Mesmo com problemas, Brasil é apresentado no The Markets
PublishNews, Leonardo Neto, 19/10/2016
Seminário que antecedeu a abertura da Feira do Livro de Frankfurt reuniu representantes de 12 países que queriam conhecer mais sobre os países mapeados pelo programa

Representantes de 12 países acompanharam, durante todo o dia de ontem, a programação do The Markets, seminário que antecedeu a abertura oficial da Feira do Livro de Frankfurt e que analisou e mapeou as oportunidades em sete mercados, incluindo o Brasil, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Espanha, Filipinas, Polônia e os países homenageados desta edição Holanda e os Flandres.

Dois dos quatro painéis onde estavam previstas participações de brasileiros tiveram problemas. No Analysis stage, Karine Pansa, ex-presidente da Câmara Brasileira do Livro, apresentou o mercado brasileiro, a partir de dados apurados em pesquisas como a Retratos da Leitura e Fipe. A apresentação que Karine preparou para o evento sumiu, mostrando que a incensada eficiência alemã, às vezes, também falha. Mesmo sem a apresentação, Karine conseguiu mostrar aos participantes informações sobre os hábitos de leitura e sobre o mercado brasileiro de livro. “O brasileiro lê 2,54 livros por ano. Esse número pode ser baixo na comparação com os países da Europa, mas, na América Latina, o Brasil só perde para a Argentina e para o México”, defendeu Karine. A ex-presidente da CBL mostrou ainda um ranking dos países que mais compram livros do Brasil. Os EUA estão em primeiro lugar, seguido por Angola, Portugal, Argentina, México e Peru.

Mesmo com o telão desligado, Karine Pansa mostrou aos presentes informações e dados do mercado de livros no Brasil | © Marcela Prada Neublum
Mesmo com o telão desligado, Karine Pansa mostrou aos presentes informações e dados do mercado de livros no Brasil | © Marcela Prada Neublum

O painel de Karine seria seguido por um intitulado Migration form STM to Educational in Brasil (ou Migração do CTP para o didático no Brasil, em tradução livre), que seria apresentado por Celso Kipermann, do Grupo A. No entanto, Kipermann teve um problema com seu voo e não chegou a Frankfurt a tempo. Demonstrando ao mundo o nosso velho e bom jeitinho brasileiro, Tomás Pereira, publisher da Sextante (que não publica nem CTP e nem livros didáticos), assumiu o microfone e deu uma aula de Brasil. “Há quatro ou cinco anos, o Brasil foi apontado como uma grande promessa da indústria editorial global. O que esperar quando o que se espera é coisa demais?!”, brincou Pereira.

“O grande desafio do Brasil hoje é alcançar os compradores de livros em cidades médias, onde não há livrarias”, pontuou o editor cintando o poder de venda da Avon no Brasil. “Há títulos que vendem 200 mil exemplares nesse canal. Daí se vê o potencial do país”, exemplificou.

Tomás não fugiu do assunto da hora e falou sobre a crise e sobre a suspensão de programas de compras governamentais. “Há 18 anos, quando fundamos a Sextante, optamos por não vender para governo, mas há editoras no Brasil que sobreviveram nos últimos anos dessas compras. Sobretudo as de livros infantis. É muito difícil vender esse tipo de livros em livrarias no Brasil. Essas editoras estão sofrendo mais agora”, observou.

O editor defendeu ainda que o Brasil precisa criar uma rede de distribuição em massa. E citou os pocket books que ainda não conseguiram levantar altos voos no Brasil. “Uma área que tem oportunidade de crescimento no Brasil é a do livro de bolso. Um grande erro que é bastante comum entre os editores brasileiros é achar que esse tipo de livro pode ser vendido nos mesmos lugares onde se vendem as versões ‘normais’”, argumentou.

Ainda sobre o The Markets, não deixe de ler este artigo sobre o mercado espanhol.

[19/10/2016 09:24:37]