Apanhadão: Mais demissões na Cultura
PublishNews, Redação, 18/01/2021
E mais: Os livros românticos que chegam às plataformas de streaming; bisneta de Monteiro Lobato fala sobre a importância de sua obra; João Lara Mesquita eleito para a Academia Paulista de Letras e o prelo das editoras

A Livraria Cultura foi tema de matéria da VejaSP. Segundo a revista, a rede que está em recuperação judicial demitiu 30 funcionários no último dia 8 de janeiro e antigos colaboradores relatam rescisões atrasadas e falta de pagamentos do FGTS. A Vejinha entrevistou ex-funcionários e teve acesso a áudios de uma reunião entre o CEO, Sérgio Herz, e os trabalhadores. No encontro virtual, executivo afirmou que a empresa não tem dinheiro e a Cultura “não está fazendo nada demais” em atrasar os pagamentos. Em nota à reportagem, a empresa afirmou que as demissões foram consequência de uma adequação “devido à nova realidade. O mercado migrou para o online e as vendas pela internet representam hoje, em média, 80% do total das vendas no Brasil”.

A Folha reproduziu uma matéria publicada no The New York Times sobre os livros românticos que são sucesso de vendas e chegam às plataformas de streaming. Títulos românticos vendem dezenas de milhões de cópias ao ano, e cerca de 10 mil lançamentos acontecem a cada ano nessa categoria. Mas ainda que as redes e serviços de streaming de televisão disputem ferozmente os direitos de adaptar propriedades intelectuais com bases numerosas de fãs, poucos livros românticos de grande sucesso chegaram às telas. A elevação das histórias românticas a plataformas como a Netflix, que parece ter interesse crescente por esse tipo de histórias (Sweet Magnolias e Virgin River), e Outlander, uma história épica de viagem no tempo e no espaço baseada em uma série de livros de Diana Gabaldon, é uma raridade.

O Globo trouxe a notícia de que as editoras Nós e n-1 começarão a operar em Portugal em breve. A Nós terá site e perfis nas redes sociais para se comunicar com os leitores lusos. "Há uma nova geração de leitores portugueses muito interessada na literatura brasileira", disse Simone Paulino ao jornal. A n-1 também se prepara para fincar bandeira em solo lusitano. O editor Ricardo Muniz Fernandes disse ao Globo que a operação vai começar pequena. "Em março, lançamos o site. Estamos explorando o território, as capitanias hereditárias, e a colonização de fato vêm depois", brincou. As duas editoras firmaram uma parceria com a Motor Editorial, dos editores Julio Silveira, da Imã, e Jorge Sallum, da Hedra. Até o momento, a Motor já representa oito editoras em Portugal: Circuito, Hedra, Imã, Kalinka, Mórula, n-1, Nós e Pallas.

Cleo Monteiro Lobato, historiadora e bisneta de Monteiro Lobato, escreveu um artigo para a Folha analisando a obra do pai do Sitio do Picapau Amarelo. Cleo fala da discussão sobre a presença do racismo na obra de Lobato. “Quem quiser ver racismo nos seus livros pode sempre os encontrar”, diz ela, “Mas discordo absolutamente da conclusão de que a obra deva ser esquecida”, afirmando que os livros do “pai da literatura brasileira infantil” estão no imaginário e no emocional deste país há mais de 60 anos e que há inúmeros benefícios em ler seus livros. “A leitura de Lobato gera crianças com imaginação fértil, que passam a ser amantes da leitura, atuantes, contestadoras e com pensamento crítico. Lobato abre as portas de possibilidades infinitas em nossas vidas”.

Melinda Gates, esposa de Bill Gates, magnata e fundador da Microsoft, vai doar US$ 250 mil para financiar um prêmio literário só para mulheres. Em entrevista para o OprahMag.com, Melinda falou sobre o impacto que ela espera que o Prêmio Carol Shields tenha para as mulheres na ficção. A primeira vencedora do Prêmio será anunciada em 2023.

O músico, jornalista e fotógrafo João Lara Mesquita foi eleito para a Academia Paulista de Letras na última quinta (14). Somando 34 votos, Mesquita se tornou o acadêmico da cadeira de número 17, que era ocupada pelo musicólogo, jornalista e crítico musical Zuza Homem de Mello, morto aos 87 anos em outubro de 2020. João Lara Mesquita é músico de formação, tendo estudado em Nova York, mas também fez carreira na comunicação. Foi diretor das rádios Eldorado AM e FM e do estúdio Eldorado, pertencentes ao Grupo Estado, entre 1982 e 2003. No entanto, sempre esteve ligado às causas ambientais e trilhou boa parte de sua carreira voltado a defender essas pautas.

A Folha trouxe uma matéria sobre o escritor nigeriano Wole Soyinka, vencedor do Nobel de Literatura em 1986. No texto, Soyinka defende que Trump deve ser banido da política. Por aqui, a Kapulana acaba de publicar Aké, livro de memórias em que o escritor relembra o seu tempo de menino na Nigéria.

No prelo das editoras, Lauro Jardim informou que Sem filtro: A história do Instagram (Planeta) será lançado no Brasil no primeiro semestre deste ano. Escrito pela jornalista Sarah Frier, o livro revela diversos bastidores da história da rede social desde sua criação, até a venda para o Facebook e, depois, a saída de seus criadores da empresa. Já a coluna da Babel adiantou que a Boitempo lança em março O patriarcado do salário, da filósofa italiana Silvia Federici. E a Melhoramentos também vai lançar A fazendo dos animais, de George Orwell – dia 11 e com tradução de Sandra Pina.

No Painel das Letras, destaque para W.E.B. Du Bois, que terá suas obras resgatadas. O sociólogo essencial do movimento negro terá dois livros lançados por aqui. Em março, a Veneta coloca nas livrarias As almas do povo negro, obra de 1903 que mistura literatura, história e manifesto antirracista. Em meados do ano, a Perspectiva lança Crepúsculo do amanhecer: Ensaio para uma autobiografia do conceito de raça, obra em que o autor, nascido em 1868, decide investigar a questão racial retraçando a sua própria vida e história familiar.

A Planeta também prepara a publicação de Doom, livro do historiador Niall Ferguson sobre o que chama de “política das catástrofes”. E onde eu estou? Lições da pandemia para terrestres, do antropólogo Bruno Latour, sai em maio pela Bazar do Tempo. A coluna ainda revelou, que a Relicário resgata este ano um clássico de Marguerite Duras sobre as angústias da escrita, chamado Escrever.

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[18/01/2021 10:30:00]