As crianças e o universo multidimensional do livro
PublishNews, Antonio Rios*, 30/10/2015
Antonio Rios, presidente da FTD e da Abrelivros, presta homenagem aos 80 anos de Mauricio de Sousa

Maurício de Sousa, antológico escritor de histórias em quadrinhos, merece todas as homenagens que está recebendo em 2015 pelos seus 80 anos. Desde que começou a produzir seus gibis e, depois, livros, ele influenciou de modo muito positivo a vida de milhões de brasileiros. A grande maioria daqueles que, quando crianças, vivenciaram suas histórias sentiu-se parte da Turma da Mônica, aprendeu a interagir com a menina inteligente e impetuosa, Cebolinha, Cascão, Magali e companhia e, com eles, interessou-se pela leitura.

Nada há de mais eficaz para transformar a vida das pessoas do que o conhecimento, que tem nos livros a sua maior mídia. Daí, a importância de se despertar desde a infância o gosto pela leitura, fator que evidencia o mérito de Maurício de Sousa e tantos outros escritores dedicados à literatura e aos quadrinhos dirigidos ao público infantojuvenil. Além de contribuir para que as crianças tornem-se leitores perenes, os livros exercem influência na sua formação cognitiva. Recorrendo a conteúdos acadêmicos, encontrei quatro depoimentos interessantes sobre o tema.

Marisa Lajolo, escritora, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo e pós-doutorada pela Brown University (EUA), observa o seguinte: “A leitura na infância contribui muito para o desenvolvimento do pensamento, linguagem, percepção, memória, raciocínio e criatividade. Portanto, crianças leitoras também tendem a obter melhor desempenho escolar e boa formação intelectual”.

Ilan Brenman, escritor e doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, diz que o hábito da leitura na infância ajuda a despertar o senso crítico, além de auxiliar no aprendizado. “A base do pensamento é a linguagem, e a literatura fornece à criança alimentos primordiais para seu desenvolvimento: palavras significantes e imaginação”.

Flávia Côrtes, escritora e especialista em literatura infantil e juvenil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, salienta que a criança adquire mais facilmente o conhecimento, além de se comunicar melhor. “A leitura em geral faz o indivíduo crescer, experimentar mundos novos, sensações e sentimentos”.

Lia Cupertino Duarte, doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, enfatiza que “a leitura de literatura infantil, mesmo para não alfabetizados, é um caminho que leva a pessoa a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos. E isso ocorre de maneira prazerosa e significativa”.

Percebe-se que para as crianças, cujo pensamento é indomado e não tem os mesmos limites impostos pela maturidade, os livros representam um infinito universo multidimensional: ensinam, educam, estimulam a criatividade, entretêm, emocionam, divertem e permitem vivenciar experiências como se fossem reais. Por isso, são importantes os autores que, como Maurício de Sousa, escrevem para esse público tão especial.


*Antonio Rios, economista, é o diretor-superintendente da FTD Educação e presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros)

[30/10/2015 10:34:04]