Mulheres, ecologia e a revolução científica
PublishNews, Redação, 09/10/2025
Livro relaciona das qualidades da natureza que justificaram a sua exploração à diferenciação ontológica das mulheres que fundamenta a desigualdade de gênero

A morte da natureza: mulheres, ecologia e a revolução científica (Expressão Popular, 516 pp, R$ 85), escrito por Carolyn Merchant, apresenta uma pesquisa filosófica num amplo arco histórico para reconstituir as imagens da natureza, que abundam na filosofia pré-socrática, em Aristóteles e na filosofia neoplatônica, na Idade Média, no Renascimento e na Modernidade. Poetas da Antiguidade grega fazem referência à natureza como uma grande mãe generosa a quem os homens deveriam devoção, assim como a natureza sacralizada que aparece na literatura e na poesia do período renascentista. Analogias surgiam aproximando a prata de raízes, o orgânico e o inorgânico se misturavam como se tudo pudesse ser explicado pela gênese transformadora e mutante da natureza e pela transmutação dos elementos. O paradigma medieval do organicismo que orientava a alquimia colocava a natureza e os humanos dentro de uma relação necessária, assim como a literatura da utopia ecológica da Cidade do Sol (1623) e de Cristianópolis (1619), ao apresentarem ideais de comunidades integradas entre humanos e natureza, utilizando da metáfora orgânica para pensar a sociedade. Contudo, o modelo ecológico/organicista da Idade Média deu lugar ao modelo mecanicista da filosofia moderna. Mais que isso, o mecanicismo rechaçava o modelo organicista em nome da ciência, da lógica e da filosofia, que, como quis René Descartes, deveria se constituir como ciência primeira.

[09/10/2025 08:35:06]