Depois de passar mais de 17 anos na Saraiva e conhecer a fundo o mercado livreiro do Brasil, Daniel Louzada entrou numa grande aventura: a de ter a sua própria livraria. E não é qualquer livraria. É a Leonardo Da Vinci, uma das mais tradicionais do Brasil e cujo anúncio de fechamento causou comoção nacional. Ao contrário do que se falava, não há um grupo por trás da nova Leonardo Da Vinci. Daniel comprou sozinho 100% das cotas da livraria fundada em 1952, que vinha sendo tocada por dona Vana Piraccini, fundadora da livraria, e por sua filha, Milena Duchiade.
“O legado da Da Vinci é muito forte. E isso deve ser preservado. Vamos continuar fortes nas áreas de Ciências Humanas e Artes”, disse Louzada ao PublishNews. “O modelo, no entanto – o mix de produtos, o acervo, os serviços prestados – precisa ser incrementado. Partimos agora de uma base bastante sólida, mas vamos incrementar, por exemplo, criando uma área de literatura mais robusta”, completou.
Louzada observa que a Leonardo Da Vinci dará mais espaços para best-sellers. “Havia um preconceito de que a Da Vinci vendia livros somente para ‘iniciados’, livros difíceis, mas vendemos também livros que estão nas listas de mais vendidos e livros que estão distribuídos no mercado”, pontuou. “Queremos oferecer mais conforto, mais serviços, mais novidades, mas sem nunca nivelar por baixo e nem ser elitista. Esse sempre foi o Norte da Da Vinci. Acredito que esse modelo seja possível para uma livraria independente”, declarou. O que não deve mudar é a ausência de livros técnicos. “Esse não é o lugar da Leonardo Da Vinci”, ponderou.
Expansão
Louzada prevê, ao médio prazo, a abertura de novas unidades da Leonardo Da Vinci pelo Rio de Janeiro. “Primeiro temos que resolver esse ponto aqui, mas é claro que sim, queremos expandir. Isso diz muito como a gente vê a Da Vinci, como uma marca forte. É uma marca muito reconhecida por autores, editores e público em geral. Eu acredito que ela tem um papel e um espaço no mercado. A expansão na escala de um pequeno varejo está no nosso horizonte sim”, declarou. Louzada lembra que, no passado, a livraria teve outras unidades, inclusive, com lojas expressas em museus e clubes, a Piccola Da Vinci, marca que também foi vendida ao livreiro.
Finanças
Louzada não revela quanto pagou pela Leonardo Da Vinci, mas reconhece que um dos maiores desafios agora é sanar as finanças da casa. “É um desafio a recuperação não só da saúde financeira, mas de tudo”, observou. Louzada disse ao PublishNews que o histórico de faturamento da livraria apresenta um cenário bom e que o ponto comercial, a história e a tradição da Leonardo Da Vinci podem ajudar muito nessa recuperação. “Temos um ponto comercial que está há 60 anos no mesmo lugar. Mesmo os clientes que deixaram de vir à Da Vinci conhecem o lugar. As pessoas que já estiveram aqui, querem estar de volta”, disse confiante.
Sucessão
Milena e sua mãe, dona Vana, não têm mais participação na Leonardo Da Vinci, no entanto, Daniel Louzada observa que as duas estarão para sempre relacionadas ao nome da livraria. “O papel delas está na história. Toda a memória será preservada. A mesa da dona Vana, por exemplo, vai ficar aqui”, observou o novo proprietário da casa. “Tivemos uma transição bastante longa, o que fez fortalecer as nossas relações. Encarei a missão de tocar a Leonardo Da Vinci, sem aventuras, mas ao mesmo tempo com a vontade de renovar para que ela possa competir”, concluiu.
A livraria renasce com uma nova identidade visual. "A peças da identidade visual traduzem a nossa ideia de continuidade e renovação, preservando elementos, mas modificando-os. A grafia gótica do 'L' com uma nova fonte no restante e uma ilustração do Leonardo da Vinci mais jovem, por exemplo, mostram isso", contou ao PublishNews. Além disso, a livraria abriu contas no Instagram e Twitter.
