Capa de livro não é Facebook
PublishNews, Paulo Tedesco, 09/12/2015
Paulo Tedesco fala da importância de se ter uma boa capa: ‘elogios caseiros jamais serão elogios sinceros, tampouco critérios para o valor de uma arte para capa de livro’

Se uma publicação no Facebook desaparece em meio a tantas outras, com uma capa de livro é justamente o contrário, ela acompanhará o autor para o resto dos seus dias. Pouco adianta um gigantesco esforço, movimentar toda a família e seus contatos na internet, se o livro começa errado com uma capa totalmente fora do mercado. Isso serve tanto para o papel quanto para o digital. Nos dois suportes, algo fácil de ser verificado: o amadorismo e o mau gosto prevalecem. Não à toa, e infelizmente, boa parte dos leitores olha com desprezo e resistência a quem se autopublica.

Vejamos algumas dicas práticas: se o seu filho ou você mesmo pintou um quadro, ou seja, preencheu uma tela com tinta e rabiscos, e em casa e na vizinhança, todos acreditam que ali há um novo Picasso, isso já é sinal de que essa imagem não deve ser motivo para capa de um livro. Elogios caseiros jamais serão elogios sinceros, tampouco critérios para o valor de uma arte para capa de livro.

Outro erro comum é o uso da foto de capa tirada de um lindo passeio a Jericoacoara, algo que definitivamente, não funciona. Passeios com a família e aventuras, quando fotografados, podem, no máximo, nos sugerir algumas ideias para criarmos artes de capas. Além do que, existem vários e excelentes sites com imagens em alta definição para serem utilizadas. Imagens profissionais que podem até ser de uso gratuito, tornam-se excelente ponto de partida na criação de uma boa capa.

Há também o autor que pede para seu filho ou sobrinho criar uma capa no seu “computadorzinho” de casa – "sabe, ele é um guri bonzinho, vai ser bom me ajudar... " - Isso pode funcionar na relação, mas jamais funcionará no mercado. Livro feito em casa, aliás, capa feita em casa só serve para ser lido em casa, jamais voará sozinho. E a regra vale também para quem tem um(a) filho(a) que se diz publicitário ou artista gráfico, embora possa ser bom profissional no que faz, dificilmente dominará as sutilezas e os conceitos para se fazer uma capa como manda o figurino mais básico.

Se o leitor não se ofendeu por qualquer motivo com o que leu até esse parágrafo, então chegou o momento de conhecer as alternativas para buscar um pouco de qualidade para seu livro. Pois elas existem, aos montes. E começa pela pesquisa nas livrarias por títulos que se aproximem, em conteúdo e proposta, do seu. Ótimas ideias sempre surgem a partir de outros livros que podem dialogar com o seu. Há também ofertas de capas prontas, ou pré-prontas em sites na rede digital, sim, essas também valem mais do que muito amadorismo. E, talvez a melhor das ferramentas, é a busca por profissionais capistas. Gente especializada em criar capas de livros e que apresentam seus serviços a quem se interessar a custos muitas vezes compensadores, e que ainda podem render conquistas em concursos editoriais e literários.

Existem, portanto, várias formas de se matar um livro já no seu lançamento, além de achar que capa é como postagem de Facebook, atear fogo em toda a tiragem ou deletar do servidor o livro sob qualquer pretexto são de fato opções reais. Mas a mais dolorida e ilusória é a de fazer uma capa ruim, com imagens ruins e apresentações ruins, geralmente fruto de amadorismo e desleixo.

É preciso saber o valor das orelhas e seus textos, da lombada, da primeira capa, o que não é nada misterioso. Se o conteúdo do livro não é lá essas coisas, algo comum para o primeiro livro de qualquer autor, um bom projeto editorial começa, primeiramente, pelo conceito da capa, o que pode operar milagres fazendo o texto chegar aonde jamais se pensou que poderia chegar.

[08/12/2015 14:28:11]