Cultura apresenta proposta de alteração no seu plano de recuperação judicial
PublishNews, Leonardo Neto, 05/06/2020
A empresa informa que pagou R$ 10 milhões do total de R$ 285 milhões que devia quando pediu recuperação judicial em outubro de 2018

A Livraria Cultura realizou, no fim da manhã desta quinta-feira (04), uma reunião virtual pelo aplicativo Zoom com representantes de cerca de 30 editoras arroladas na sua lista de credores. A ideia era apresentar uma nova proposta de plano de recuperação judicial (RJ), necessário diante da freada imposta pela pandemia do novo coronavírus.

O PublishNews conversou com alguns participantes desta reunião para apurar o que foi apresentado.

A reunião começou com a varejista apresentando algumas ações já tomadas desde o pedido de recuperação judicial em outubro de 2018. A venda da Estante Virtual foi um destes destaques. Segundo informou, os recursos apurados com a alienação do ativo foram usados para recomposição de estoques.

A implantação de um sistema de split, que permite o rateio das entradas, enviando automaticamente o que é devido aos fornecedores foi outro. Segundo apresentou na reunião, já existem 90 fornecedores que já aderiram ao novo modelo e outros 20 estão em homologação. A empresa informou que já repassou R$ 3,5 milhões a seus fornecedores sem que esse dinheiro tenha passado pelo seu caixa. Ao todo, foram 59 mil transações por meio dessa modalidade de operação. A venda de e-books também passou por um processo de transformação e as vendas passaram a ser realizadas pela Kobo, que assumiu a responsabilidade de pagar os fornecedores e remunerar a própria Cultura com a comissão devida. Estas duas medidas visam mitigar os riscos aos fornecedores.

Quando aconteceu a reunião, a Cultura já estava com quatro lojas reabertas: Ribeirão Preto, Brasília, Porto Alegre e Curitiba, mas a retomada está sendo lenta, com 30% do faturamento previsto.

No encontro com fornecedores, a direção da empresa disse que está renegociando aluguéis com shopping centers e estuda fechar lojas deficitárias.

Informou ainda que fechou uma parceria com a F1 para homologar editoras que passarão a fazer as vendas diretas no site da Cultura, via marketplace e que estuda a criação de store in store (SIS), onde outras empresas poderão operar, com equipe própria, miniunidades dentro das lojas da Cultura. Mesmo antes da pandemia, a Editora Nobel vinha operando neste modelo dentro da rede da Cultura. A experiência servirá de modelo para novas SIS.

Na reunião, os diretores informaram que existe a possibilidade de um investidor entrar no negócio. Não deu detalhes se já existe um candidato a isso e nem citou quem.

A empresa informou que já demitiu 300 funcionários, inclusive de pessoal da diretoria; reduziu pró-labore da direção em 60% e voltou o escritório central da empresa para a sobreloja da unidade da Avenida Paulista.

A nova proposta

Depois da reunião, a empresa publicou na sua página, uma “Proposta de aditamento ao Plano de Recuperação Judicial”. Nele, a Cultura informa que já realizou o pagamento de R$ 10 milhões, quitando 71% dos créditos trabalhistas; a totalidade de dívidas inferiores a R$ 2 mil e seus credores incentivadores já receberam R$ 5 milhões. A dívida total da empresa, ao pedir a RJ, era de R$ 285 milhões.

Para os credores fornecedores incentivadores 1 (aqueles que tenham celebrado com a empresa contratos de fornecimento de produtos entre 1º de dezembro de 2018 e até 30 dias depois da homologação do plano de recuperação judicial), a proposta é que os créditos sofram um deságio de 80% e que o saldo seja pago em 30 parcelas trimestrais.

Para os credores fornecedores incentivadores 2 (aqueles que não interromperam o fornecimento de produtos após a data do pedido de RJ), o que a empresa propõe é deságio de 70% e saldo parcelado em 21 trimestrais.

Em relação aos créditos trabalhistas, a empresa propõe que o saldo remanescente seja pago em 12 parcelas a contar da homologação do aditamento ao plano de RJ. O valor seria corrigido pela TR mais juro de 1% ao ano.

Há ainda nova proposta para locatários, bancos e outros tipos de credores. A proposta de aditamento ao plano de recuperação judicial deverá ser submetida aos credores que aprovarão ou não em assembleia geral.

Clique aqui para baixar a proposta.

[05/06/2020 10:50:00]