A última colher de chá
PublishNews, Redação, 23/11/2018
Para tentar salvar Natal e Volta às Aulas, editores decidem voltar a fornecer livros à Saraiva e à Cultura, mas sob condições. Saiba quais são.

Dívida de Saraiva e Cultura com editores é estimada em R$ 325 milhões | © Divulgação
Dívida de Saraiva e Cultura com editores é estimada em R$ 325 milhões | © Divulgação
A Black Friday se consolidou no Brasil como uma data importante para o varejo em geral. Com o livro, não foi diferente. Só a título de ilustração, em 2016, as vendas subiram 115% em relação a 2015 e no ano passado, embora o crescimento do número de exemplares não tenha sido dos mais expressivos, de 3,10%, o faturamento foi quase R$ 4 milhões maior do que no ano anterior, mostrando que as livrarias venderam menos do que o esperado, mas venderam melhor. Esse ano, essa curva deve ser decepcionante. Isso porque as duas maiores redes de livrarias do país – Saraiva e Cultura, ambas em uma profunda crise – estão desabastecidas.

Parte de seus fornecedores (ou credores, como preferir) representados pelo Sindicato Nacional dos Editores (SNEL) se reuniu, nesta quinta-feira, para discutir a volta do fornecimento de livros para essas duas redes que, para muitas casas, representam 40% do faturamento. A dívida das duas varejistas com eles é estimada em R$ 325 milhões.

Tendo já perdido as oportunidades da Black Friday, os editores tentarão salvar as vendas de Natal e de Volta às Aulas, mantendo o fornecimento à Saraiva sob novas condições: (1) o pagamento antecipado de novas encomendas; (2) a conciliação dos estoques em consignação e acertos quinzenais; (3) um plano de recuperação que preveja mudanças na gestão das empresas e um assento do SNEL no comitê de credores. Para a Cultura, a proposta inicial era a mesma, mas isso acabou dividindo opiniões e parte das editoras exigiu garantias mais concretas.

“Temos um cenário em que as livrarias possuem poucos recursos em caixa para suas operações. Por outro lado, a confiança precisa ser reconstruída com o tempo. Mas é preciso ter consciência de que optar por não apoiá-las pode levar ao encerramento das atividades de ambas”, declarou Pereira por meio de comunicado enviado à imprensa.

No mesmo comunicado, o Sindicato orienta a seus associados que busquem individualmente advogados para que possam atuar ativamente nas negociações, acompanhando os próximos passos.

[23/11/2018 08:40:00]