
No documento, intitulado Por um ambiente saudável nos negócios, a entidade diz acompanhar atentamente os “recentes debates sobre a situação do mercado livreiro face ao agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil e às práticas comerciais criadas ou intensificadas em decorrência dessa nova realidade”.
O sindicato destaca que um desses debates é em torno de “uma política de descontos excessivos aplicada ao preço de capa dos livros (lançamentos ou não) e concentrada no e-commerce, canal que ganhou protagonismo neste período.” E lembram que o segundo Painel do Varejo de Livros no Brasil detectou aumento de 8 pontos percentuais no valor do desconto médio concedido nas vendas e completa: “É fundamental esclarecer que – ao contrário do que o senso comum leva a crer – os crescentes descontos não deflagram um cenário positivo para o mercado livreiro.”
“Tal movimento afeta drasticamente as margens de lucro das editoras e livrarias, que acompanham a depreciação de valor comercial e cultural de seus produtos, o que, em última análise, enfraquece a bibliodiversidade brasileira”, segue o documento.
“Nosso desejo é que as relações comerciais sejam pautadas pela transparência e equilíbrio entre todos os entes da cadeia livreira, que, no longo prazo, trará ganhos enormes para a indústria e consequentemente para a nação leitora que lutamos para fomentar”, conclui o documento que pode ser lido na íntegra no fim desta matéria.
Relembre o caso
Na segunda semana de março, a Amazon disparou, para alguns dos seus fornecedores, um e-mail em que propõe um novo acordo para descontos sobre o preço de capa de livros. Para as editoras que vinham praticando descontos inferiores a 55%, a varejista propôs desconto que variam de 55% a 58% mais 5% de “plano de marketing”.
De imediato, houve um posicionamento do presidente da Liga Brasileira de Editoras (Libre), Tomaz Adour, que foi taxativo: “Não há espaço para mais descontos”.
O grupo Juntos pelo Livro também se posicionou. O grupo reúne cerca de 120 editoras e cerca de 90 assinaram o documento que defende: “condições solicitadas estão muito além das possibilidades”.
A Amazon, por sua vez, fez um pronunciamento que pouco (ou nada) diz. A varejista se limitou a dizer: "Na Amazon, acreditamos que autores, editores e livreiros trabalham juntos para conectar os leitores aos livros. Nós não comentamos acordos específicos com nossos parceiros comerciais".
Por um ambiente saudável nos negócios
“Autor, editor e livreiro formam uma trinca inseparável, pela identidade de interesses culturais e econômicos. Aquele que pense em se afastar dos outros vai se dar mal.” – Carlos Drummond de Andrade
Cunhada em uma placa afixada na sede do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), a frase acima é uma síntese dos princípios sustentados pela entidade de classe ao longo de seus quase 80 anos: a representação dos editores, indissociável da defesa do livro e da leitura no país e do equilíbrio de sua cadeia produtiva.
O SNEL acompanha atentamente os recentes debates sobre a situação do mercado livreiro face ao agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil e às práticas comerciais criadas ou intensificadas em decorrência dessa nova realidade – que nem sempre estão em consonância com o conceito de união celebrado por Drummond e por nós.
Uma delas é uma política de descontos excessivos aplicada ao preço de capa dos livros (lançamentos ou não) e concentrada no e-commerce, canal que ganhou protagonismo neste período. Dados do 2º. Painel do Varejo de Livros deste ano, estudo da Nielsen em parceria com o SNEL, revelam que, no comparativo entre 2020 e 2021, houve um aumento de 8 p.p. (pontos percentuais) no valor do desconto médio concedido nas vendas. É fundamental esclarecer que – ao contrário do que o senso comum leva a crer – os crescentes descontos não deflagram um cenário positivo para o mercado livreiro.
Tal movimento afeta drasticamente as margens de lucro das editoras e livrarias, que acompanham a depreciação de valor comercial e cultural de seus produtos, o que, em última análise, enfraquece a bibliodiversidade brasileira. O aumento da variedade de títulos circulando na sociedade e a ampliação dos índices de leitura no país são bandeiras perenes e prioritárias em nossos posicionamentos nos âmbitos político, social e econômico.
Por isso, diante das discussões em voga atualmente no setor do livro no país, torna-se ainda mais importante a manifestação pública do SNEL em defesa de um ambiente saudável de negócios. Nosso desejo é que as relações comerciais sejam pautadas pela transparência e equilíbrio entre todos os entes da cadeia livreira, que, no longo prazo, trará ganhos enormes para a indústria e consequentemente para a nação leitora que lutamos para fomentar.