FNDE atrasa pagamentos de didáticos
PublishNews, Leonardo Neto, 16/11/2015
Atraso é de R$ 468 milhões segundo Abrelivros

Mário Ghio, vice-presidente da Abrelivos:
Mário Ghio, vice-presidente da Abrelivos:
Em 2015, os programas de compras de livros pelo governo federal viveram um turbilhão de grandes emoções. Incertezas e atrasos marcaram a relação entre Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelas compras, e as editoras. A notícia agora é que os pagamentos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) estão atrasados. De acordo com a Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), o atraso chega a R$ 468 milhões referentes à reposição de exemplares negociados em anos anteriores e ao PNLD Campo, negociados em julho. Nessa conta não entram as negociações de compras do PNLD tradicional iniciadas no final de setembro. “O FNDE diz que está empenhado em conseguir os recursos, mas não consegue nos dar um cronograma. Ainda se tivéssemos um cronograma, tentaríamos nos ajustar”, disse ao PublishNews, Mário Ghio, vice-presidente da Abrelivros. “Estamos muito preocupados, todo o fôlego que a indústria tinha acabou. A pressão em cima do setor é inimaginável”, completou.

Ainda de acordo com Ghio, o governo evita falar em atraso na entrega dos livros, mas isso pode acontecer. “Associados estão com muitas dificuldades e já pediram a postergação do prazo”, disse. Em nota, o FNDE disse que "a entrega dos livros pelas editoras ocorre em três etapas. A primeira e a segunda ocorreram normalmente e a terceira está em andamento. As entregas estão sendo monitoradas e ocorrem dentro da normalidade, com previsão de encerramento no dia 18 de dezembro". Ainda de acordo com o FNDE, as aquisições correspondem a 120.810.759 livros, dos quais 20.565.668 ainda não foram entregues.

PNBE
Outro programa do governo federal que sofreu grandes emoções em 2015 foi o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), dado como suspenso e depois reavivado pelo FNDE. Depois de fazer cálculos, a equipe do FNDE percebeu que havia uma sobra de orçamento do PNLD e que isso poderia ser utilizado na compra do PNBE Temático negociado em 2014. “É louvável que aproveitem o excedente do PNLD para realizar o PNBE, mas eles precisam pagar”, disse Ghio. A proposta do FNDE aos editores é que os livros fossem vendidos ao mesmo preço negociado no final do ano passado, mas, apesar do aceno positivo, editores ouvidos pelo PublishNews disseram enfrentar dificuldades com o PNBE também. "Depois de nos obrigar a orçar impressão, cotar, reservar papel, eles nos informaram que há a intenção, mas não há previsão. Foi trabalho jogado fora e tempo às traças. Isso sem contar o prejuízo de ter que vender agora ao preço orçado em fins de 2014. A perda é sensível depois do aumento do papel e de todos os insumos atrelados ao dólar", desabafou Marcos Marcionilo, sócio-proprietário da Parábola Editorial. Dentro do cronograma inicial do PNBE, o prazo para envio dos livros começa hoje.

[16/11/2015 11:06:04]