das eleições que levaram ao poder uma coalizão formada por políticos brancos e negros, invadiram a cidade em 1898, mataram negros e atearam fogo em negócios que pertenciam a eles. Em História, o vencedor foi Franchise: the Golden Arches in black América, no qual Marcia Chatelain analisa a relação entre comunidades negras e o McDonald's.

Já em Ficção, a ganhadora foi Louise Erdrich, com o romance The night watchman, baseado na vida do seu avô, que trabalhava como vigia noturno e desempenhou papel importante como resistência a uma tentativa de o Congresso Nacional Americano em retirar o reconhecimento federal da reserva indígena. Erdrich é a única que tem livro publicado no Brasil. Ela é autora de A casa redonda (Alfaguara). O tema aparece também na categoria Poesia, na qual a vencedora foi Natalie Díaz, que tem origem mojave. O livro dela, Postcolonial love poem, reúne poemas cujo tema central é o sofrimento vivido pelos povos indígenas.

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[14/06/2021 10:00:00]