São mais de 15 anos de mercado, foram muitas Bienais, Anime Friends (por motivos de Conrad), entre outras feiras e até uma internacional, a Filbo em Bogotá. Mas Flip, esta foi a minha primeira. Trabalho na Planeta desde janeiro de 2017, e em dezembro do mesmo ano passei a ser a responsável pelo digital aqui no Brasil, o que me abriu portas incríveis. Além da bagagem das livrarias físicas comecei a aprender a trabalhar com e-book, audiobooks entre outras mídias e Paraty é o lugar em que todos estão, ao mesmo tempo.
Sempre digo que o livro é um senhor muito sábio e ele é gentil com quem o respeita. A Flip é a celebração para esse sábio senhor.
Minha expectativa era boa, afinal sou apaixonada por Paraty e amo trabalhar com livros, é juntar a fome com a vontade de comer, num prato bem servido.
A receptividade da cidade, as reuniões sérias com ar descontraído, até reuniões regadas a sorvete eu tive, tem coisa melhor? Tem!!!
As mesas, cara, como são incríveis! Me encantei por uma slammer (nem sabia o que essa palavra significava), vi mulheres fortes erguendo a voz contra a violência, contra o patriarcado, vi mulheres incríveis em um mar de aplausos ouvindo Djamila (quero ser amiga dela, se alguém souber para onde envio o meu cv, agradeço), ouvi com atenção nossa querida Leila Slimani com sua Canção de ninar, vocês têm noção? Ela é uma marroquina, mora na França escreve um livro que ganha vários prêmios e hipnotiza a todos com a voz calma e firme. Assisti a uma mesa com lindas poetas, sororidade em máximo grau.
Encontrei dois ídolos, os abracei e agradeci por dar voz aos menos favorecidos, a Flip é politizada (graças aos deuses nosso mercado é). Sai de lá com a certeza de que as violências seguem, mas já temos voz, isso é um enorme passo.
Foi muito bom ver gigantes do mercado sentados lado a lado buscando soluções, juntos, para melhorar o mercado, porque ele não é um, ele é plural, são várias editoras que nadam juntas de braçadas fortes nesse cenário atual.
Voltei pensando na próxima, em mais reencontros, em mais encontros, em mais trocas de livros, porque sim, nós trocamos livros entre a gente, lembram do começo do texto? O livro é um senhor sábio? Pois então, somos todos filhos dele.
A minha única observação negativa é que a cidade em si não é acessível, espero que isso mude em breve, afinal, todos merecem celebrar a Festa Literária Internacional de Paraty.
Veja abaixo alguns cliques da nossa marinheira de primeira viagem
* Cinthya Muller integra atualmente a equipe do departamento comercial da Editora Planeta
