Raul Wassermann morre aos 77 anos
PublishNews, Leonardo Neto e Talita Facchini, 10/07/2020
Editor fundou a Summus e foi presidente da Câmara Brasileira do Livro por dois mandatos

Morreu na manhã desta sexta-feira (10) o editor Raul Wassermann, fundador do Grupo Editorial Summus e ex-presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) por dois mandatos: 1999 e 2003. Raul, que faria 78 anos em novembro, fundou a Summus em 1974, editora que se firmou na publicação de livros de Ciências Humanas, em especial, nas áreas de Psicologia, Comunicação e Educação. De acordo com a assessoria de imprensa da Summus, Raul morreu em decorrência de complicações do tratamento contra um câncer que enfrentava há 12 anos.

Nascido em Santos, filho de judeus migrados da Bressarábia, Raul se forma em engenharia, mas começa a sua carreira na publicidade. Na década de 1960, torna-se sócio de uma gráfica especializada na impressão de boletins informativos produzidos por empresas. Ali dava início à Summus.

O primeiro livro de sucesso foi A prática do Super 8, um manual prático para quem queria aprender a operar uma Super 8, filmadora da época. A ideia veio depois que Raul comprou uma e percebeu que não havia no mercado bibliografia a respeito da máquina.

Ao longo de 46 anos, o catálogo da Summus se diversificou nos selos Ágora, comprado em 1984; Edições GLS, pioneira na publicação de livros de questões LGBTQIA+; Selo Negro, criado em 1999 para publicar livros de temática da cultura africana e afro-brasileira; MG Editores, fundada originalmente por Flávio Gikovate; Plexus, adquirida pela Summus em 2000, e Mescla, dedicado à publicação de livros sobre cidadania.

A morte de Wassermann foi repercutida entre amigos e colegas. A CBL emitiu nota ressaltando que Raul foi “um profissional do livro e um leitor de uma visão multidisciplinar e à frente do seu tempo. Como presidente da Câmara Brasileiro do Livro por duas gestões, entre 1999 e 2003, conduziu importantes projetos como o Circuito Paulista do Livro, parceira com a Imprensa Oficial do estado de São Paulo, e trouxe novos olhares e propostas para a Bienal Internacional do Livro de São Paulo”.

O editor, livreiro e gráfico João Scortecci declarou: “Perdemos um amigo, um companheiro fiel e lúcido, de relevância ímpar no mundo do livro. Lamentamos!”.

Felipe Lindoso, amigo de Raul, destacou o trabalho do editor à frente da Associação Brasileira de Direito Reprográfico (ABDR), entidade dedicada a defender os direitos de autores e editoras contra a cópia não autorizada e outras iniciativas como o circuito paulista de livros e os trabalhos importantes realizados na Summus. Lindoso também escreveu sobre a trajetória do amigo em seu blog.

Outro amigo próximo de Wassermann, Ivo Camargo declarou que perdeu “um grande amigo, grande homem e grande editor" e que Raul era "uma pessoa muito honesta e muito trabalhadora”. Ivo lembrou também do trabalho do amigo à frente da CBL. “Ele foi uma pessoa muito especial para o livro, quando presidente da CBL, achava que não tinha cabimento a entidade não ter uma sede. Conseguiu comprar um imóvel e fez isso acontecer".

Devido às restrições em razão da pandemia, o velório e o sepultamento serão reservados aos familiares.

[10/07/2020 10:40:00]