Sócio minoritário da Saraiva invade sede da empresa e faz família elevar o tom
PublishNews, Leonardo Neto, 05/07/2016
Os Saraiva entraram com ações na justiça e na Comissão de Valores Mobiliários contra o fundo de investimentos GWI comandado pelo coreano Mu Hak You

O coreano Mu Hak You é uma figurinha conhecida entre os investidores brasileiros pelo seu comportamento ousado e pelos seus investimentos de alto risco. Foi à bancarrota duas vezes e conseguiu se reerguer. Em uma dessas se indispôs com os megaempresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, ao conseguir assento no conselho de administração das Lojas Americanas, empresa controladas pelo trio. A história parece se repetir, tendo agora como antagonista de Mu, a Saraiva. Na última segunda-feira, acionistas e investidores da Saraiva receberam um e-mail do seu RI (serviço de relacionamento com investidores) através do qual a empresa convocava os titulares de ações da companhia para uma assembleia geral extraordinária para deliberarem sobre a destituição de Mu do cargo de conselheiro e de Ana Maria Loureiro Recart, que trabalha com o investidor coreano, do cargo de membro do Conselho Fiscal da empresa. A assembleia, marcada para o dia 16 de julho vai debater ainda a suspensão dos direitos dos fundos de investimentos liderados pela GWI, empresa comandada por Mu Hak You, uma possível ação de responsabilidade contra os dois investidores.

Sócio minoritário da Saraiva invade sede da empresa e faz família elevar o tom | © Leonardo Neto
Sócio minoritário da Saraiva invade sede da empresa e faz família elevar o tom | © Leonardo Neto

A crise começou no início de maio, quando Mu e a GWI se levantaram contra o bônus no valor de R$ 3,4 milhões prometido aos administradores e empregados envolvidos na transação de venda dos ativos editoriais do grupo à Somos Educação. Poucos dias depois, Mu vencia a sua primeira batalha, quando conseguiu que os bônus fossem cancelados. Além disso, foi nessa mesma ocasião que a GWI – dona de 44,9% das ações preferenciais e 25,86% do capital total da Saraiva – conseguiu eleger Mu como membro do Conselho de Administração da companhia.

De acordo com apuração da revista Exame, Mu e Ana foram flagrados pelas câmeras de segurança da empresa mexendo em papeis e objetos dentro da sede da Saraiva durante o feriado de Corpus Christi (27/05), quando o local estava vazio. A família Saraiva – majoritária da empresa – considerou a visita uma invasão e já se preparava para acionar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com uma queixa contra os acionista, quando, no dia 21 de junho, a GWI convocou, por conta própria, uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre os desafios da Saraiva frente ao atual cenário econômico, sua atual situação econômico-financeira e quais são as medidas necessárias “para evitar o iminente estado de insolvência da agravada e o quase certo pedido de recuperação judicial no futuro”.

A resposta da Saraiva foi imediata e conseguiu na Justiça a suspensão da assembleia. Mu Hak You e a GWI recorreram, mas, em uma decisão interlocutória ao recurso, ou seja, intermediária no processo, o magistrado Hamid Bdine, da 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, disse que “não há fatos novos que justifiquem a convocação imediata de Assembleia Geral Extraordinária como medida imprescindível para que a agravada (Saraiva) possa ‘dar um último suspiro e ressurgir das cinzas’”, conforme alegou a GWI para convocar a assembleia. Agora, a Saraiva será ouvida no recurso antes de sair a decisão colegiada do tribunal – o que deve acontecer nas próximas semanas. Após isso, o processo em primeira instância terá prosseguimento conforme a decisão da justiça.

Paralelo a isso, no último dia 28, a Saraiva entrou de fato com a ação na CVM pedindo que o órgão investigue indícios de infração por parte do investidor coreano sobre o qual “instilam suspeitas de regras do mercado de capitais brasileiro, demandando investigação”.

Mas em troca do que Mu, um acionista minoritário da Saraiva, estaria espalhando boatos sobre a situação de “insolvência” da empresa já que a notícia poderia gerar preocupação entre outros acionistas derrubando os valores das ações, fazendo o próprio investidor perder dinheiro? Ainda de acordo com a Exame, os Saraiva acusam Mu de querer espalhar notícias negativas sobre a empresa para se beneficiar da queda nas cotações das ações, possibilitando assim que a GWI compre mais ações e amplie a sua participação na companhia.

Tags: Saraiva
[05/07/2016 10:58:01]