Um dia para celebrar a ficção científica brasileira. Com essa ideia, um grupo de entusiastas se reuniu na Biblioteca Pública Viriato Corrêa – Temática de Literatura Fantástica, em São Paulo para o início de uma campanha: a criação do Dia da Ficção Científica Brasileira. A proposta é homenagear e valorizar toda a produção do gênero feita no Brasil. A data escolhida, 11 de dezembro, é o dia do nascimento do escritor Jeronymo Monteiro (1908-1970).
Autor, entre outros livros, do romance Três meses no século 81 (publicado em 1947), foi diretor de redação da Magazine de Ficção Científica, da editora Globo, que, a cada edição, por iniciativa sua, publicava um autor brasileiro de FC. Foi fundador do Clube de Ciencificção (1964) e da Associação Brasileira de Ficção Científica-ABFC (1969), os primeiros do gênero no país.
No jornal a Folha de S.Paulo manteve a coluna “Panorama”, desde 1957 até seu falecimento. A coluna trazia notícias curiosas, assuntos brasileiros, divulgação científica, humor e muita descontração. Também manteve, desde 1958, a coluna “Admirável Mundo Novo”, de divulgação científica, com informações e contos de ficção científica, no jornal A Tribuna, de Santos.
Jeronymo também teve uma passagem importante ligada aos quadrinhos brasileiros, foi por exemplo, o primeiro editor de O Pato Donald, ocupando ainda as funções de tradutor, redator e secretário do início da editora Abril. Criou vários dos nomes de personagens Disney que subsistem até hoje no Brasil, como Tio Patinhas, Huguinho, Zezinho e Luizinho, entre outros.
Ao lermos a obra dele, é fácil perceber sua preocupação com a conduta humana. Ele aposta na felicidade do ser humano e sabe que parte dessa tarefa é responsabilidade do escritor que, com sua arte, abre a cortina da imaginação do leitor. Assim, como um visionário, ele buscou na imagem do futuro a forma de trazer essa felicidade.
O objetivo da criação de uma data comemorativa é reconhecer a importância de um fato ou de uma profissão, ou incentivar determinada atividade. Jeronymo Monteiro reúne todos os atributos para merecer esse reconhecimento!
O encontro contou com a presença de Helio Monteiro e Cris Monteiro Kayatt, filho e neta de Jeronymo Monteiro, em um bate-papo mediado pelo editor Silvio Alexandre e pelo escritor Luiz Bras. E ainda teve uma exposição de objetos, fotos e livros ligados ao escritor.
Além disso, os participantes receberam uma dobradura de papel de tsuru (grou ou cegonha), confeccionados especialmente para a ocasião pela escritora e designer gráfica, Tereza Yamashita, recém ganhadora do Prêmio Jabuti. Segundo ela, “o tsuru é um símbolo de paz e fraternidade, assim todos levariam a mensagem de Jeronymo de paz e a concórdia entre os homens”.
Como resultado desta primeira comemoração, já aparecem as primeira ações: o espólio das obras de Jeronymo Monteiro já acertou a publicação de dois de seus livros para o ano que vem. E o escritor Luiz Bras, criou o blog Ficção Científica Brasileira.
A apresentação do blog explica: “O planeta Brasil ainda não sabe que existem aqui dezenas de escritores produzindo uma ficção científica de alta qualidade. Se soubesse, eu não escutaria com tanta frequência a cândida interrogação: “Ficção científica brasileira, isso existe mesmo?” Existe, minha senhora. Existe, meu senhor. É principalmente pra vocês que inauguramos este espaço colaborativo, com o propósito de oferecer aos leitores mais curiosos e inquietos um ótimo cardápio de obras de FC brasuca. Invisibilidade não mais. Aventurem-se!”