Conheça o trabalho do Centro Cultural Brasileiro em Frankfurt
PublishNews, Judith Schleyer, 14/10/2015
Mesmo com baixo orçamento e sem patrocínio, projeto do CCBF realizou mais de 30 eventos com autores brasileiros na cidade alemã

Como noticiado ontem pelo PublishNews, a Feira de Frankfurt deste ano terá uma participação brasileira consideravelmente menor se comparada aos últimos anos. Com o apoio do Ministério da Cultura e da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), André Sant’anna, Márcio Souza e Maurício Negro representarão o Brasil no maior evento editorial do mundo, que acontece entre hoje (14) e o próximo domingo (18). Contudo, graças ao projeto BrasiLesen do Centro Cultural Brasileiro em Frankfurt (CCBF), à própria feira e ao apoio financeiro do governo alemão, a programação oficial do evento contará com mais três escritores e dois tradutores brasileiros: Noemi Jaffe, Fernando Bonassi, Ricardo Lisias, Luis Krausz e Kristina Michahelles.

O BrasiLesen, que todos os anos convida escritores brasileiros para apresentar suas obras na Alemanha, realizou desde 2011 mais de 30 eventos com autores em Frankfurt e formou uma rede de difusão da literatura brasileira em outras cidades e países importantes, como Munique, Colônia, Berlim, Áustria e Suíça. O objetivo do projeto é apresentar aos falantes da língua alemã tanto autores já traduzidos para o alemão, quanto novas propostas e nomes a serem descobertos.

Nos encontros do BrasiLesen, que ocorrem em bibliotecas, livrarias e em instituições dedicadas à literatura, a casa sempre está cheia e o público, que engloba também editores e agentes literários alemães, mostra-se ávido por conhecer os autores brasileiros. Não por acaso, grandes nomes como Luiz Ruffato, João Paulo Cuenca e Beatriz Bracher estreitaram seus vínculos com a Alemanha e editores locais após suas participações nos encontros promovidos pelo projeto.

As ações do BrasiLesen para 2016, contudo, permanecem incertas devido à falta de patrocínio. Ao longo dos anos, o projeto já recebeu apoio do Itamaraty, de empresas como TAM e TAP e também a ajuda indireta da FBN, através dos programas que custeiam parte das viagens de leituras dos autores brasileiros. Mas em 2014 e 2015 o apoio financeiro ao BrasiLesen, necessário para o pagamento do hotel dos autores e cachês, praticamente não existiu, dificultando o planejamento dos eventos com antecedência e regularidade.

Da parte do CCBF, o trabalho é totalmente voluntário e fruto de uma equipe enxuta e especializada de que faço parte ao lado de Carlos Frederico Schaffgotsch, diretor do CCBF, e do tradutor e moderador Michael Kegler. O BrasiLesen é a demonstração de que, ao lado de grandes ações culturais, como o programa de Bolsas de Tradução da FBN e a homenagem ao Brasil na Feira de Frankfurt de 2013, é possível projetar a produção literária brasileira na Alemanha com uma ação de menor porte e baixos custos, porém sustentável. Esse modelo de entrelaçar o público leitor local, a comunidade brasileira e os atuantes do mercado pode ser um êxito também em outros centros, se a infraestrutura no Brasil se adequar em todos os níveis a uma promoção desse tipo.

Não é só patrocínio que o BrasiLesen busca, como também mais proximidade com editores brasileiros. Eles podem dar sua colaboração informando com antecedência sobre viagens internacionais de seus autores e articulando eventos com o projeto. Sobretudo que em Frankfurt há outros apoiadores como Nicole Witt, a principal agente para autores brasileiros na Alemanha, e a livraria TFM, especializada em publicações em português. Acrescente-se aqui a poderosa organização da Feira de Frankfurt, que simpatiza com toda iniciativa para celebrar a literatura de países como o Brasil. Sua subsidiária Litprom promove prêmios e fornece apoios consideráveis para fortalecer a presença de países da África, Ásia e América Latina no evento anual. O reconhecimento do projeto BrasiLesen aqui é integral. Os apoios que já acontecem podem se multiplicar, se novas propostas se concretizarem.

Além dos encontros que acontecerão esta semana em Frankfurt, o BrasiLesen fechará o ano de 2015 tendo feito eventos com Ricardo Domeneck, Carola Saavedra, Beatriz Bracher e Eliane Brum (em novembro). O BrasiLesen já tem uma equipe especializada, um público interessado e uma rede de colaboradores espalhada pela Alemanha. Agora precisamos também do apoio da comunidade editorial, das empresas e das pessoas físicas dispostas a apoiar o projeto e nos ajudar a dar uma contribuição cada vez maior à literatura do Brasil.


*Paulistana radicada em Frankfurt, Judith Schleyer é bibliotecária e atua diretamente no Centro Cultural Brasileiro (CCBF) em Frankfurt. Neste artigo, Judith contou com a ajuda de Carlos Frederico Schaffgotsch, diretor do CCBF e da ex-editora do PublishNews Roberta Campasi. Para entrar em contato com a Judith e apoiar os projetos do CCBF, envie e-mail para jschleyer@ccbf.info.

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[14/10/2015 05:48:12]