Em abril de 2015, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) instituiu uma nova frente de trabalho. Trata-se da Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa (CPCLP). Após ter estado por alguns anos à frente da Comissão do Livro Digital, constituir esse grupo de trabalho foi uma solicitação minha, como diretora-editora da Câmara, a Luís Antonio Torelli que, no ano passado, iniciou seu primeiro mandato como presidente da entidade.
E de onde surgiu a ideia? Após 30 anos trabalhando em prol da Língua Portuguesa, em especial de seu ensino a estrangeiros, e estudiosa e conhecedora que sou do seu poder econômico, achei importante consolidar, em uma Comissão, possíveis iniciativas que contribuam para alargar o mercado de distribuição de conteúdo na nossa língua tanto no Brasil quanto no exterior. Ao discutirmos a lista de convidados a serem chamados para participar dessa comissão, imaginamos a importância de ter, nela, organizações públicas e privadas que pudessem contribuir de forma prática para a organização e evolução do nosso trabalho. Dessa forma, além do convite enviado a todos os associados da CBL, estendemos nossa comunicação aos ministérios que pudessem ter alguma relação com nosso trabalho, ou seja, os ministérios da Cultura, da Educação e das Relações Exteriores. Além disso, convocamos outros pares que contribuem para a divulgação da Língua Portuguesa no mundo, em especial o Instituto Camões, de Portugal.
Nestes primeiros anos de trabalho, estamos realizando reuniões mensais com a finalidade de consolidarmos a existência da CPCLP e de organizarmos com solidez nossas frentes de trabalho que, resumidamente, se baseiam em três pilares: 1. a valorização da Língua Portuguesa no Brasil; 2. a internacionalização do nosso conhecimento, da nossa literatura e da nossa cultura, em especial nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e 3. a aproximação da CBL aos demais segmentos da economia criativa brasileira. Para tanto, e como primeiro resultado extremamente positivo, considerando o primeiro pilar, a CPCLP levou, à 24ª. Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a exposição MENAS - o certo do errado, o errado do certo, uma Biblioteca de Babel e um mapa com a localização de todos os países de Língua Portuguesa, com apoio do laboratório farmacêutico EMS. Com certeza, um dos espaços mais fotografados de toda a Bienal.
O segundo pilar do nosso trabalho conversa de perto com a Comissão de Internacionalização e, por consequência, com o Brazilian Publishers, uma parceria entre a CBL e a Apex-Brasil. Projeto setorial de fomento às exportações do conteúdo editorial brasileiro que viabiliza, entre outras ações, a participação de editoras brasileiras nas principais feiras mundiais do livro. Além dessa interlocução, o segundo pilar trabalha de perto com as iniciativas da DPLP – Divisão de Promoção da Língua Portuguesa, do Itamaraty (MRE), e com o IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa, tendo o Professor Carlos Faraco, da Comissão Nacional do IILP entre os Membros da CPCLP por indicação do próprio MRE. É uma parceria que já colhe frutos como o de sugestões de ações para a promoção da Língua a serem apresentadas aos responsáveis quando o Brasil assumirá a presidência pró-tempore da CPLP no próximo mês de novembro.
Já a ideia para o terceiro pilar originou-se de uma viagem minha, representando a CBL, a Portugal e à Espanha, participando de uma Missão Oficial do Brasil na qual a Economia Criativa também foi solicitada a estar presente. Foi ali que percebi que cada um de nós do mundo dos livros, das artes, do cinema, da música, dos games etc, sozinho pouco representa na cadeia econômica das exportações brasileiras. Pensei, então, que seria interessante convidar as entidades representativas desses e de outros segmentos da Economia Criativa para as reuniões da CPLCP buscando uma aproximação e possíveis sinergias. Fruto desses encontros já estão sendo colhidos, em especial com a ABED – Associação Brasileira de Ensino a Distância e com a Cinema do Brasil.
E assim, a cada reunião, com os convidados que temos, além dos Membros fixos, aprendemos mais sobre os países de Língua Portuguesa, sobre a Economia Criativa e sobre possíveis novos mercados para o conteúdo brasileiro, seja na forma impressa, digital ou em qualquer outro possível meio de distribuição.